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terça-feira, 2 de setembro de 2025

JUIZADOS DO TORCEDOR

A partir desta segunda-feira (1º), medidas judiciais que proíbem torcedores de entrar em estádios passam a ser registradas no BNMP 3.0, ampliando o alcance das decisões dos juizados do Torcedor. A iniciativa permite que forças de segurança de todo o país tenham acesso imediato às restrições. Segundo o conselheiro do CNJ Caputo Bastos, a padronização agiliza a atuação coordenada entre Judiciário, forças de segurança, Ministério Público e clubes. Antes, as decisões só valiam no estado de origem. Agora, um torcedor punido em Goiás, por exemplo, também será barrado no Maracanã. O juiz Antonio Alberto Faiçal Júnior destacou que a ferramenta permitirá fiscalização em tempo real, inclusive com uso de reconhecimento facial, enviando imagens ao Judiciário em caso de descumprimento.

Nos dias 27 e 28 de agosto, magistrados e servidores foram capacitados para operar o sistema, que registra os mandados por até 12 meses. Se não houver prorrogação, a medida é revogada automaticamente. Os dados ajudarão a identificar reincidentes, algo que antes não era possível. Os juizados do Torcedor também julgam disputas civis sobre ingressos e infrações criminais, como cambismo, tumultos e violência. O BNMP 3.0 reúne informações sobre presos, procurados e pessoas sob medidas cautelares. A partir de 1º de setembro de 2025, as restrições aplicadas pelos juizados do Torcedor passam a integrar oficialmente a plataforma, reforçando o controle nacional e apoiando políticas públicas.


TERREMOTO NO AFEGANISTÃO: 800 MORTOS

Um terremoto de magnitude 6 atingiu o leste do Afeganistão e deixou mais de 800 mortos e ao menos 2.800 feridos, segundo o Ministério do Interior do Talibã. 
O epicentro foi perto de Jalalabad, na província de Nangarhar, e a área mais afetada foi Kunar, com 610 mortos. O tremor raso, a apenas 8 km de profundidade, provocou deslizamentos e destruiu aldeias inteiras. Cinco novos tremores foram sentidos após o principal, mas sem danos no lado paquistanês. As equipes de resgate enfrentam dificuldades por causa da geografia montanhosa e da precariedade das casas de barro. Helicópteros e socorristas foram enviados de Cabul, mas moradores também ajudam a transportar feridos. Mais de 2.000 famílias de refugiados que haviam retornado ao país perderam novamente suas casas. No total, cerca de 4 milhões de afegãos voltaram recentemente após expulsões do Paquistão e do Irã.

A região, pobre e agrícola, foi uma das mais devastadas. O desastre pressiona ainda mais os escassos recursos do regime talibã. A ajuda internacional diminuiu drasticamente desde a volta do grupo ao poder em 2021. Restrições impostas às mulheres e perseguições políticas afastaram doadores estrangeiros. A ajuda humanitária caiu de US$ 3,8 bilhões em 2022 para US$ 767 milhões em 2024. Nenhum governo estrangeiro ofereceu apoio imediato após o tremor. O Talibã pediu ajuda internacional para operações de resgate e reconstrução. A ONU afirmou que prepara uma missão para socorrer os afetados. O país é historicamente vulnerável a terremotos por estar na cordilheira do Hindu Kush. Em 2022 e 2023, outros tremores já haviam matado mais de 2.300 pessoas. Este é o terceiro grande terremoto desde a volta do Talibã ao poder. A tragédia soma-se às crises humanitárias, políticas e econômicas do Afeganistão. 

TRUMP INTERFERE EM ATOS QUE NÃO SÃO DE SUA COMPETÊNCIA

Uma rara batalha judicial começou sobre a tentativa da Casa Branca de destituir uma diretora do Fed. Se Donald Trump vencer, terá mais liberdade para influenciar decisões sobre juros e supervisão de Wall Street. Trump já vislumbra uma maioria no Conselho de Governadores, composto por sete membros, chave para a política monetária. Ele pretende nomear aliados e inclinar o equilíbrio de poder a seu favor. Com isso, poderia também ampliar influência sobre os 12 bancos regionais do Fed. Gary Richardson, professor da Califórnia, afirmou que quatro governadores já dão ao presidente meios de pressionar. Trump há meses critica o Fed, pede cortes nos juros e pressiona Jerome Powell a deixar o cargo antes de 2026. A primeira chance veio com a renúncia de Adriana Kugler, substituída pelo aliado Stephen Miran. A segunda, com a tentativa de demissão de Lisa Cook, que reagiu na Justiça. A lei permite demissão apenas por “justa causa”. Cook, sem acusações criminais, contesta as alegações e acionou os tribunais.

