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domingo, 5 de outubro de 2025

BRASILEIROS DEIXAM PORTUGAL

A tradutora Lara Sheffer, 30, voltou a Florianópolis após dois anos em Portugal, alegando perda de qualidade de vida. Segundo ela, o custo de vida subiu muito desde 2023: despesas básicas aumentaram entre 300 e 500 euros mensais, e o aluguel de um T1 passou de 935 para 1250 euros. Dados oficiais mostram inflação em 2,8% em agosto de 2025, puxada por alimentos (4%). O preço médio de aluguel no país chegou a 16,8 euros por metro quadrado. Lara critica também a burocracia para renovar a residência, que a deixaria “presa” em Portugal por quase um ano. De volta ao Brasil, ela diz viver melhor, já que recebe em moeda estrangeira e não paga aluguel. Não planeja retornar à Europa. Outros brasileiros relatam experiências semelhantes, como o bibliotecário Lucas Carrera, que trocou Lisboa por Barcelona, onde dobrou o salário e gasta menos com lazer e transporte. O pernambucano Glauco Brandão também deixou Lisboa, onde pagava aluguel alto e sofria xenofobia. Em Ghent, Bélgica, afirma ter mais conforto e renda melhor. Especialistas apontam que o aumento do custo de vida em Portugal está ligado à crise energética, juros altos e à pressão do turismo e de nômades digitais, que elevam os preços de imóveis. Entre 2010 e 2025, os aluguéis na UE subiram 28% e o valor das casas, 55%. Lisboa e Porto enfrentam “turbo-gentrificação”: aluguéis subiram até 300% em 15 anos, enquanto salários ficaram estagnados (mínimo de 870 euros). O turismo em massa, a expansão do alojamento local e a entrada de fundos imobiliários reduziram a oferta de moradias acessíveis.

Portugal mantém políticas migratórias abertas, mas especialistas apontam descompasso entre facilidade de entrada e permanência viável. Muitos brasileiros recorrem ao retorno voluntário ou buscam cidades menores. Segundo geógrafos, a saída de imigrantes empobrece cultural e economicamente o país, transformando bairros em espaços turísticos, com menos diversidade e sustentabilidade social. 

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