Quarenta e três vencedores do Nobel divulgaram ontem, 22, uma carta em defesa da democracia, do multilateralismo e da liberdade acadêmica, de expressão e de imprensa, diante da escalada autoritária do governo Trump. Na carta, apoiam a cúpula Democracia Sempre, idealizada por Brasil e Espanha, que debate extremismo, desigualdade e desinformação. Entre os signatários estão Maria Ressa, Joseph Stiglitz, Oscar Arias, Shirin Ebadi, Wole Soyinka, J. M. Coetzee, Annie Ernaux e Daron Acemoglu. Elogiaram o compromisso da iniciativa com a razão, a paz e o respeito ao direito internacional. O grupo teve seu primeiro encontro na ONU em 2023, liderado por Lula e Pedro Sánchez. Neste ano, EUA não foram convidados, ao contrário de Alemanha, Canadá, França, México, Noruega, Quênia, Senegal e Timor Leste. Segundo o governo brasileiro, não havia condições de convidar um país cujo governo ataca a democracia. “Vivemos tempos sombrios, com a liberdade acadêmica e de imprensa sob ataque”, disse Stiglitz. Para ele, a cúpula é essencial no combate à desigualdade e na defesa da informação de qualidade. Os laureados ressaltaram a importância da liberdade de imprensa e expressão, sem citar governos.
Trump cortou recursos de universidades, deportou estudantes e processou veículos críticos. Programas de Stephen Colbert e Jimmy Kimmel foram cancelados após pressões. A carta denuncia o efeito inibidor contra a imprensa, acadêmicos e jornalistas processados. Também alerta para a amplificação da desinformação pelas big techs e pela IA generativa. Trump assinou decreto proibindo o combate à desinformação, que chama de censura. Ele também rejeita a regulação das plataformas e ameaça países que a adotam. Maria Ressa afirmou que o Sul Global lidera uma resposta multilateral crucial. Disse que a integridade da informação é “a mãe de todas as batalhas”. E concluiu que desinformação e tecnologia podem matar a democracia.
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