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domingo, 14 de setembro de 2025

"VENDA" DE UMA MULHER A TRUMP

O presidente dos EUA, Donald Trump, chamou o caso Jeffrey Epstein de "assunto encerrado", mas novas revelações reacenderam a polêmica. O chamado “livro de aniversário” de Epstein, de 2003, divulgado em setembro, contém mensagens de diversas personalidades e inclui uma carta escrita por Trump, com insinuações e desenhos obscenos. A Casa Branca nega a autenticidade, chamando o material de “farsa”, mas já não é possível negar sua existência. A defesa reposicionada de Trump gera riscos políticos, pois seus apoiadores o veem como alguém imune a jogos típicos de Washington. A carta é apenas um fragmento de um mosaico maior: Epstein mantinha proximidade com políticos, empresários e celebridades. Mensagens no livro revelam indiferença às acusações, incluindo uma nota que satiriza a “venda” de uma mulher a Trump.

Entre os nomes citados, estão Bill Clinton e Peter Mandelson, que acabou demitido após vir à tona sua ligação com Epstein. Embora os crimes do financista só viessem a público em 2006, o material expõe a rede de relações que o protegia. Democratas divulgaram rapidamente a suposta mensagem de Trump, reforçando o impacto político. Republicanos acusam uso seletivo da informação para ganhos partidários. Apesar de não haver indícios de crime por parte de Trump, sua amizade com Epstein até 2004 e sua posição no poder o mantêm no centro da controvérsia. O caso ganhou nova força: congressistas pressionam pela divulgação de arquivos sigilosos de Epstein, enquanto vítimas seguem denunciando abusos. A saga, que mistura sexo, poder e crime, já extrapolou Trump e ameaça se tornar incontrolável.



MATURIDADE DEMOCRÁTICA: CONDENAÇÃO DE BOLSONARO

Em editorial, publicado ontem, 13/, o Le Monde classificou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como exemplar e prova de maturidade democrática de um país que viveu sob ditadura até 1985. Bolsonaro foi condenado pelo STF, em 11/9, a 27 anos e três meses de prisão, por crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito, organização criminosa, dano ao patrimônio e deterioração de bens tombados. Outros sete réus também foram considerados culpados, entre eles seis oficiais de alta patente, incluindo três generais. O jornal destacou que a Justiça brasileira conduziu um processo rigoroso e que a severidade da pena se justifica pela gravidade dos fatos. Segundo o Le Monde, a decisão é exemplar, independentemente das tentativas de aprovação de uma lei de anistia. A publicação criticou a interferência dos Estados Unidos, que reagiram com críticas incendiárias, especialmente do secretário de Estado Marco Rubio. Rubio denunciou “perseguição política” e ameaçou represálias, enquanto o Brasil já enfrenta sobretaxas impostas por Donald Trump para pressionar o julgamento.

Le Monde afirmou que Washington fracassou em responsabilizar Donald Trump pelo ataque de 6 de janeiro de 2021, ao contrário do êxito do Brasil. A sentença, contudo, ainda não garante pacificação nacional. O relator Alexandre de Moraes ressaltou que impunidade e inação não geram reconciliação. A polarização política segue intensa e a decisão reacendeu fraturas históricas. Apesar disso, o editorial classificou a condenação como vitória da democracia. O Brasil, segundo o jornal, mostrou maturidade onde os EUA falharam. A pena poderá ser ajustada por causa da saúde debilitada de Bolsonaro, de 70 anos. Ainda assim, simboliza um marco histórico contra o golpismo. O Le Monde ressaltou que o primeiro princípio democrático é respeitar o veredito das urnas. E advertiu que não se pode tolerar a depredação das instituições. Para o jornal francês, o desafio agora é superar a polarização. A reconciliação, conclui, ainda está em aberto. 

SUPREMO REVOGA FLEXIBILIZAÇÃO NAS REGRAS DE ARMAS

O Supremo Tribunal Federal confirmou a validade dos decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que mudaram as regras de acesso a armas de fogo e revogaram a flexibilização instituída por Jair Bolsonaro (PL). 
O julgamento virtual terminou na sexta-feira, 12/. Apesar das contestações, a corte manteve decisão de junho a favor dos decretos de Lula, que anularam políticas do governo anterior. Bolsonaro havia flexibilizado normas de controle para facilitar aquisição, posse e circulação de armas. O primeiro decreto de Lula suspendeu registros de aquisição e transferência de armas de uso restrito para colecionadores, atiradores e caçadores (CACs). Também limitou quantidade de armas e munições permitidas e suspendeu concessões de novos registros de CACs, clubes e escolas de tiro. Além disso, proibiu o transporte de armas carregadas por CACs.

Desde sua edição, em 1º de janeiro de 2023, o decreto foi alvo de questionamentos judiciais. Na defesa, Lula alegou que a norma apenas reorganizou a política pública, sem retirar direitos. Em julho, o presidente assinou novo decreto que centralizou o cadastro de armas na Polícia Federal e substituiu o anterior. O STF entendeu que Lula agiu dentro de suas competências, em conformidade com o Estatuto do Desarmamento. Entidades ligadas a CACs recorreram como amici curiae, alegando omissões da corte. O relator, ministro Gilmar Mendes, rejeitou os embargos por falta de legitimidade. Outro instituto tentou ingressar no processo após o prazo, mas também foi rejeitado. Gilmar destacou que a decisão já havia tratado todos os pontos levantados. Segundo ele, cabe a amici curiae fornecer subsídios, não inovar nos pedidos. Assim, o STF reafirmou a constitucionalidade dos decretos de Lula sobre armas. 

SALÁRIOS DE DEPUTADOS E VEREADORES ACIMA DO TETO

Distorções salariais em estados e municípios fazem políticos ganharem muito acima da renda média da população. Em Rondônia, deputados chegaram a receber R$ 105 mil em um único mês, segundo o Portal da Transparência. No Rio Grande do Norte, vencimentos líquidos alcançam R$ 53 mil, enquanto em Roraima a renda bruta dos parlamentares foi de R$ 55 mil. Em São Paulo, a remuneração é de R$ 33 mil. Os chamados “penduricalhos” variam mês a mês, mas são recorrentes. Segundo o Índice de Desigualdade Salarial 2025, elaborado pelo grupo Livres, governadores e deputados chegam a ganhar até 30 vezes mais que a média da população. Governadores de Sergipe e Acre receberam R$ 44 mil e R$ 40 mil, acima de estados maiores como São Paulo (R$ 34,5 mil) e Rio (R$ 21,8 mil). No Maranhão, o governador recebe R$ 33 mil, cerca de 30 vezes a renda média. Em Rondônia, deputados ganham até 61 vezes mais que a população.

Prefeitos também têm disparidades. Em Porto Velho, o gestor recebe R$ 28,5 mil, 17 vezes a renda média local. Já o prefeito de Porto Alegre ganha R$ 22,6 mil. Entre as capitais, o maior salário é o de Belo Horizonte (R$ 35,5 mil), seguido por São Paulo (R$ 35,4 mil). Vereadores de Rio Branco recebem R$ 17,7 mil, 13,4 vezes a média da população, enquanto em São Paulo o salário de R$ 19 mil representa 5,8 vezes a média. Especialistas apontam que a liberdade de estados e municípios para legislar sobre remuneração abre espaço para disparidades. Segundo Paula Frias, é necessário compatibilizar salários com a realidade socioeconômica local. Para Magno Karl, há pouco controle social sobre assembleias, o que favorece penduricalhos e vencimentos elevados. Ele defende a criação de tetos regionais que limitem os salários dos políticos de acordo com a renda da população. 

