A Primeira Emenda da Constituição dos EUA garante liberdade religiosa, de expressão, de imprensa e de reunião. Essa base democrática, em vigor há 234 anos, foi colocada à prova pelo presidente Donald Trump após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, cofundador do movimento republicano Turning Point USA. Trump assinou ordem executiva classificando os Antifa como terroristas, ameaçou cassar concessões de emissoras “contra ele” e processou o New York Times em US$ 15 bilhões, ação rejeitada pela Justiça. Já havia tentado processar o Wall Street Journal por US$ 10 bilhões. Após o atentado contra Kirk, celebrou a suspensão do programa do humorista Jimmy Kimmel, acusado de explorar politicamente a morte do ativista. No funeral de Kirk, em Glendale, Trump, o vice J.D. Vance e secretários de Estado e de Guerra discursaram diante de 100 mil pessoas. O presidente chamou Kirk de “grande homem” e disse esperar um dia “muito duro”. Democratas anunciaram projeto para reforçar a liberdade de expressão. O senador Chris Murphy criticou a sanção a Kimmel como censura.
Trump também atacou universidades como Harvard e Columbia, acusando-as de difundir pensamento antissemita e ideologia “woke”. Em coletivas, responde a jornalistas com ofensas. Aaron Terr, da ONG FIRE, disse que o governo usa a tragédia para intensificar ataques à liberdade de expressão, afetando mídia, universidades, advocacia e até comediantes. O historiador Allan Lichtman classificou as ações como “ataque sem precedentes” à Primeira Emenda, comparando-as a medidas de regimes autoritários. Rebecca Tushnet, professora de Harvard, afirmou que Trump governa como autoritário e prepara terreno para evitar transferência pacífica de poder. Para especialistas, cresce a ameaça de um “autoritarismo competitivo” nos EUA, em que eleições existem, mas a oposição enfrenta barreiras quase intransponíveis.
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