O fato de três pessoas de uma mesma família de Patos (PB) terem sido aprovadas em cargos concorridos do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024 levou a Polícia Federal a investigar um esquema de fraudes em certames públicos. O grupo cobrava até R$ 500 mil para garantir aprovações, obtendo provas antecipadamente e utilizando ponto eletrônico e documentos falsos. A operação, batizada de Última Fase, resultou em três prisões. Entre os suspeitos está o ex-PM Wanderlan Limeira de Sousa, apontado como um dos líderes. Ele, um irmão e uma sobrinha foram aprovados como auditores-fiscais do trabalho. Mensagens revelam que a sobrinha, Larissa, recebeu o gabarito e a redação antes das provas. Ela e o pai, Antônio, discutiram pagamentos em dinheiro, ouro e um veículo. Outro investigado, Luiz Paulo Silva, teria feito a prova apenas para testar o funcionamento da fraude. Também aparece no inquérito Thyago Andrade, acusado de ajudar candidatos no curso de formação. A PF apontou ainda o envolvimento de Ariosvaldo Lucena, policial do Rio Grande do Norte. Ele seria o responsável por intermediar a venda dos gabaritos entre candidatos e organizadores.
Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão em três estados diferentes. Os agentes apreenderam celulares, documentos e dispositivos eletrônicos usados nas comunicações. As investigações indicam que o esquema era sofisticado e atuava em várias etapas do concurso. O grupo mantinha contatos dentro de instituições para acessar o conteúdo das provas. Parte dos valores pagos era destinada a subornar servidores responsáveis pelo sigilo das avaliações. Os suspeitos também ofereciam “garantia de aprovação” a quem pagasse os valores exigidos. O caso ganhou repercussão nacional após a divulgação das aprovações suspeitas em Patos. A PF agora tenta rastrear o destino dos recursos obtidos com as fraudes. Os investigadores acreditam que parte do dinheiro foi lavado por meio de imóveis e veículos. Os acusados podem responder por crimes de fraude, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O Ministério da Gestão e Inovação informou que coopera com as apurações. A operação também revelou indícios de fraudes em concursos da Caixa Econômica Federal. Outros certames sob suspeita envolvem as polícias civis, a Polícia Federal e o exame da OAB. As investigações continuam para identificar todos os beneficiários do esquema.
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