Se perder, Trump poderá indicar outro nome e ampliar controle. Em seu mandato anterior, já nomeou Waller e Bowman, que segue no cargo. Com maioria, o presidente poderá moldar debates no FOMC, onde sete governadores e cinco presidentes regionais decidem sobre juros. Em julho, Waller e Bowman romperam a tradição de consenso e votaram contra a manutenção das taxas. Se quatro governadores seguirem a linha de Trump, o debate sobre política monetária pode se tornar ruidoso e confuso. Uma maioria também teria poder de veto sobre a recondução de presidentes dos bancos regionais, algo até então rotineiro. Janet Yellen alertou que isso pode levar à substituição de dirigentes. Exemplo disso ocorreu em 2022, quando Waller e Bowman se abstiveram na votação para reconduzir Austan Goolsbee, ligado a Obama.

Apesar disso, os presidentes regionais são escolhidos por diretores locais, com apenas aval final do conselho. Segundo Kathryn Judge, o conselho poderia ajustar distritos, mas não está claro se tinha condições para extingui-los. Uma maioria pró-Trump também interviria em operações de swap, balanço do Fed e regulação dos grandes bancos. Essas decisões cabem exclusivamente ao conselho, o que amplia o poder de simples maioria. O Fed se reúne oito vezes por ano, mas apenas três membros podem convocar reuniões extraordinárias. Graham Steele alerta que esse mecanismo pode ser usado por aliados de Trump para forçar ações em linha com o presidente. O presidente Donald Trump tem interferido em atos que não são de sua competência e agora que controlar a economia do país. 

Salvador, 2 de setembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados. 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 2/9/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

INVESTIGAÇÃO

Brasileiro é morto na Bolívia ao ser asfixiado por seguranças

Laudo de autópsia oficial concluiu que causa da morte  foi asfixia mecânica por compressão toráxica

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Tentativa de golpe

Em julgamento de Bolsonaro e militares, STF busca traçar limites para atos contra a democracia

Sessão começa às 9h desta terça; serão ao menos 5 dias em que ministros da Corte darão vereditos sobre condutas dos réus

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Cracolândia avança na avenida Pacaembu, e Receita federal aciona polícia

Concentração em SP dobrou de número em uma semana; prefeitura e governo dizem oferecer auxílio para dependentes químicos

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

Corpo é encontrado carbonizado após 
incêndio em residência no oeste da Bahia

Polícia investiga se vítima é moradora que desapareceu durante o fogo 

em Ibotirama

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Revista Time aponta gaúcha como um dos 
100 nomes mais influentes em IA no mundo

Ana Helena Ulbrich é cofundadora da NoHarm.ai e usa Inteligência Artificial 

para revisar receitas médicas e aumentar a segurança dos pacientes

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT 

Operação Marquês: Ex-PM volta ao tribunal e alerta juíza que não quer ser tratado por "senhor José Sócrates"

É a sexta sessão do julgamento, a quinta em que o ex-governante vai ser ouvido e a primeira após as férias judiciais de verão. Acompanhe aqui ao minuto

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

RADAR JUDICIAL

DEPUTADO CONDENADO POR DANOS MORAIS

O deputado federal por Santa Catarina Zé Trovão (PL) foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais à ex-companheira, decisão da juíza Karen Francis Schubert. A mulher relatou agressões físicas, violência psicológica e difamações entre 2019 e 2023. O ponto central foi uma entrevista na qual o deputado admitiu tê-la agredido, alegando reação a uma suposta agressão. Ela também o acusou de divulgar informações falsas sobre problemas com álcool e de usar influência política para afastá-la do PL Mulher. A defesa alegou imunidade parlamentar e liberdade de expressão. A assessoria do deputado disse que a decisão tem caráter político e é desproporcional. A juíza destacou que não há amparo jurídico para violência física em relações íntimas. Citou ainda mensagens em que ele confirma ter usado influência para retirá-la da presidência partidária. Zé Trovão foi eleito deputado federal em 2022 com 71.140 votos. Aliado de Bolsonaro, já foi preso em 2021 por descumprir ordens judiciais.

