A Polícia Federal entregou ao Supremo Tribunal Federal um relatório parcial da Operação Sisamnes, que apura a venda de decisões judiciais em Tribunais de Justiça e no STJ. O documento aponta fraudes em processos de recuperação judicial de empresas do agronegócio, corrupção entre servidores e a necessidade de aprofundar investigações. Segundo o relatório, o esquema era comandado pelo grupo empresarial Fource, que manipulava processos de falência e recuperação judicial. Para direcionar os casos, eram criadas filiais fictícias e alterados domicílios, garantindo que as ações tramitassem em juízos cooptados. Após decisões favoráveis, o grupo tentava cooptar o administrador judicial e falsificar créditos, simulando credores aliados para controlar votações e comprar dívidas com deságio. Assim, as empresas saíam sem dívidas e adquiriam ativos de forma fraudulenta, aumentando seu patrimônio.
O relatório afirma que as fraudes só se concretizavam com a corrupção judicial. A PF relata manipulação de minutas, antecipação de despachos e negociação extraprocessual de decisões, que davam aparência legal aos atos fraudulentos. A PF pediu ao ministro Cristiano Zanin autorização para aprofundar as investigações e apurar o envolvimento da filha de um ministro do STJ. O lobista Andresson Gonçalves, suspeito de operar o esquema, criou contatos falsos com nomes de servidores do STJ para mascarar advogados e usava linguagem cifrada nas negociações. Após o vazamento, o STJ não se manifestou. Já a Fource negou irregularidades, alegando que as acusações são infundadas e baseadas em mensagens descontextualizadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário