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sábado, 5 de julho de 2025

RADAR JUDICIAL

PLANO DE SAÚDE APÓS 25 ANOS

A 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que uma operadora deverá manter plano de saúde de dois filhos como dependentes no contrato celebrado pelo pai, após 25 anos de vínculo ininterrupto. Isso ocorreu porque a empresa não exigiu comprovação de dependência econômica e gerou expectativa legitima de permanência, cenário no qual "o exercício tardio de um direito viola a confiança consolidada entre as partes". Os filhos foram incluídos como dependentes no plano de saúde do pai em 1998 e desde então nunca a operadora pediu comprovação de dependência econômica. Em 2023, a empresa notificou o titular de que os filhos deveriam apresentar documentos de dependência financeira, sob pena de exclusão do contrato. Nessa situação, os beneficiários ingressaram com ação pedindo a manutenção dos filhos no plano, alegando que no contrato não há exigência dessa comprovação e os filhos permanecem como dependentes há 25 anos sem nenhuma objeção da operadora. O juízo de 1º grau determinou a manutenção apenas da cônjuge e autorizou a exclusão dos filhos. No recurso, a relatora, desembargadora Hertha Helena de Olivera, assegurou que a "conduta omissiva por parte da empresa gerou nos beneficiários a legítima expectativa de manutenção contratual". No caso, foi aplicado o instituto da supressio e invocado o disposto nos arts. 47 e 51, IV do CDC. Assim, foi dando provimento ao recurso.  

JUIZ MANDA CANCELAR PASSAPORTE

O juiz José Carlos de França Carvalho Neto, da 1ª Vara Cível do Foro Regional da Lapa, em São Paulo, decidiu pela apreensão e cancelamento do passaporte de um homem envolvido em golpe milionário em investidores. O réu responde a ação de execução e tem "ocultado patrimônio e deixou o país, em agosto de 2023, sem qualquer registro de retorno. A Polícia Federal também confirmou a ausência de movimentação recente do acusado em território nacional". Os credores requereram bloqueio do passaporte, alegando que não obtiveram êxito no pedido pelo sistema SISBAJUD, e que o devedor oculta ativos financeiros para não pagar a dívida. Os credores invocaram decisão da 3ª Turma do STJ, quando a ministra Nanct Andrighi escreveu no voto que a "apreensão do passaporte é medida executiva indireta excepcional". A Polícia Federal informou que o devedor não tem passaporte emitido no Brasil, mas o Itamaraty informou que ele possui passaporte originado da embaixada brasileira na Geórgia.   

TRIBUNAL FIXA 40 TESES JURÍDICAS

O Tribunal Superior do Trabalho, em sessão virtual, estabeleceu 40 teses jurídicas, reafirmando jurisprudência pacificadas pelos órgãos julgadores. O ministro presidente Aloysio Corrêa da Veiga, no encerramento do semestre, frisou sobre a missão constitucional uniformizada da corte. Esclareceu acerca do desestímulo à recorribilidade com precedentes vinculantes, principalmente, quando se sabe dos quase 500 mil recursos recebidos, dos quais 366 mil de casos novos e 134 recursos internos. Dentre as 40 teses, enuncia-se abaixo três: 

"IRR 163 - A garantia de emprego da gestante, prevista no artigo 10, II, "b", do ADCT/CF, é cabível no contrato de experiência, modalidade de contrato por prazo determinado;

IRR 168 - O reconhecimento do vínculo de emprego em juízo não obsta a aplicação da multa prevista no artigo 477, §8º, da CLT, salvo quando o empregado comprovadamente der causa à mora;

IRR 171 - É devido o pagamento do adicional de insalubridade, em grau máximo, ao trabalhador que exerce a atividade de varrição de logradouro público e tem contato permanente com o lixo urbano, nos termos do Anexo 14, da NR 15".

PROFESSOR É REINTEGRADO

Um professor de Biologia da Secretaria de Estado de Educação de Goiás foi exonerado, porque "não teria cumprido os requisitos do edital no que se refere à formação acadêmica". O professor é graduado em Odontologia e apresentou certificado de formação em Biologia; ademais, ele foi aprovado em concurso público para o cargo de professor nível III de biologia e apresentou diploma de Odontologia, certificando a formação pedagógica. Depois de assumir o cargo, abriu-se processo administrativo que terminou por anular a posse e sua exoneração, porque o curso pedagógico realizado não seria válido para provimento efetivo. A juíza Cibelle Karoline Pacheco, da Vara da Fazendo Púbico Estadual de Catalão/GO, reconheceu direito do professor e determinou sua reintegração no cargo. Escreveu a magistrada na sentença: "Ao concluir o referido programa, essas pessoas recebem um certificado e um registro profissional que têm o mesmo valor de uma licenciatura plena, ou seja, elas ficam habilitadas a dar aulas na educação básica, assim como quem cursou uma licenciatura regular".    