GPS DE PRESIDENTE TEM INTERFERÊNCIA RUSSA

O sistema de GPS do avião da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi bloqueado durante voo para a Bulgária no domingo (1º). Autoridades europeias suspeitam de interferência da Rússia. Apesar da falha, a aeronave pousou em segurança no aeroporto de Plovdiv. Os pilotos precisaram recorrer a mapas de papel após perderem os sistemas de navegação. A porta-voz da UE classificou o episódio como parte da “guerra híbrida” russa. O incidente ocorre em meio a visita de Ursula a países que fazem fronteira com a Rússia. Ela tem se posicionado de forma dura contra Vladimir Putin. Na Bulgária, Ursula discutiu segurança e defesa diante das ameaças russas. O Kremlin negou envolvimento no bloqueio de GPS. A visita reforça o esforço europeu por maior prontidão militar na região.

ADVOGADO SEM PONTO ELETRÔNICO 

A Vara da Fazenda Pública de Lages concedeu mandado de segurança a procurador municipal contra a exigência de ponto eletrônico. A decisão foi confirmada pela 4ª Câmara de Direito Público do TJSC. O colegiado entendeu que a obrigatoriedade não se aplica à advocacia pública. O relator destacou respaldo no artigo 7º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94). O STF já reconheceu a incompatibilidade entre ponto eletrônico e atividade de advogados públicos. A função exige flexibilidade de horários e independência técnica. Precedentes semelhantes já haviam sido julgados pelo TJSC. O estágio probatório não afasta esse entendimento, segundo o acórdão. A avaliação de produtividade pode ser feita por relatórios e desempenho funcional.
Assim, a concessão da segurança foi mantida por unanimidade.

FUX DEVERÁ DIVEGIR DE MORAES

O ministro Luiz Fux deve consolidar divergências em relação a Alexandre de Moraes no julgamento da trama golpista de 2022, que pode condenar Jair Bolsonaro e outros réus. Apesar disso, são baixas as chances de ele pedir vista, o que suspenderia o julgamento. Fux já divergiu de medidas de Moraes contra Bolsonaro, como a tornozeleira eletrônica e a proibição de uso das redes sociais. Para ele, não houve tentativa de fuga do ex-presidente e a restrição à internet fere a liberdade de expressão. O ministro também questiona a delação de Mauro Cid, vista como frágil pela defesa dos réus. Em plenário, defendeu diferenciar atos preparatórios de execução, rejeitando tratar tentativa de golpe como crime consumado. Sustenta que o Supremo não deveria julgar o caso, já que os réus não têm foro especial. Critica penas exacerbadas e já propôs reduzir condenações, como no caso da cabeleireira sentenciada a 14 anos. Pode defender que os crimes de tentativa de golpe e abolição violenta não sejam somados, resultando em penas menores. Sua trajetória no STF alterna aproximações e críticas a Bolsonaro, mantendo postura independente no tribunal. 

PENSÃO ALIMENTÍCIA, MESMO APÓS OBRIGAÇÃO FORMAL 

O STJ decidiu que ex-mulher tem direito a seguir recebendo pensão do ex-marido, mesmo após 25 anos do fim da obrigação formal. A 3ª Turma aplicou o instituto da supressio, que ocorre quando um direito deixa de ser exercido por longo período, tornando-se esvaziado. O casal firmou acordo em 1993 com duração de um ano, mas o ex-marido continuou pagando espontaneamente até 2018. Ele então ajuizou ação para se exonerar, alegando doença e aumento de gastos médicos. A Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido e suspendeu os pagamentos. A ex-mulher recorreu, alegando idade avançada, enfermidade e impossibilidade de voltar ao mercado de trabalho. O STJ reconheceu a legítima expectativa criada após 25 anos de pagamentos contínuos. A ministra Nancy Andrighi destacou que houve supressio para o ex-marido e surrectio para a ex-mulher. O colegiado considerou ainda a perspectiva de gênero, pois a mulher abdicou da carreira em razão do casamento. Assim, o pagamento da pensão foi mantido.

Salvador, 1º de setembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.


UMA MULHER E DOIS MARIDOS

Uma noiva indiana, Sunita C, casou-se no dia 12 de julho com dois irmãos, Kapil e Pradeep N, em uma aldeia no Himalaia, prática conhecida como poliandria. As imagens do casamento viralizaram e geraram críticas e debate nacional, já que a poligamia e a poliandria são ilegais na Índia. O trio pertence à comunidade hatti, grupo tribal de 300 mil pessoas que vive em Himachal Pradesh e Uttarakhand. Em 2023, os hattis foram reconhecidos oficialmente como tribo registrada, com direito a benefícios sociais e cotas. Seus casamentos, chamados jodidara, diferem dos rituais hindus tradicionais: a noiva conduz a procissão e os votos substituem as voltas em torno do fogo sagrado. Antigamente, irmãos dividiam a esposa para evitar fragmentar a terra escassa, preservando os recursos da família. Especialistas apontam que o costume surgiu das condições hostis do Himalaia, mas hoje é cada vez mais raro, devido à modernização e maior escolaridade. Ainda assim, de quatro a seis famílias em cada aldeia mantêm a tradição.

O casamento reacendeu a polêmica: defensores afirmam que é questão de consentimento e herança cultural; críticos denunciam exploração das mulheres e questionam sua legalidade. Sunita afirmou que decidiu por vontade própria e que mantém sua liberdade. Seus dois maridos também declararam compartilhar responsabilidades. Práticas semelhantes de poliandria existem ou existiram em comunidades do Tibete, Nigéria, Amazônia, Índia do Sul e povos africanos, embora muitas tenham desaparecido ou sido proibidas. 

LEITORES DO BLOG: 119 MIL NO MÊS DE AGOSTO/2025

Em Lisboa, com presidente da Corte
Nesse mês que terminou, agosto, mais de 119 mil leitores acompanharam nosso blog, derrubando números anteriores, 111 mil em maio. É motivo de alegria, seguido de responsabilidade na escolha das matérias que prestam para informar bem o leitor no Brasil e em vários países. São pessoas do Brasil, dos Estados Unidos, de Singapura, da Alemanha, de Israel, Hong Kong, Vietnã, Suécia, México, Argentina, Equador, Irã, Indonésia, Áustria, Rússia e de muitos outros países. Em abril/2014, poucos meses depois de nossa aposentadoria, instalamos o Blog que, sem interrupção, prossegue até o presente. É certo que, no primeiro momento, entre abril/2014 e dezembro/2014, o número de leitores era pequeno, bem diferente dos mais de 100 mil atuais.      

Aproveito dessa oportunidade para apresentar uma das publicações, mostrando uma das primeiras comarcas que visitamos, na condição de corregedor. Trata-se da antiga comarca de Pau Brasil, infelizmente, desativada. Na época, a comarca de Pau Brasil era representada pelos servidores abaixo. Com a continuidade, exibiremos outras comarcas visitadas na nossa gestão de corregedor. 

SERVIDORES DA COMARCA DE PAU BRASIL


Essa foto, março/2013, retrata o motivo da falência da Justiça na Bahia e a verdadeira escravidão na qual trabalhavam os servidores. Nada mudou. 

O quadro de servidores conta com:

05 servidores para todos os Cartórios:
Feitos Cíveis;
Feitos Criminais;
Cartório do Registro de Imóveis;
Cartório do Registro Civil;
e Tabelionato de Notas.

Deveria ter 46 servidores, tem 05. Não é situação isolada.

DEPUTADA PEDE EXPLICAÇÕES A TRUMP

A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez pediu que o governo de Donald Trump explique os motivos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto. No mês passado, Trump decretou Emergência Nacional e alegou que a alíquota extra responde a ameaças à segurança nacional dos EUA. O questionamento de AOC foi feito por meio de uma emenda ao projeto de lei do Orçamento de Defesa, ainda em tramitação. Na proposta, ela exige que o Departamento de Defesa apresente relatório detalhando políticas brasileiras que constituam ameaça “incomum e extraordinária” à segurança, política externa e economia dos EUA. A parlamentar também pediu avaliação sobre o impacto das tarifas nas relações bilaterais. 

O tarifaço não atinge todos os produtos. Foram excluídos 694 itens, o que equivale a 43% das exportações brasileiras em 2024. Estão isentos, por exemplo, suco de laranja, derivados de petróleo e produtos de aviação civil. Segundo o governo brasileiro, a tarifa afeta 36% das exportações aos EUA, incluindo máquinas agrícolas, carnes e café. O Orçamento da Defesa já soma 985 propostas de emenda, e a de AOC pode não ter apoio suficiente, pois os democratas são minoria no Congresso. Trump também relacionou a sobretaxa ao julgamento de Jair Bolsonaro no STF, em ação sobre tentativa de golpe de Estado. 