MANIFESTANTES CONTRA A IMIGRAÇÃO

Mais de 100 mil manifestantes marcharam ontem, 13, pelo centro de Londres em uma das maiores mobilizações recentes da ultradireita no Reino Unido, organizada por Tommy Robinson. 
Elon Musk participou por vídeo, defendendo a dissolução do Parlamento e novas eleições. A polícia estimou 110 mil pessoas na marcha “Unite the Kingdom”, separadas de um contraprotesto “Stand Up to Racism”, com 5 mil presentes. Houve confrontos e nove detenções; vários policiais foram agredidos, exigindo reforço de agentes com equipamentos de proteção e cavalaria. O clima reflete a alta tensão no país, com protestos contra hotéis que abrigam migrantes. Os manifestantes exibiam bandeiras do Reino Unido, EUA e Israel, além de bonés “Maga”. Houve ataques verbais a Keir Starmer e cartazes com mensagens anti-imigração. Robinson descreveu a marcha como celebração da liberdade de expressão e lamentou a morte do ativista americano Charlie Kirk. Ele conta com apoio de Musk e é bem visto por líderes da ultradireita europeia, como Geert Wilders e membros da AfD. 

O Reform UK, maior partido anti-imigração do país, manteve distância de Robinson devido a seu histórico criminal. Entre as condenações do ativista estão fraude imobiliária, uso de passaporte falso e assédio a jornalistas. Mesmo assim, apoiadores defendem seu discurso contra a imigração ilegal. A polícia mobilizou 1.600 agentes, incluindo 500 de outras forças, em meio a jogos de futebol e grandes shows na cidade. A comandante Clair Haynes afirmou que a polícia atuaria com firmeza, mas garantindo direitos legais de manifestação. Ela também reconheceu episódios anteriores de retórica anti-muçulmana em protestos do grupo. A tensão soma-se a repressões recentes, como a prisão de quase 900 pessoas em protesto do Palestine Action. A imigração tornou-se o tema dominante da política britânica, acima da economia. O país enfrenta número recorde de pedidos de asilo. Mais de 28 mil migrantes cruzaram o Canal da Mancha em pequenos barcos somente neste ano. O protesto de Londres simboliza o fortalecimento da ultradireita em meio a essa crise migratória. 

ISRAEL ATACA LÍDERES NO QATAR

Israel anunciou ter atacado líderes do Hamas no Qatar na terça-feira, 9. 
Notavelmente, a Mossad ficou fora das declarações oficiais. Segundo fontes israelenses, a Mossad recusou executar plano para assassinar líderes do Hamas no Qatar. O diretor David Barnea temia romper a relação com o Qatar, mediador de cessar-fogo. A oposição da Mossad influenciou a forma do ataque e suas chances de sucesso. Houve discordância ampla no establishment de segurança sobre a operação. Muitos questionaram o momento, pois os líderes do Hamas ponderavam proposta de Trump sobre reféns. Em vez de agentes em terra, Israel lançou 15 caças que dispararam 10 mísseis. O Hamas afirmou que altos dirigentes não foram mortos; morreram parentes, assessores e um oficial do Qatar. Autoridades israelenses não divulgaram uma avaliação pública clara do resultado. Não está claro se uma operação terrestre teria sido mais eficaz. No ano anterior, a Mossad havia assassinado Ismail Haniyeh em Teerã com bomba no quarto. Alguns oficiais disseram que a Mossad poderia capturar esses alvos em outro momento. Analistas sugerem que Netanyahu pode ter perdido paciência com as negociações de cessar-fogo. Barnea e outros temiam que atacar o Qatar prejudicasse canais de mediação.

Houve dissenso entre líderes militares e ministros sobre prosseguir com a ação. Autoridades afirmam ter aproveitado rara oportunidade de líderes reunidos num só lugar. Também reagiram a ataques palestinos que mataram civis e soldados dias antes. Alguns acreditam que Israel poderá, com o tempo, restaurar relações com o Qatar. Há paralelos históricos com operações israelenses passadas, como episódios pós-Munique. O ataque gerou condenação pública do Qatar, que o chamou de “terrorismo de Estado”. Pouco antes, os EUA apresentaram nova proposta de troca de reféns que ganhou tração entre mediadores. O primeiro-ministro do Qatar reafirmou no Conselho de Segurança da ONU o papel diplomático de Doha. Netanyahu acusou o Qatar de abrigar terroristas e afirmou que Israel os levaria à justiça. Especialistas destacam a relação complexa entre Israel e Qatar, que já atuou como parceiro de mediação. 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 14/9/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Por que caso Epstein é um dos maiores golpes a Trump

