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sábado, 6 de setembro de 2025

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Marcos Augusto Gonçalves

Editor da Ilustríssima, formado em administração de empresas com mestrado em comunicação pela UFRJ. Foi editor de Opinião da Folha

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Marcos Augusto Gonçalves
Descrição de chapéuELEIÇÕES 2026  GOVERNO TARCÍSIO

Tarcísio sai do armário e se entrega à política golpista

Na tentativa de se cacifar na extrema direita, governador de São Paulo acaba com a fantasia de 'bolsonarista moderado'

Se restava alguma dúvida, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem dado renovadas demonstrações de seu alinhamento à extrema direita, juntando-se à ralé ideológica e moral bolsonarista, com direito ao que há de mais abjeto no centrão.

Nos últimos dias, em busca de se cacifar com os radicais, tendo em vista a ausência de Bolsonaro em 2026, o governador saiu do armário e rasgou a fantasia de que seria um improvável "bolsonarista moderado". No afã de agradar os seguidores de seu demiurgo, Tarcísio não tem feito por menos: declarou que, se eleito presidente, seu primeiro ato de governo (atenção, o primeiro!) será conceder indulto ao capitão golpista; afirmou também, em declaração alarmante, que não confia na Justiça brasileira (o que lhe valeu até um vexatório sabão em editorial do vetusto jornal O Estado de S. Paulo); engajou-se, ainda, na aventura de aprovar no Congresso um golpe contra a Justiça e a Constituição com a proposta delirante de uma "anistia ampla, geral e irrestrita".

Note-se que o mandatário já havia feito o papel ridículo de posar em suas redes sociais com o boné de Donald Trump; a seguir, em novo sinal de subordinação, rastejou diante do presidente dos EUA, em apoio às sanções tarifárias impostas ao Brasil.

Tarcísio conta com as indisfarçáveis simpatias de setores majoritários do mercado e do empresariado, com as suas correspondentes redes e câmaras de eco na opinião pública. São segmentos influentes que, em seu desespero para impedir novo mandato de Lula, topam tudo —o lixo golpista— por dinheiro. No caso, privatizações e corte de despesas sociais, com o objetivo de consumar um projeto de ajuste fiscal custeado pelos mais pobres.

O governante, como se sabe, não tem experiência política digna de nota e mal conhecia o estado. Foi um poste indicado por Jair Bolsonaro para pegar os paulistas. No governo, enfrenta dificuldades na segurança pública, que registra, entre outros problemas, uma disparada de mortes provocadas por policiais.

É também acossado por um escândalo de corrupção de grandes proporções na Fazenda estadual, e tem patinado na área educacional, com resultados medianos e a obsessão de instalar escolas cívico-militares como referência. Quanto a isso, aliás, o mandatário viu há pouco o TCE frustrar suas tentativas de usar verbas da Educação para pagamento de policiais militares, o que caracteriza desvio de finalidade. A fiscalização também apontou a inexistência de estudos prévios de impacto orçamentário e financeiro.

Não obstante a performance duvidosa, Tarcísio conta com alguma boa vontade de setores da população, embora mais da metade considere seu governo regular, ruim ou péssimo. Na fotografia atual, segundo o Datafolha, o governador perderia para Lula na disputa presidencial e empataria com Geraldo Alckmin no estado.

Errático, o personagem joga com dissimulações. Ora insinua que será postulante ao Planalto, ora que tentará de novo o Bandeirantes. Apesar da crescente movimentação do centrão para que se lance na campanha nacional, as incertezas no horizonte não são pequenas. Tarcísio corre o risco, em cenário periclitante, de perder a corrida presidencial e ver um adversário triunfar em São Paulo. Já pensou? 

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