A tradição política dos EUA sempre rejeitou o governo de um só homem, mas Trump governa por decreto, enviando tropas, impondo tarifas e intimidando adversários. Apesar da rejeição da maioria dos americanos, ele avança rapidamente, antes que instituições como a Suprema Corte possam reagir. O Partido Republicano o apoia quase incondicionalmente, transformando debates em disputas sobre o “verdadeiro significado” de suas palavras. Instituições independentes poderiam freá-lo, mas a competição entre elas dificulta a coordenação. Trump usa vingança e intimidação: críticos perdem cargos, enfrentam investigações ou represálias políticas. Diante disso, a oposição recai sobre os democratas, que se mostram desorganizados e divididos. Eles não sabem se devem radicalizar a linguagem, buscar o centro ou apostar na autenticidade. A base democrata se frustra, pois Trump é impopular, mas ainda mais popular que o próprio partido. No curto prazo, as eleições de meio de mandato podem impor limites, embora o gerrymandering reduza distritos competitivos. Uma Câmara democrata teria poder de fiscalização crucial contra abusos do Executivo. No longo prazo, porém, a marca democrata está enfraquecida.
Apesar de maior confiança em saúde, meio ambiente e democracia, perdem terreno em crime e imigração. Na eleição de 2024, Kamala Harris foi vista como mais extrema que Trump, prejudicando a legenda. A demografia também não favorece: republicanos crescem entre jovens e eleitores não brancos, enquanto democratas perdem a classe trabalhadora branca. Com apenas 40% dos adultos com diploma universitário, o apelo progressista tem alcance limitado. Os democratas ainda subestimam a habilidade de Trump em armar armadilhas políticas. Questões como cortes na ajuda externa, envio de tropas ou ataques a traficantes expõem dilemas difíceis. Ao denunciar abusos de poder, os democratas parecem apoiar criminosos ou gangues. O partido precisa responder por que muitos eleitores os veem como extremistas. Essa reflexão é central para enfrentar o risco de um governo cada vez mais personalista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário