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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

BOICOTE A ISRAEL

Músicos, atores e escritores de países ocidentais intensificam pedidos de boicote a Israel pela guerra em Gaza, inspirados no movimento contra o apartheid na África do Sul. Enquanto governos evitam sanções econômicas a um aliado estratégico, celebridades do mundo cultural pressionam por medidas. O ator britânico Khalid Abdalla, de O Caçador de Pipas e The Crown, é um dos signatários da carta da "Film Workers for Palestine", apoiada por nomes como Javier Bardem, Emma Stone, Joaquin Phoenix e Gael García Bernal. No documento, divulgado pelo The Guardian, eles prometem romper com instituições israelenses “envolvidas no genocídio” em Gaza. A guerra também foi lembrada no Emmy e no Festival de Veneza. O grupo Massive Attack aderiu ao boicote, pedindo ao Spotify para bloquear suas músicas em Israel. Há risco de exclusão de Israel do Eurovision e de competições esportivas, apoiada pelo premiê espanhol Pedro Sánchez. Para o professor sueco Hakan Thorn, a mobilização lembra o boicote antiapartheid. Esse movimento surgiu nos anos 1960 após o massacre de Sharpeville, quando artistas e atletas recusaram visitas à África do Sul. Os que não aderiram, como Queen e Frank Sinatra, sofreram críticas. Segundo Thorn, a memória do Holocausto e as acusações de antissemitismo frearam protestos sobre Gaza. 

Mas imagens de fome no território mudaram o cenário em 2024. Israel costuma reagir acusando boicotadores de antissemitismo, o que gera desconfiança. Netanyahu os chama de “simpatizantes do Hamas”. David Feldman, da Universidade de Londres, considera equivocado ligar boicote a antissemitismo. Para ele, trata-se de protesto contra a destruição em Gaza. O exemplo do apartheid mostra limites: o regime caiu apenas após três décadas de isolamento econômico. Feldman destaca que só o boicote não bastou, sendo decisivo o abandono de empresas e o fim da Guerra Fria. Em Israel, artistas temem sofrer mais do que ajudar. O cineasta Hagai Levi disse que 90% da comunidade artística é contra a guerra. “Mas o boicote está enfraquecendo essas pessoas”, afirmou. 

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