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sábado, 4 de outubro de 2025

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

A violência interpessoal nas escolas brasileiras tem crescido nos últimos anos, segundo dados do DataSUS. O aumento já era evidente antes da pandemia, mas se intensificou a partir de 2022. 
Em 2024, foram registrados 15.759 episódios — alta de 23% em relação a 2023. Do total, 2.273 foram casos de violências autoprovocadas. Entre 2013 e 2024, a maioria das vítimas foi do sexo feminino, representando 58% dos registros em 2024. Os números correspondem a situações em que a vítima buscou serviços de saúde, sendo de notificação obrigatória no Sinan. A procuradora Nathalie Malveiro aponta que a violência contra mulheres começa já na adolescência, incluindo casos dentro de relacionamentos. A violência física correspondeu a 49,4% das ocorrências, seguida da psicológica (25,3%) e da sexual (22%). Em 40% dos casos, o agressor era amigo ou conhecido. O MEC afirma atuar em parceria com outros órgãos. Entre as ações, destaca-se o Programa Saúde na Escola, que alcançou adesão recorde entre 2024 e 2025, envolvendo 5.544 municípios. O ministério também menciona a Lei nº 13.722/2018, que obriga escolas a treinarem profissionais em primeiros socorros. Apesar da alta da violência interpessoal, os ataques extremos a escolas diminuíram: foram 5 em 2024, contra 15 em 2023. Para o pesquisador Cauê Martins, tanto nos ataques quanto nas agressões comuns, o ódio de gênero está presente. Ele defende que o fenômeno seja analisado também como um problema social. 

Casos recentes reforçam a gravidade: em setembro de 2024, Alícia Valentina, de 11 anos, morreu após ser agredida por um colega em Pernambuco. A principal hipótese é que a violência ocorreu após a recusa de um pedido de relacionamento. Ainda sem dados de 2025, episódios de agressão em escolas têm chamado atenção. Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram 2.543 casos de bullying em 2024, a maioria entre crianças de 10 a 13 anos. A lei que criminaliza bullying e cyberbullying foi sancionada no ano passado. Para Martins, o bullying pode ocultar formas graves de violência, como machismo, racismo e LGBTfobia. Ele alerta para o papel das redes sociais na disseminação do ódio, citando o aliciamento de jovens por comunidades de incels. A série “Adolescência”, da Netflix, é mencionada como exemplo dessa realidade. O advogado da família de Alícia, Pedro Enrico Barros, cobra explicações da escola e da rede de saúde. Para ele, a morte da menina reflete o ambiente de ódio e radicalização no país. 

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