A LEVEZA DO TRABALHO DOS MINISTROS DA SUPREMA CORTE E A GRANDIOSIDADE DA ATIVIDADE DOS MINISTROS BRASILEIROS

O STF está em completo desalinho com os tribunais de
outros países. Bem verdade, que, no Brasil, a Corte funciona como instância recursal e julga em torno de 10 mil processos por ano; em boa parte de outros países, a Corte atua somente em temas constitucionais e direitos fundamentais. É o caso do Tribunal Constitucional da Alemanha que julga 100 processos por ano ou da Suprema Corte dos Estados Unidos que decide 80 processos. Por outro lado, os ministros brasileiros dispõem de um mínimo de quatro assessores jurídicos, além de juízes auxiliares, estes escolhidos nas faculdades de direito do país, e estagiários. Há nos Estados Unidos o costume de que um ministro não identificado pode escrever e publicar decisão em nome de todos. Em 2024/2025, a Suprema Corte publicou decisões somente em 67 processos, importando esse número em que cinco ministros escreveram sete votos vencedores e quatro escreveram oito votos, além de votos vencidos e votos de acordo com todos.        

Diferente é o número de processos nos 13 tribunais federais de recurso, que julgam em torno de 300 por ano, enquanto os juízes federais de primeira instância chegam a julgar a média de 500 processos por ano. No âmbito estadual, a carga é maior e os juízes julgam em média mil processos por ano. Os ministros da Suprema Corte tem duas atividades comuns, consistentes em audiência de sustentação oral e participação em conferência para decidir nos certiorari, que são ordens da corte para um tribunal inferior mandar subir processo em reexame. Os pedidos de certiorari são, normalmente, estudados pelas equipes jurídicas; em dois anos foram 97% os pedidos de certiorari rejeitados, sem necessidade de apreciação dos ministros. As petições de amicus curiae, ou seja amigos da corte, são selecionadas pelos ministros sobre as que devem ser submetidas ao magistrado. Os ministros são auxiliados por advogados, professores e profissionais do Direito, visando firmar seu entendimento no caso. Além do pequeno número de processos decididos pelos ministros da Suprema Corte, eles entram de férias em 1º de julho e só retornam na primeira segunda-feira do mês de outubro, portanto quase 100 dias de férias.      

Os salários dos ministros e juízes situam-se entre US$ 303.600 para os ministros da Suprema Corte por ano e US$ 247.400, por ano, para juízes de primeiro grau. O presidente da Suprema Corte percebe US$ 317.500 por ano, equivalente a US$ 26.458, por mês, ou seja em torno de R$ 150 mil por mês. Os juízes de primeiro grau recebem US$ 247.400 por ano, US$ 20.616 por mês, ou seja, em torno de R$ 115 mil por mês. Diferente é o cenário no Brasil, onde o STF julga mais de 10 mil processos por ano e os ministros, apesar das regalias, que também acontecem nos Estados Unidos, não ganham os valores embolsados pelos magistrados americanos, apesar de por aqui trabalharem e produzirem infinitamente mais que os americanos. Esse cenário mostra a folga dos membros da Suprema Corte, os altos salários, correspondentes a mais de quatro vezes os ganhos dos ministros brasileiros. Junto a isso, o fato de pouco trabalho e escolha do que querem julgar. A leveza da atividade na Suprema Corte, juntamente com a grandiosidade dos altos salários, contrapõe-se com a atividade dos magistrados brasileiros e ganhos bem menores.  

Salvador, 1º de setembro de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.       

"PALESTINA NÃO ESTÁ À VENDA", DIZ EMBAIXADOR

Os Estados Unidos combinou com Israel para construir um paraíso turístico, denominado de Riviera do Oriente Médio, na terra arrasadas pelos israelenses, deixando mais de 60 mil palestinos mortos, incluindo 20 mil crianças. Isso conta em 
relatório de 38 páginas, obtido pelo Washington Post, onde detalha os planos de Donald Trump para o pós-guerra em Gaza. O projeto foi denominado de GREAT, prevê transformar o enclave em um “protetorado” administrado pelos EUA por 10 anos. Para desalojar os palestinos, os Estados Unidos pagam US$ 5 mil, mais subsídios de alimentação e aluguel por quatro anos. A população seria incentivada a migrar para outros países ou áreas controladas por Washington. Além de resorts, o plano prevê polos de tecnologia e indústrias de ponta em Gaza. O projeto tem participação de israelenses ligados à Fundação Humanitária de Gaza (GHF). O Boston Consulting Group ficaria responsável pelo planejamento financeiro.