PRESIDENTE PEDE DEMISSÃO

O presidente dos correios, Fabiano Silva, pediu demissão do cargo, ontem, 4. A empresa registrou prejuízo de R$ 1,7 bilhão somente no primeiro trimestre deste ano, tornando-se a pior situação entre as estatais. Com tudo isso, o União Brasil reclama a direção do órgão e o partido já comanda o ministério das Comunicações.   

Santana/Ba, 5 de julho de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados



SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…"

 
SALVAR ARTIGOS

Hélio Schwartsman

 

Foi bonita a festa, pá

Magistrados brasileiros precisam reconhecer que viagens internacionais patrocinadas constituem problema ético

SÃO PAULO

Mais um ano, mais uma edição do Fórum Jurídico de Lisboa, o Gilmarpalooza, que junta na capital portuguesa juízes de cortes superiores brasileiras, políticos, advogados e empresários.

Vale registrar que o evento lisboeta, promovido por uma instituição de ensino de Brasília da qual o ministro Gilmar Mendes é sócio, é só um dos cada vez mais numerosos seminários internacionais que colocam magistrados brasileiros em convivência festiva com partes em processos.

Pode isso? Apenas insinuar que existe um problema ético nesses encontros deixa nossos valorosos juízes indignados. São múltiplas as linhas de defesa. Alguns dirão que não vão ao exterior para passear, mas para trabalhar. Outros lembrarão que o bom juiz é o que conversa com todos os setores da sociedade.

Qualquer que seja o argumento positivo usado para justificar a participação, eles rejeitam com veemência a sugestão de que possam estar "se vendendo" para os patrocinadores dessas viagens, cujos nomes muitas vezes são mantidos sob um manto de opacidade.

Não duvido que nossos juízes achem genuinamente que não trocam sua integridade por alguns dias de boca-livre. O problema é que o cérebro humano é menos rígido do que a consciência de magistrados.

A literatura psicológica ensina que viagens, refeições e até brindes de valor irrisório predispõem as pessoas em favor de quem dá o presente, mesmo que os regalados não se deem conta desse efeito.

Foram os médicos que nos ensinaram isso. Eles trabalham com prescrições, um material mais fácil de contar e controlar do que decisões judiciais. Numa metanálise clássica de 2000 que sempre cito, Ashley Wazana mostrou que pagar uma viagem para um profissional de saúde aumentava entre 4,5 e 10 vezes a probabilidade de ele receitar as drogas produzidas pela empresa patrocinadora.

Os médicos ao menos reconheceram que a influência de laboratórios é um problema e começaram a desenhar regras para tentar reduzi-la. A Justiça brasileira nem sequer reconhece que há aí uma questão ética.

TRUMP PERDOOU 600 CONDENADOS PELA INVASÃO DO CAPITÓLIO

O presidente Donald Trump perdoou 600 pessoas condenadas e 1500 processadas pela invasão do Capitólio, visando impedir a certificação pelo Congresso da vitória de Joe Biden, na eleição presidencial de 2020. Edward Kelley, seguidor de Donald Trump, foi um dos invasores, condenado, na quarta-feria, 2, à prisão perpétua, pelo ataque de 6 de janeiro de 2021, por conspirar para matar agentes do FBI que o investigavam, segundo o Departamento de Justiça. Os promotores asseguraram que Kelley, juntamente com outro comparsa, "planejou atacar o escritório regional do FBI, em Knowville, no Tenneesse, usando carros-bomba e dispositivos incendiários acoplados a drones". O criminoso discutia planos para "destruir o escritório deles", se fosse preso, de conformidade com gravação e comunicado do Departamento de Justiça.   

O Departamento de Justiça informa que Kelley elaborou "lista de alvos" de agentes federais, além de "discutir o assassinato de funcionários do FBI em suas casas ou em espaços públicos". O companheiro de Kelley, corréu, Augustin Carter, admitiu sua culpa e será sentenciado em agosto. Kelley busca ser incluído na lista de perdoados por Donald Trump, mas o próprio Departamento de Justiça, neste segundo mandato de Trump, não aceitou o perdão e, posteriormente, outro juiz manifestou contrário ao argumento, mantendo a condenação. 