Embora não haja qualquer sugestão de irregularidade criminal por parte de Trump, as consequências políticas da saga de Epstein sobre o presidente dos EUA são muito reais, analisa o correspondente da BBC Anthony Zurcher

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Decisão da Suprema Corte sobre tarifaço pode enterrar plano de Trump para reduzir déficit fiscal

Arrecadação com tarifas já somam US$ 165 bi. Se a Corte decidir contra Casa Branca, governo pode ser obrigado a devolver grandes somas em dinheiro

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

JULGAMENTO DE BOLSONARO

  • SALVAR ARTIGOS

Datafolha: Anistia a Bolsonaro é rejeitada por 54% e aprovada por 39%

Maioria reprova proposta articulada no Congresso para tentar 
livrar condenados do 8/1 e ex-presidente

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

Maduro convoca civis e militares aos quarteis em meio à tensão com EUA

Presidente da Venezuela movimenta tropas após reforço da presença militar norte-americana no Caribe

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Exército israelense afirma que mais de 250 mil palestinos deixaram a Cidade de Gaza

Nações Unidas estimam que cerca de um milhão de palestinos vivem 
na Cidade de Gaza e arredores.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT  

A mão 'negra' de Trump: maquilhagem mal aplicada acelera vaga de especulação

Especialista em maquilhagem que trabalhou no filme "The Apprentice" critica a "pobre" tentativa de cobertura do negrão. A Casa Branca reitera explicação oficial e o próprio brinca com a situação.

sábado, 13 de setembro de 2025

RADAR JUDICIAL

BRASIL: 8 MILHÕES DE EMPRESAS INADIMPLENTES. 

O Brasil registrou em julho recorde de 8 milhões de empresas inadimplentes, segundo a Serasa Experian. O indicador acumula sete meses de alta, com avanço de 16% em relação a julho de 2024. Do total, 7,6 milhões são pequenas e médias empresas. A dívida média chegou a R$ 3.302,30, com 7,3 pendências por CNPJ. O valor total das dívidas soma R$ 193,4 bilhões, sendo R$ 174 bilhões de pequenas e médias. Segundo a Serasa, juros altos e crédito restrito dificultam renegociações. A economista Camila Abdelmalack alertou que o segundo semestre pode ser ainda mais crítico. A desaceleração econômica deve pressionar lucros, sobretudo de empresas menores. O setor de serviços concentrou 54,1% das empresas negativadas. Em seguida vêm comércio (33,7%), indústria (8%), outros (3,2%) e setor primário (1%). 

PIX É PREMIADO

No momento em que o Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, virou alvo de investigações nos EUA por ordem de Donald Trump, foi reconhecido pelo World Summit Award (WSA). O prêmio valoriza inovações digitais de relevância global, com foco em inclusão e acessibilidade. O Pix foi o vencedor geral do WSA e também ganhou na categoria “Negócios e Comércio”. Essa categoria destaca soluções tecnológicas com impacto social em finanças, pagamentos e consultoria. Com o resultado, o Pix representará o Brasil na premiação global em Viena, no próximo ano. O WSA foi criado em 2003, em Genebra, durante a cúpula da ONU sobre Sociedade da Informação. O prêmio ocorre a cada dois anos e é coordenado pelo ICNM, sediado em Salzburg, Áustria.

PRORROGAÇÃO DA DÍVIDA DE CRÉDITO RURAL

A prorrogação da dívida de crédito rural é direito do devedor, conforme a Súmula 298 do STJ. Com base nisso, a juíza Leila Aparecida Montilha, da Vara Cível de Castro (PR), concedeu liminar para impedir que um banco cobre um agricultor. O produtor firmou contratos de crédito rural, mas teve prejuízo de R$ 3,9 milhões em 2023 devido a estiagens e variações climáticas. Com isso, atrasou duas parcelas do empréstimo. Ele solicitou ao banco a prorrogação, mas o pedido foi negado. Na Justiça, alegou direito ao alongamento da dívida com base na jurisprudência e na teoria da imprevisão. Também contestou juros acima do limite da Lei da Usura. O agricultor pediu parcelamento em cinco prestações anuais e proibição de negativação. A juíza verificou que os juros contratuais ultrapassavam 12% ao ano. Reconheceu ainda que as perdas foram extraordinárias, comprovadas por laudo agronômico. Determinou a suspensão das cobranças e a vedação de inscrição em cadastros restritivos. A magistrada destacou risco de execução das garantias e prejuízo à atividade produtiva.

