O STF terá hoje, às 16 horas, novo comandante. As posses de Edson Fachin, juntamente com o ministro Alexandre de Moraes, na vice-presidência, marcam o fim da gestão de Luís Roberto Barroso, que presidiu a corte em meio a tensões políticas. Em balanço, Barroso defendeu o protagonismo do STF, criticou a PEC da Blindagem e classificou o julgamento da trama golpista como o fim de um "ciclo de atraso". Reconheceu, porém, não ter alcançado a pacificação nacional. Fachin assume um tribunal pressionado e com divisões internas. Dados da Palver, que monitora mais de 100 mil grupos de WhatsApp e Telegram, mostram como a disputa de narrativas se estrutura contra o STF. Nos últimos 30 dias, 62% das mensagens analisadas foram contrárias, 14% favoráveis e 24% neutras. Os ataques giram em torno de “impeachment de ministros”, “censura” e “ativismo judicial”. O julgamento de Jair Bolsonaro intensificou o escrutínio. Bolsonaristas tentaram descredibilizar ministros, usando punições externas como cancelamento de vistos e a Lei Magnitsky.
Barroso também foi alvo preferencial: 68% das menções foram negativas, com memes e acusações de parcialidade. O pico ocorreu no dia em que teve o visto cancelado. Sobre Fachin, o tom é mais equilibrado: 41% neutras, 33% contrárias e 26% favoráveis. Sua posse destaca a trajetória acadêmica e o perfil técnico, embora críticas apontem ligação com o PT e decisões polêmicas sobre Lava Jato, marco temporal e homotransfobia. Se Barroso e o STF já são alvos estabelecidos, Fachin ainda gera expectativa. O perfil técnico lhe confere credibilidade inicial, mas os desafios não são triviais. O primeiro é lidar com a sequência de julgamentos da trama golpista e a possível anistia aos condenados, decisão de grande impacto democrático. O segundo é a relação com o Legislativo, equilibrando firmeza e pacificação. O terceiro é a comunicação institucional: apesar de avanços, o STF ainda fala para um público restrito.
O sucesso de Fachin dependerá de construir coesão interna, restaurar confiança social e reforçar a imagem do STF como guardião da Constituição.
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