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domingo, 12 de outubro de 2025

MAFIA DOS CONCURSOS


Operação da Polícia Federal revelou um esquema de fraudes em concursos públicos que funcionava como uma estrutura familiar e altamente organizada, com base no Sertão da Paraíba. O grupo usava tecnologia de ponta, como pontos eletrônicos implantados cirurgicamente e acesso prévio a gabaritos, para garantir aprovações fraudulentas. A quadrilha, apelidada de “máfia dos concursos”, cobrava até R$ 500 mil por vaga e burlava sistemas de segurança de bancas organizadoras. O líder seria o ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, expulso da corporação em 2021, auxiliado por familiares, como os irmãos Valmir e Antônio Limeira, a cunhada Geórgia e a sobrinha Larissa. Cada um teria funções específicas: Wanderlan negociava com candidatos, Valmir e Larissa participaram de concursos suspeitos, e Geórgia fez depósitos de alto valor sem renda comprovada. Outros envolvidos incluem Ariosvaldo Lucena, dono de clínica odontológica usada para lavagem de dinheiro; Thyago José de Andrade (“Negão”), responsável pelos pagamentos; Laís Giselly, aprovada em vários concursos suspeitos; e Luiz Paulo dos Santos, apontado por envolvimento em 67 certames fraudulentos. 

As fraudes envolviam comunicação via pontos eletrônicos e substituição de candidatos por dublês. A PF descobriu gabaritos idênticos entre candidatos do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024, incluindo os membros da família Limeira — coincidência considerada praticamente impossível de ocorrer ao acaso. Os valores pagos eram lavados por meio de depósitos em espécie, compra simulada de imóveis, uso de laranjas e negócios de fachada. Parte dos pagamentos era feita com ouro, veículos ou serviços odontológicos. A Operação Última Fase, deflagrada em 2 de outubro, cumpriu mandados de prisão e apreensão em Pernambuco e na Paraíba, bloqueando a posse de candidatos aprovados por fraude. O juiz Manuel Maia destacou que o grupo contava com especialistas para realizar provas em nome dos contratantes. As defesas negam as acusações e alegam falta de provas concretas. Alguns investigados afirmam colaborar com as apurações e denunciam “linchamento público” antes da conclusão do processo.

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