A procuradora da Fazenda Nacional Claudia Trindade, 57, vê a baixa representatividade negra nas carreiras jurídicas como reflexo das dificuldades de acesso aos concursos, que demandam anos de dedicação. Aponta ainda o déficit de preenchimento das cotas. Defende ações prévias de incentivo, como o Programa Esperança Garcia, da AGU, que oferece bolsas preparatórias. Para Claudia, justiça racial implica corrigir injustiças históricas e interpretar a legislação considerando desigualdades estruturais. Já a ouvidora racial da OAB-DF, Victória Cavaçani, 28, afirma que equidade é forma de reparação histórica. Relata discriminações sofridas e defende igualdade real de condições de partida, com formação antirracista no Judiciário e investimentos em estudantes negros, por meio de bolsas, mentorias e preparo para concursos.
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sábado, 15 de novembro de 2025
PESSOAS NEGRAS NO JUDICIÁRIO
A baixa presença de pessoas negras nos espaços de poder também se manifesta no Judiciário. Dados do Painel de Monitoramento Justiça Racial, do CNJ, indicam 81.203 profissionais negros, correspondendo a 26,82% de 302.810 magistrados e servidores. No ranking por tribunal, o Distrito Federal está em 4º lugar, com 4,36%. Pessoas negras em funções estratégicas relataram ao jornal Correio os desafios para o avanço da justiça racial. O subdefensor público-geral, Fabrício Rodrigues, 41, estudou sempre em escola pública e ingressou na UFPI sem cotas. Ele lembra ser o único aluno negro entre 49 colegas de curso. Afirma que só se reconheceu como homem negro após seu letramento acadêmico, percebendo o racismo cotidiano e institucional. Defende a educação antirracista, inclusive no vocabulário, e sustenta que o letramento deve começar na educação básica para gerar mudanças estruturais. O juiz-auxiliar da presidência do STJ, Joacy Dias Furtado, 53, observa que pessoas negras são “minorias visíveis” em espaços de poder. Embora a prerrogativa do cargo gere certa proteção, ele ressalta que ninguém está imune ao racismo. Para ele, sua presença no Judiciário tem caráter representativo e inspira outras trajetórias, e a equidade deve ser regra, não exceção.
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