 

RÚSSIA LANÇA 539 DRONES E MÍSSEIS


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A Rússia lançou, ontem, 539 drones e 11 bombardeios com mísseis contra Kiev. Na véspera, o presidente Donald Trump teve conversa de uma hora por telefone com Vladimir Putin, mas mostrou-se decepcionado, porque não conseguiu meios para evitar a continuidade da guerra, iniciada há três anos. O presidente russo assegurou que "não abrirá mão de seus objetivos na Ucrânia". Segundo o governo ucraniano, o ataque causou ferimento em 23 pessoas e atingiu diversos prédios em Kiev. As famílias deixaram suas casas e buscaram proteção nas estações de metrô subterrâneas. Porta-voz militar da Força Aérea da Ucrânia classificou o bombardeio como o maior ataque desde o início da guerra. O presidente Volodymir Zelensky mostrou-se decepcionado pela dificuldade que encontra para acabar com a guerra. Zelensky informou que 23 pessoas ficaram feridas. 

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andri Sibiga, declarou que "Putin está mostrando claramente sua absoluta falta de consideração pelos Estados Unidos e por qualquer um que peça o fim da guerra". Kiev lamenta a suspensão de armamentos do governo americano. Por seu lado, a Ucrânia aumentou os ataques com drones na Rússia, onde uma mulher morreu em um prédio residencial, segundo contou o governador interino da região. 

 

JUÍZES SECRETOS

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A primeira Vara Estadual contra organizações criminosas e facções em Santa Catarina terá na sua composição juízes secretos. O lançamento dessa inovação deu-se nesta semana e contará com tecnologia inédita, consistente em distorcer o rosto e a voz dos cinco magistrados que atuarão nas audiências. O Tribunal de Justiça usará plataforma criada pela Microsoft, responsável pela distorção, a identidade de quem presidir as audiências, todas virtuais. Os participantes do julgamento não terão como identificar o gênero e as características pessoais dos magistrados. O reconhecimento facial de testemunhas é outra inovação instalada pela nova tecnologia. Haverá transcrição literal da audiência, por meio de inteligência artificial do novo sistema que gravará todas as ocorrências.   

A nova vara estadual, com competência para demandas de todo o estado, conta com os cinco juízes, 35 servidores e servidoras e terá ajuda das policiais Civil e Militar; a sede será em Florianópolis, sem competência para julgar processo do júri, envolvendo violência doméstica e do juizado especial criminal. Na pauta já estão 2.087 processos, dos quais 1.841 em andamento e 246 suspensos. O desembargador Luiz Antônio Zanini Fornerolli, da Corregedoria-geral da Justiça explicou: "Trabalhamos basicamente com quatro vetores nesta vara, que funcionam como catalisadores. Eficiência, que é o resultado da prestação judicial. Celeridade, porque o Judiciário é responsável por dar uma pronta resposta técnica à sociedade, de acordo com a legislação. Segurança jurídica, para que nós tenhamos uma cultura de decisões a respeito das organizações criminosas. E segurança dos operadores que vão trabalhar nessa unidade jurisdicional".    



MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 5/7/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Hamas diz ter aceitado proposta para cessar-fogo em Gaza: "Começar imediatamente"

Em comunicado divulgado para imprensa local, o grupo disse que "entregou a resposta aos mediadores, e ela é positiva"

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Demissão de Reis por Bacellar empareda Castro e estremece projeto político do grupo 

Interlocutores de Bolsonaro avaliam que ex-presidente deixará definição de apoio para ano que vem

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Palmeiras tem luta por título mundial mais uma vez interrompida pelo Chelsea

Equipe alviverde leva gol contra no fim do jogo e dá adeus à Copa do Mundo de Clubes

TRIBUNA DA BAHIA -SALVADOR/BA

Rússia faz maior bombardeio da guerra 
na Ucrânia, um dia após ligação Putin-Trump

Segundo o governo da Ucrânia, forças russas lançaram 539 ataques 
por drones e 11 bombardeios com mísseis contra Kiev

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Lei acaba com atenuantes para crimes 
sexuais contra mulheres

Redução do prazo prescricional também fica extinta

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT  

Entenda os próximos passos da votação sobre a Lei da Nacionalidade e as restrições na entrada de imigrantes

Votação desta sexta-feira é considerada pelo Governo como uma vitória.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

FLUMINENSE GARANTE PARTICIPAÇÃO NA SEMIFINAL

O Fluminense, do Rio de Janeiro, acabou de vencer o Al-Hilal, pelo placar de 2 x1, e está garantido na semifinal da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. O primeiro gol foi de Martinelli, aos 39 minutos, do primeiro tempo; no início da segunda etapa, aos 5 minutos, Marcos Leonardo fez o gol de empate; na sequência, aos 24 minutos Hércules sai do banco para virar o placar, 2x1, e garantir a vitória do tricolor. O Fluminense já tem o título entre os quatro melhores clubes do mundo. O técnico Renato Gaúcho consegue o título, com a vitória sobre o time árabe, que eliminou o Manchester City. 

