Mesmo com a esperada aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR) que aumentará a taxação sobre milionários, esse grupo continuará pagando uma tributação similar ou até menor que a da classe média, segundo dados do Sindifisco Nacional. O levantamento mostra que bombeiros, policiais militares e professores pagam, em média, mais de 10% de sua renda em IR, percentual superior à alíquota mínima de até 10% que incidirá sobre milionários caso a proposta do governo Lula seja aprovada. A alíquota efetiva — parcela real da renda comprometida com o imposto — é menor entre os mais ricos, pois grande parte de seus ganhos é isenta, como os dividendos, livres de tributação desde 1996. Inicialmente, o Ministério da Fazenda pretendia tributar dividendos, mas, diante de resistências, optou pelo imposto mínimo de 10%. A medida busca financiar a ampliação da faixa de isenção até R$ 5 mil e reduzir o IR de quem ganha até R$ 7.350.
A proposta foi aprovada na Câmara e aguarda o Senado para entrar em vigor em 2026. O imposto será progressivo, começando em zero para quem ganha R$ 50 mil por mês e chegando a 10% acima de R$ 100 mil mensais. Produtores rurais ficaram de fora da cobrança: continuam pagando imposto apenas sobre 20% do faturamento, com alíquota média de 4,66% em 2023. Já professores do ensino fundamental pagaram 9,76%, mesmo com renda três vezes menor. O economista Branko Milanovic afirma que a reforma reduzirá a desigualdade, apesar de críticas sobre possível fuga de capitais. Dados da Receita mostram que menos de 1% dos milionários deixam o país por causa de impostos. Profissões de renda intermediária continuam mais tributadas: professores, policiais, bombeiros e técnicos pagaram entre 10% e 12% de IR em 2023. Esses grupos, com rendas entre R$ 7 mil e R$ 13 mil mensais, não serão beneficiados pela reforma e seguirão arcando com carga superior à dos muito ricos.
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