O Brasil lidera um ranking que analisou supersalários do funcionalismo em 11 países. O estudo, divulgado ontem, 26, pelo Movimento Pessoas à Frente e pela República.org, aponta que 53,5 mil servidores ativos e inativos recebem acima do teto constitucional de R$ 46.366,19. Os gastos chegam a R$ 20 bilhões anuais, 21 vezes mais que na Argentina, segunda colocada. Após Brasil e Argentina, vêm os EUA, com pouco mais de 4.000 servidores acima do teto; a Alemanha não registra casos. O levantamento considera como supersalários vencimentos que ultrapassam os limites legais de cada país. No Brasil, eles se concentram na magistratura, no Ministério Público e em carreiras da Advocacia-Geral da União. O país também lidera no número de servidores no 1% mais rico: 40 mil com renda anual acima de R$ 685 mil. A pesquisa subsidia o debate sobre medidas para impedir que penduricalhos furam o teto, tema travado no Congresso. Em julho, 83% dos brasileiros reprovaram supersalários, segundo o Datafolha.
Entre agosto de 2024 e julho de 2025, quase 11 mil juízes receberam mais de US$ 400 mil; alguns ultrapassaram US$ 1,3 milhão. A remuneração inicial da magistratura brasileira é a quarta maior entre os países analisados. No topo, um juiz comum no Brasil ganha até quatro vezes mais que ministros constitucionais da Alemanha, França, Argentina e EUA. Para especialistas, a autonomia para definir regras próprias e o uso de verbas indenizatórias sem imposto favorecem distorções inexistentes em outros países. No total, juízes somam R$ 11,5 bilhões em valores acima do teto; no MP, são R$ 3,2 bilhões; e no Executivo federal, R$ 4,33 bilhões. Outros países adotam freios mais rígidos: Chile e Reino Unido têm comissões salariais independentes; nos EUA, excedentes só podem ser pagos no ano seguinte; na Alemanha, salários do serviço público seguem parâmetros das remunerações políticas.
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