RADAR JUDICIAL


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ONU: 613 MORTES EM GAZA

A ONU informou hoje, 4, que foram registradas 613 mortes de palestinos que estavam em pontos de ajuda humanitária, administrados pela Fundação Humanitária de Gaza, FHG, apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, ou pertos de comboios humanitários, administrados por outros grupos, inclusive a ONU. A utilização de empresas privadas de segurança e logística dos Estados Unidos pela FHG é considerado pela ONU "não seguro" e causadora de "violação das regras de imparcialidade humanitária". Porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, assegurou para repórteres em Genebra: "Registramos 613 mortes, tanto em pontos da FHG quanto perto de comboios humanitários - esse é o número até 27 de junho deste então ... houve mais incidentes". A FHG nega que tenha havido mortes em seus locais de distribuição de alimentos, mas a realidade mostra que das 613 pessoas assassinadas, 509 foram perto dos pontos de distribuição da FHG. 

A FHG declarou, anteriormente, à Reuters, agência de notícias, que foram distribuídas mais de 52 milhões de refeições a palestinos, em cinco semanas e informou que outros grupos humanitários tiveram "quase toda a sua ajuda saqueada". Israel suspendeu o bloqueio de ajuda a Gaza, de 11 semanas, em 19 de maio. O porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Eri Kaneko, declarou que "Israel, como potência ocupante, é responsável pela ordem pública e pela segurança em Gaza. Isso deve incluir a entrada de muito mais suprimentos essenciais, através de várias passagens e rotas, para atender às necessidades humanitárias". As Forças Armadas israelenses reconheceram mortes de palestinos em centros de distribuição de ajuda em Gaza.   

ADVOGADO ISENTO DE CUSTAS

O juiz Marco Antônio Preis, da 1ª Vara Cível de Novo Hamburgo/RS, invocou a Lei 15.109/2025, para isentar advogados do pagamento de custas processuais nas execuções e nos cumprimentos de sentença, alterando sua própria decisão anterior. Escreveu o juiz: "Trata-se de norma de natureza processual, dotada de aplicabilidade imediata, devendo incidir nos processos em curso, inclusive na fase de cumprimento provisório de sentença, desde que não tenha havido o recolhimento das custas". Prossegue: "A norma confere tratamento específico para ações e execuções relacionadas a honorários advocatícios, atribuindo ao réu ou executado a responsabilidade pelo pagamento das custas ao final do processo, se tiver dado causa à demanda".   

MINISTRO SUSPENDE DECRETOS DO IOF

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, em liminar concedida hoje, 4, suspendeu os decretos referente à cobrança do IOF e as normas editadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o decreto legislativo aprovado pelo Congresso. O ministro designou audiência de conciliação para o dia 15, às 15h, com todos os envolvidos no caso, a fim de encontrar solução negociada sobre elevação das alíquotas do IOF. Tramitam no STF três ações sobre o mesmo assunto, ou seja, legalidade de decretos presidenciais, responsáveis pelo aumento do imposto.

SUSPENSA DECISÃO DO GOVERNADOR DE SÃO PAULO

As novas regras fixadas pelo governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visando punir os professores municipais, foram suspensas em liminar da juíza Patrícia Persicano Pires, da 16ª Vara da Fazenda Pública, publicada hoje, 4. Trata-se de ação popular movida pelos deputados estaduais Carlos Giannazi e Luciene Cavalcante. O decreto foi publicado no dia 28, prevendo demissão de educadores com contrato de trabalho temporário com mais que 5% de faltas injustificadas acerca da carga horária mensal. A medida causaria perda do direito de integrar o programa no ano seguinte, para os professores efetivos que atuam no Programa de Ensino Integral. Dos mais de 200 mil professores da rede estadual, o percentual de 52,6% têm contratos temporários. A magistrada determina que a Secretaria de Educação comunique a decisão aos diretores de ensino para que não apliquem as sanções até julgamento final da ação popular.   

