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sábado, 26 de julho de 2025

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…" 

Hélio Schwartsman

Descrição de chapéu

Fome em Gaza

É inaceitável que Israel use comida como arma contra o Hamas; solução estável para guerra passa pelo fim de governo Netanyahu

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SÃO PAULO

As imagens de palestinos definhando falam por si. Não há justificativa moral para permitir que crianças morram de fome. Pouco importa que tenha sido o Hamas que deflagrou o atual ciclo de violência com os ataques de 7 de outubro de 2023, as forças israelenses que controlam as fronteiras de Gaza têm a obrigação de assegurar que comida chegue aos civis.

E teriam vários outros deveres estabelecidos em leis de guerra que vêm sistematicamente descumprindo. Ao fazê-lo cometem delitos de guerra e quase certamente também crimes contra a humanidade. Quanto à acusação de genocídio, fico com a sabedoria dos juízes de Nuremberg.

Uma criança está deitada em uma cama de hospital, coberta com um lençol e um cobertor colorido. Ela usa uma camisa azul e tem um curativo na cabeça. A criança parece estar recebendo cuidados médicos, com um tubo de oxigênio visível. O ambiente ao redor é de um hospital, com outras pessoas ao fundo.
O menino palestino Mosab Al-Debs, 14, que está desnutrido, segundo médicos, no hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza - Dawoud Abu Alkas - 22.jul.25/Reuters

Percebendo que o conceito de genocídio era muito mais uma encrenca política do que uma tipificação penal útil, preferiram não utilizá-lo no julgamento dos líderes nazistas, que foram condenados por crimes de guerra, contra a humanidade e contra a paz.

De lá para cá, a situação só piorou, porque o termo "genocídio" foi convertido em arma de propaganda. Quer você chame o que está acontecendo em Gaza de genocídio, quer escolha outros qualificativos, o fato é que não dá para aceitar que um Estado que se quer civilizado utilize comida como arma numa guerra.

A pressão internacional desencadeada pelas fotos de palestinos esquálidos parece ter surtido algum efeito. Israel anunciou que autorizará mais entregas de ajuda humanitária. Uma solução mais estável, contudo, passa pelo fim do governo de Binyamin Netanyahu, que já deu repetidas mostras de que coloca seus interesses pessoais (agarrar-se ao poder para adiar seu julgamento por corrupção) à frente de quaisquer outras considerações.

Hoje, a hipótese mais realista para a queda do governo não vem da carnificina em Gaza nem das falhas de segurança que permitiram o 7/10, mas de um racha dos setores mais extremistas da coalizão. Para seguir dando sustentação ao governo, os ultrarreligiosos exigem que seminaristas ortodoxos sejam isentos do serviço militar. Tal privilégio é firmemente rechaçado pela população e pelo Judiciário.

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