ADVOGADA É DENUNCIADA

Conhecida como “protetora de mulheres fortes”, a advogada Aline Sousa, de Jequié (BA), é acusada por ao menos sete mulheres de aplicar golpes que somam cerca de R$ 20 mil. As vítimas relatam que, após pagamentos por serviços jurídicos, ela desaparecia por meses sem atender ligações. Com 76 mil seguidores no Instagram, Aline apresentava-se como aliada de mães em situação de vulnerabilidade. Vítimas da advogada relatam pagamentos por trabalhos não realizados e sem contrato assinado; a OAB-Jequié, segundo uma das vítimas não tomou providência alguma diante inclusive de os boletins de ocorrências por estelionato não tiveram resultado. 

PEDIDO DE SUSPENSÃO DA REMUNERAÇÃO DE BOLSONARO

O subprocurador-geral junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado, apresentou ontem, 12, representação pedindo a suspensão imediata da remuneração de Jair Bolsonaro e de militares condenados pelo STF pela tentativa de golpe. Ele argumenta que os pagamentos — que chegam a R$ 38 mil mensais, segundo o Portal da Transparência — violam os princípios da moralidade e da eficiência administrativa. Na quinta (11), a 1ª Turma do STF condenou Bolsonaro e outros sete réus, incluindo os generais Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, por organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e dano ao patrimônio da União. Apesar disso, os militares seguem recebendo salários, já que a perda de patente e soldo só pode ser definida pelo STM. Para Furtado, trata-se de um “paradoxo jurídico e ético”, pois o Estado financia quem atentou contra sua própria existência. Ele pede que o TCU suspenda, cautelarmente, qualquer pagamento aos condenados, inclusive os que recebem verbas partidárias, até decisão final.

Santana/Ba, 13 de setembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

ISRAEL MATOU OU FERIU MAIS DE 200 MIL PALESTINOS

O ex-comandante do Exército de Israel, Herzi Halevi, afirmou que mais de 200 mil palestinos foram mortos ou feridos desde outubro de 2023, o que corresponde a 10% da população de Gaza. 
Ele liderou as forças israelenses nos primeiros 17 meses do conflito e disse que jamais sofreu restrições jurídicas em suas ordens militares. Segundo ele, nem a advogada-geral militar tinha autoridade para limitar suas decisões. Os números relatados por Halevi aproximam-se dos do Ministério da Saúde de Gaza: 64.718 mortos e 163.859 feridos. Relatórios de inteligência israelense indicam que mais de 80% das vítimas fatais seriam civis. Halevi afirmou que a guerra foi dura desde o início e que Israel deveria ter reagido com mais força antes do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas. O encontro em que falou ocorreu em Ein HaBesor, no sul de Israel, e teve áudio divulgado pelo site Ynet. Segundo ele, o Exército atua dentro dos limites do direito humanitário, mas sem interferência jurídica. Halevi disse que os pareceres legais servem mais como respaldo externo para defesa internacional de Israel. O jornal Haaretz revelou que Eyal Zamir, seu sucessor, também teria ignorado alertas jurídicos.

A advogada-geral recomendou adiar a evacuação de 1 milhão de habitantes de Gaza, mas a ordem prosseguiu. Muitos palestinos mortos estavam entre os que não conseguiram sair do norte ou se recusaram a deixar suas casas. As falas de Halevi geraram críticas internas. O advogado de direitos humanos Michael Sfard afirmou ao Guardian que os pareceres jurídicos viraram “carimbo de borracha”. Segundo ele, generais os tratam como conselhos opcionais, e não como limites legais obrigatórios. A posição oficial de Israel é que suas ações seguem o direito internacional. Questionado, o Exército israelense não respondeu às declarações de Halevi. 