JUROS COMPOSTOS

O ministro Moura Ribeiro, do STJ, não aceitou a cobrança de juros anuais em empréstimo da Casa dos Plásticos Votuporanga Eireli EPP junto ao Bradesco. O entendimento é de que "se a capitalização de juros compostos, mesmo que anual, não é estabelecida de comum acordo com o cliente, não pode ser praticada. A empresa obteve empréstimo no banco e foi cobrado taxa de juros anuais, sem previsão contratual, daí a busca do Judiciário para solucionar o problema. O juízo de primeiro grau e o Tribunal de Justiça de São Paulo julgaram improcedente a pretensão da empresa, mas em recurso especial foi dado provimento ao recurso, afastando os juros, mas rejeitando o pedido de indenização por danos morais. Escreveu o relator: "De fato, esta 2ª Seção, dando nova interpretação ao artigo 591 do Código Civil, consolidou o entendimento de que mesmo a capitalização anual deve ser pactuada de modo expresso para ser admitida".   

Santana/Ba, 4 de junho e 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Juíza negra da Suprema Corte dos EUA marca posição contra atropelo das balizas constitucionais

Ketanji Brown Jackson, 54, firma-se como voz dissonante na América trumpista e alerta para tempos desastrosos

"Disaster looms". Foi assim que a juíza negra Ketanji Brown Jackson, 54, formada e esculpida em Harvard e atualmente a mais nova integrante da Suprema Corte americana, anunciou: "O desastre se aproxima". Ela falou após a vitória de Donald Trump entre seus pares, em decisão que blinda decretos do chefe de governo. Quase no mesmo momento, o presidente da corte, o juiz John Roberts, de perfil moderado, informou a jornalistas: "Nada me prenderá a Washington neste verão". Sintomático.

As duas declarações vêm na sequência do veredicto, considerado um abalo sísmico no mundo jurídico dos Estados Unidos, bem no momento em que o tribunal entra em recesso. Vale lembrar: a decisão de 27 de junho, impedindo juízes de instâncias inferiores de bloquear, via liminares, decretos do Executivo, foi um sonho realizado de Trump, empacotado em julgamento robusto: seis juízes conservadores votaram na tese vencedora, e três juízes progressistas, todas mulheres —Elena Kagan, Sonia Sotomayor e Ketanji Brown Jackson—, abriram votos divergentes.

Uma mulher com cabelos longos e trançados, usando óculos e uma blusa preta, está sentada em uma cadeira vermelha. Ela está gesticulando com a mão direita na direção da cabeça, como se estivesse enfatizando um ponto. Ao fundo, há uma bandeira dos Estados Unidos visível, com listras vermelhas e brancas e um campo azul com estrelas brancas.
A juíza da Suprema Corte Ketanji Brown Jackson, na Biblioteca do Congresso americano, em Washington -  Jacquelyn Martin/13.fev.25/via Reuters

Roberts saiu estrategicamente de cena, certo de que o assunto pode render. Antes, em rara entrevista, confessou preocupação com a violência contra juízes pelo país afora. Chegou a pedir moderação de fala aos agentes políticos. Deve se lembrar do assassinato, em 2020, do filho da juíza federal Esther Salas, de Nova Jersey, na porta da casa da família, por um tresloucado que se dizia antifeminista.

Tempos depois, relatório do U.S. Marshals Service, agência encarregada da segurança do Judiciário, confirmou o crescimento das ameaças. Só em 2023, quando a corte lidou com o direito ao aborto, foram mais de 400 casos.

Isso remete à manifestação de Jackson sobre o desastre que se aproxima. Indo além do profético ou enigmático, a juíza marca posição contra o atropelo das balizas constitucionais. Algo que afeta não só o direito à cidadania, como vários outros direitos, para dar passagem a ordens mirabolantes, entre elas, deportar em massa, rever a autonomia das universidades ou subjugar a advocacia. Ordens mirabolantes e, não raro, ilegais.

A juíza caçula da corte parece não querer se calar. Indicada em 2022 por Joe Biden, Jackson vem colecionando votos divergentes –observadores notam que têm sido mais longos e contundentes do que os da colega Sotomayor, conhecida pela farta argumentação.

Foi assim ao se manifestar sobre a Lei dos Inimigos Estrangeiros, com o qual tentou-se justificar o envio de venezuelanos para prisões em El Salvador. Neste caso, Jackson interpelou os pares, indagando se a corte não iria aprender com erros do passado. Em outros julgamentos, insiste que contextos não podem jamais ser esquecidos. E, fora do tribunal, seja em palestras, conferências ou reuniões de igreja, denuncia a intimidação da magistratura.