A inauguração de um memorial ao ex-presidente Ernesto Geisel em uma biblioteca universitária de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, gerou controvérsia desde sua abertura em 19 deste mês. O Ministério Público Federal recomendou a desativação do memorial, instalado no campus da UCS, devido ao histórico de violações de direito humanos de Geisel, que governou o país entre 1974 e 1979, durante a ditadura militar. Na segunda-feira (24), o MPF deu cinco dias para que a universidade se manifeste. A UCS não respondeu até a publicação. A recomendação é assinada pelos procuradores Enrico Rodrigues de Freitas e Fabiano de Moraes, da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão. Além de pedir o encerramento do memorial, o MPF solicita que a UCS se abstenha de homenagens a agentes responsáveis por graves violações de direitos humanos reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade. O texto cita desaparecimentos políticos, as mortes e Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho, torturas e assassinatos de militantes do PCB e o sequestro dos uruguaios Universindo Díaz e Lilian Celeberti.
O memorial reúne painéis com textos, imagens e curiosidades sobre programas científicos da gestão Geisel, como o Pró-Álcool, o programa nuclear e ações no cerrado. O espaço traz ainda documentos e informações sobre viagens de Estado. O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, PSDB, afirmou que, se a UCS acatar a recomendação, pretende trabalhar para manter o memorial na cidade. Para ele, o espaço destaca conquistas do período e não deve “apagar a história” do ex-presidente.
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