RESTRIÇÕES PARA ACESSO A SALÁRIOS DE JUÍZES

Associações de juízes fazem nova ofensiva contra a transparência dos supersalários. 
Inspiradas no retrocesso do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), querem impor exigência de identificação de cidadãos para acesso a folhas de pagamento. Pesquisa do Movimento Pessoas à Frente mostra que 83% dos brasileiros rejeitam supersalários. Embora a Constituição fixe o teto no salário de ministro do STF (R$ 46,3 mil), 93% dos magistrados e 91,5% dos procuradores recebem acima desse limite. Em alguns municípios, vencimentos de juízes superaram o orçamento anual de secretarias inteiras. O teto, na prática, tornou-se imaginário. Em vez de combater a prática, CNJ e CNMP dificultam a fiscalização. Desde 2023, o MP passou a exigir identificação de usuários para acessar remunerações de procuradores. O CNMP também determinou exclusão dos dados após cinco anos, alegando a LGPD.

Agora, associações de magistrados pressionam o CNJ para adotar medidas semelhantes. O pedido, sob relatoria do corregedor Mauro Campbell Marques, inclui exigir nome completo, CPF, e-mail e até foto dos interessados. A medida lembra restrições do Senado, que antes impunha identificação para consulta de salários. Na época, jornalistas receberam assédios e ameaças após requisitarem dados. Defensores da transparência alertam que a regra abriria espaço para coerção de cidadãos. A proteção da segurança de magistrados é legítima, mas não pode justificar opacidade. Prestação de contas é essencial em qualquer carreira pública. Na magistratura, é ainda mais vital para garantir confiança e legitimidade. 

SAIU NO NEW YORK TIMES

‘Brasil acertou onde os EUA falharam’, escrevem professores no New York Times

Especialistas de Harvard e da Johns Hopkins elogiam julgamento de Bolsonaro e dos demais réus no STF e consideram que 'os americanos deveriam aprender' com o país

O artigo é assinado pelo professor de Economia na Universidade Johns Hopkins Filipe Campante e pelo professor de Governo na Universidade de Harvard e autor do livro “Como as democracias morrem” (Editora Zahar), Steven Levitsky. Ontem, o STF concluiu o julgamento que, por 4 votos contra 1, declarou Bolsonaro e outros sete réus culpados por tentativa de golpe de Estado e mais quatro crimes. 

No texto do NYT, os especialistas elogiam a condução do julgamento pelos magistrados brasileiros e fazem uma comparação com o cenário americano. Nos EUA, o atual presidente, Donald Trump, também questionou os resultados das eleições em que perdeu para Joe Biden, em 2020, levando à invasão do Capitólio por seus apoiadores em janeiro de 2021. 

“Os paralelos são impressionantes. Ambos elegeram presidentes com instintos autoritários que, após perderem a reeleição, atacaram instituições democráticas”, escrevem os professores. Eles, porém, destacam que o republicano “não foi enviado para a prisão, mas de volta à Casa Branca”. Trump saiu vitorioso da disputa pela Presidência dos EUA do ano passado, quando enfrentou a a ex-vice-presidente Kamala Harris. 

O artigo afirma que Bolsonaro “copiou amplamente a cartilha de Trump” ao, em 2022, questionar a integridade do processo eleitoral e atacar as autoridades brasileiras, e lembra que o ex-presidente disse que a única forma de perder seria por meio de fraude. Além disso, considera que a invasão de 8 de janeiro de 2023 foi mais grave que o paralelo americano pelo envolvimento de aliados militares de Bolsonaro. 

Os professores citam ainda a descoberta do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que planejava assassinar Lula, Alckmin e Moraes. “Assim, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, presidentes eleitos atacaram instituições democráticas na tentativa de se manter no poder após perderem a reeleição. Ambas as tentativas de tomada de poder fracassaram — inicialmente. Mas é aí que as duas histórias divergem”, escrevem. 