Para o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, trata-se de “roubo” e colonialismo disfarçado. Ele afirmou que os palestinos precisam de justiça e liberdade, não de “presentes ilusórios”. Alzeben destacou a história milenar de Gaza como porto e centro comercial do Mediterrâneo. Ele criticou Washington por agir com “cegueira perigosa” diante das mudanças no mundo. “Nem o povo palestino nem qualquer povo digno aceitará viver na humilhação”, afirmou. Já Eytan Gilboa, professor em Israel, chamou o plano de “fantasia”. Segundo ele, moradores de Gaza não desejariam migrar para países africanos ou do Terceiro Mundo. Enquanto isso, uma flotilha humanitária com 20 barcos e ativistas de 44 países zarpou de Barcelona. Entre eles estavam Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila. Milhares se despediram da flotilha, em ato de solidariedade aos palestinos.

Greta disse que a missão “não deveria existir” e que o povo está sendo privado do básico. No mesmo dia, Israel confirmou a morte de Abu Obeida, porta-voz militar do Hamas. Ele era considerado o chefe de propaganda mais eficaz do grupo. Segundo Gilboa, sua eliminação enfraquece a liderança do Hamas. Alzeben reforçou: “A Palestina não está à venda, nem para aluguel ou servidão”. Ele comparou a situação atual à tragédia dos povos originários das Américas.

JUIZ IMPEDE TRUMP DE DEPORTAR CRIANÇAS

Um juiz federal emitiu ontem, 31, uma ordem de restrição impedindo o governo Trump de deportar 10 crianças migrantes desacompanhadas para a Guatemala. 
A decisão foi tomada após advogados, representando a National Immigration Law Center, alegarem que as remoções violariam as leis dos EUA. O juiz distrital Sparkle Sooknanan, de Washington, ordenou que a administração se abstivesse das deportações por 14 dias. Também marcou uma audiência para este domingo. As crianças têm entre 10 e 17 anos. O governo Trump firmou acordo com a Guatemala para permitir essas remoções. A deportação começaria neste fim de semana. Fontes confirmaram o plano à Reuters. A CNN já havia noticiado na sexta-feira (29). Trump intensificou a repressão migratória desde seu retorno à Casa Branca em janeiro.

Nos EUA, crianças desacompanhadas são enviadas a abrigos até encontrarem familiares ou lares adotivos. Na quinta-feira (28), Melissa Johnston, do Escritório de Reassentamento de Refugiados, pediu a suspensão da liberação de crianças guatemaltecas. Apenas aquelas com pais ou responsáveis legais nos EUA seriam liberadas. Em queixa legal, o National Immigration Law Center e o Young Center denunciaram “clara violação das proteções legais”.
A ação afirma que crianças correm risco de abusos, negligência e até tortura na Guatemala. Os autores acusam o governo de planejar transferi-las ilegalmente ao ICE. O Irrequieto presidente partiu para o ataque e pediu impeachment do juiz distrital. Aliás, essa é a conduta de Trump: quem se aventurar a questionar suas decisões torna-se inimigo e ele passa a perseguir.


MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 1º/9/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Com derrota na PEC da Blindagem, oposição concentra esforços na anistia

Movimentação contra ampliação das prerrogativas parlamentares consolidou 
a vitória do governo, que contou com a articulação do Centrão para barrar 
a iniciativa

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Economia

Brasil menos conectado: companhias reduzem malha aérea, e cidades ficam sem voos

Número de aeroportos com linhas comerciais cai 15%, mesmo com recorde no volume de passageiros

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

Julgamento de Bolsonaro cura ferida na democracia, e anistia seria traição, diz Miguel Reale Jr.

Com papel no impeachment de Dilma e na origem da lei pela qual ex-presidente é acusado, jurista defende processo no STF, mas avalia que condenação poderia ser por menos crimes

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

Vitória supera goleada e bate o Atlético-MG 
para respirar no Brasileirão

Rubro-Negro volta a vencer depois de seis jogos e afunda o Galo na crise

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Terremoto mata mais de 800 pessoas 
no Afeganistão 

Autoridades estimam que 2,5 mil tenham ficado feridos

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT 

Autárquicas. Mais de um terço dos candidatos à Câmara de Lisboa vivem fora da cidade

Perda de população da capital também se reflete nos dez primeiros nomes das listas que a disputam. Só 57 estão recenseados em Lisboa, incluindo todos os da coligação liderada por Alexandra Leitão.