Justiça acerta ao enquadrar Bolsonaro
Ex-presidente enviou R$ 2 milhões a Eduardo, que conspira contra o Brasil nos EUA, e se escondeu na embaixada da Hungria em 2024
Personagem principal no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que trata da tentativa de promover um golpe militar no país, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez por merecer as medidas restritivas a ele impostas na sexta (18), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de se comunicar com seu filho Eduardo Bolsonaro, que conspira, a partir dos Estados Unidos, contra a soberania do Brasil.
Bolsonaro também está proibido de se manifestar em redes sociais, deve ficar em casa de 19h às 7h e nos fins de semana e não pode se aproximar de embaixadas.
No pedido que embasou a decisão do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, a Procuradoria-Geral da República (PGR) citou "indicativos da concreta possibilidade de fuga do réu e a manutenção de ações para obstruir o curso da ação penal".
Na operação de busca e apreensão realizada na casa do ex-presidente foram encontrados US$ 14 mil. Recorde-se, Bolsonaro passou dois dias escondido na embaixada da Hungria logo após ter seu passaporte retido pela Polícia Federalno ano passado.
Desde que o presidente Donald Trump começou a chantagear o Brasil com a ameaça de tarifas de 50%, citando uma "caça às bruxas", Bolsonaro se mostrou cada vez mais à vontade, a ponto de dizer que a represália seria "resultado direto do afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade".
No início de junho, o ex-presidente havia confessado ter enviado R$ 2 milhões para manter seu filho Eduardo nos EUA, de onde ele segue atiçando a administração Trump a punir o Brasil para tentar salvar a pele do pai.
Como retaliação às medidas restritivas contra Bolsonaro, o governo dos EUA cancelou de forma arbitrária os vistos de entrada no país de Moraes e de mais sete ministros do STF, em uma demonstração cabal do conluio engendrado por Eduardo e Trump .
Com Bolsonaro agora enquadrado pela Justiça, é preciso também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se ocupe do principal: buscar a melhor saída negociada para a questão das tarifas. Se forem de fato aplicadas a partir de agosto, têm potencial para impactar talvez de modo severo a economia brasileira.
Após tratar inicialmente com sobriedade a ameaça, Lula descambou para o embate político nos últimos dias, a fim de tentar melhorar sua popularidade.
Chamar adversários de "inimigos da pátria" e acusar Trump de querer ser "imperador do mundo" são falas que não ajudam a resolver o impasse. Tarifas altas também prejudicarão empresas dos EUA, sendo este talvez o melhor argumento para negociação.
Vale o mesmo para Tarcísio de Freitas (Republicanos), em modo de adulação total a Bolsonaro. São Paulo é quem mais tem a perder com as tarifas de Trump.
Possíveis adversários em 2026, Lula e Tarcísio devem deixar a politicagem rasteira de lado para tentar contornar a grave ameaça que paira sobre o país.
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