Segundo os especialistas, os americanos “fizeram surpreendentemente pouco para proteger sua democracia do líder que a atacou”. “Os tão celebrados freios e contrapesos constitucionais do país falharam em responsabilizar Trump por sua tentativa de reverter a eleição de 2020”, dizem. 

O Departamento de Justiça dos EUA teria demorado a processar Trump, e o atual presidente foi indiciado somente em agosto de 2023. A Suprema Corte americana, porém, permitiu que o caso fosse adiado e, em julho de 2024, decidiu que os mandatários têm ampla imunidade, comprometendo o processo. Após ter vencido a eleição no ano passado, os processos federais contra Trump foram arquivados. 

“O Brasil seguiu um caminho diferente. Tendo vivido sob uma ditadura militar, autoridades públicas brasileiras perceberam a ameaça à democracia desde o início do governo Bolsonaro. Muitos juízes e líderes do Congresso viram a necessidade de defender energicamente as instituições democráticas do país. Como disse o ministro Moraes a um de nós: ‘Percebemos que poderíamos ser Churchill ou Chamberlain. Eu não queria ser Chamberlain’”, diz o artigo. 

Os professores mencionam ainda os esforços do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir a integridade do pleito de 2022, como pelo inquérito das Fake News, pelo desmonte de barreiras policiais ilegais e pela divulgação imediata dos resultados. Reforçam que, de modo diferente dos EUA, mesmo políticos da oposição a Lula reconheceram rapidamente a vitória do petista. 

“Diferentemente dos Estados Unidos, portanto, as instituições brasileiras agiram de forma vigorosa e, até agora, eficaz, para responsabilizar um ex-presidente por tentar reverter uma eleição. É precisamente a eficácia dessas instituições que colocou o país na mira do governo Trump”, escrevem. 

Os especialistas americanos terminam enfatizando que, apesar de suas falhas, a democracia brasileira “está hoje mais saudável do que a americana”. "Cientes de seu passado autoritário, as autoridades judiciais e políticas do Brasil não tomaram a democracia como garantida. Seus equivalentes norte-americanos, ao contrário, falharam. Em vez de minar o esforço do Brasil para defender sua democracia, os americanos deveriam aprender com ele”, recomendam. 

PARLAMENTO APOIA SUSPENSÃO DE ACORDO COMERCIAL COM ISRAEL

O Parlamento Europeu aprovou na quinta-feira, 11, uma resolução que apoia a proposta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de suspender o acordo comercial com Israel e aplicar sanções a ministros extremistas do governo Netanyahu. A votação terminou com 305 votos a favor, 151 contra e 122 abstenções. A medida tem caráter simbólico, pois ainda depende da formalização da proposta pela Comissão Europeia. O texto menciona o termo “genocídio”, mas apenas em referência ao processo movido pela África do Sul no Tribunal Penal Internacional, sem afirmar que Israel pratica tal crime. A resolução conjunta foi apresentada na quarta-feira (10) para unir os sete grupos do Parlamento Europeu. Apenas o grupo Europa das Nações Soberanas, que inclui a extrema direita alemã AfD, rejeitou a iniciativa. Na terça-feira (9), von der Leyen havia defendido suspender o comércio com Israel, criticando a incapacidade da Europa de encerrar a guerra em Gaza. 

Em seu discurso anual sobre o Estado da União, condenou o avanço dos assentamentos israelenses e a incitação de violência por ministros de extrema direita, apontando ameaça à solução de dois Estados. Ela também propôs congelar o apoio bilateral a Israel, mantendo apenas recursos para a sociedade civil e para o memorial do Holocausto Yad Vashem. O Parlamento debateu a suspensão do Acordo de Associação com Israel, principal marco das relações comerciais. A decisão surge em meio a crescentes críticas à UE por não agir diante da crise humanitária em Gaza. Mais de 64 mil palestinos já morreram desde outubro de 2023, incluindo 361 vítimas de fome e desnutrição, entre elas 130 crianças.