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segunda-feira, 28 de julho de 2025

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Fantasma de Epstein assombra Trump mais do que nunca


Especulações sobre ligação do presidente americano com magnata que se matou numa cela em 2019 provocam disputa política

A história da política americana registra episódios em que cadáveres insepultos assombraram figuras poderosas, mas usualmente o impacto decresce com o tempo. Com Donald Trump, como é a praxe, as regras não se aplicam.

O presidente dos Estados Unidos está há semanas tentando se livrar de um caso em teoria encerrado em 2019, quando Jeffrey Epstein foi achado enforcado na cela em que aguardava julgamento, em aparente suicídio.

Magnata do setor financeiro, Epstein foi acusado de ser um dos mais influentes traficantes de mulheres, abusador de menores e promotor de festas sexuais nos EUA. Um de seus clientes mais famosos foi o príncipe Andrew, ostracizado na família real britânica após fazer um acordo para não ser julgado.

Com origens nova-iorquinas e personalidades semelhantes, não demorou para Trump e Epstein virarem amigos. Por 15 anos, frequentaram festas e viagens, rompendo em 2004. Depois disso, não há registro de contato entre eles.

Epstein foi preso duas vezes, e Trump nunca foi citado nesses processos. Os fumos tóxicos, porém, permaneceram no ar, muito por culpa do republicano, que passou a acusar políticos do rival Partido Democrata de estarem na notória "lista de Epstein", que traria clientes do falecido.

Disse que a administração de Joe Biden havia acobertado a apuração. Eleito, passou a esquecer o assunto, até que o ex-aliado Elon Musk sugeriu que o presidente estava na lista.

No começo de julho, revisão do Departamento de Justiça sobre o caso descartou a tal listagem, e Trump causou a ira de apoiadores ao dizer que o documento seria uma invenção democrata.

Tentou então ganhar tempo e solicitou à Procuradoria a divulgação dos documentos que julgar críveis, o que ainda não ocorreu. A Justiça negou revelar alguns autos. Os republicanos anteciparam o recesso parlamentar a fim de evitar moção para obrigar a liberação e convocar a ex-namorada de Epstein, condenada a 20 anos de cadeia, para depor.

O presidente deu sinais de incômodo, rompendo com o até então próximo The Wall Street Journal por ter citado a suposta existência de um bilhete de parabéns pelos 50 anos de Epstein, feito em 2003 por Trump, que alude a segredos compartilhados e é adornado com desenho de mulher.

Enquanto isso, tenta mudar o enfoque para supostas manipulações do governo de Barack Obama no relatório que indicou que os russos interferiram no pleito em que Trump foi eleito em 2016. Nada indica que dará certo.

editoriais@grupofolha.com.br 

PROCESSO DO GOLPE EM FASE FINAL

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A Primeira Turma do STF começa a ouvir, nesta segunda feira, 28, os depoimentos de oficiais militares, acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado e no plano de assassinato do ministro Alexandre de Moraes. Trata-se da primeira vez que os réus do núcleo militar pronunciam-se sobre as acusações. Com a realização de mais essa etapa do processo, o final aproxima-se com a decisão final, que deverá acontecer em início de setembro. O grupo investigado é composto por nove militares do Exército e um policial federal, dividido entre os que apoiaram o golpe e os que planejaram o atentado. A PF identificou apenas dois dos seis suspeitos diretamente ligados ao plano: os tenentes-coronéis Rafael de Oliveira e Rodrigo Azevedo. A ação dos militares integrantes da tentativa de golpe, prevista para 15 de dezembro de 2022, foi abortada após o Exército não aderir. Azevedo nega participação e alega estar em Goiânia, enquanto Oliveira será interrogado, mas deve manter silêncio parcial. 

O general da reserva Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, é apontado como figura-chave por supostamente apoiar o cumprimento de um decreto golpista, segundo delação de Mauro Cid. Os militares acusados de apoio ao golpe de Estado são de alta patente, sendo o principal o general da reserva Estevam Theophilo. O julgamento ocorre em meio a pressões internacionais, fundamentalmente dos Estados Unidos, que buscam blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro. A Procuradoria-geral da República assegura que "o cancelamento da operação coincide com o momento da confirmação de que o Comando do Exército não havia aderido ao Golpe de Estado". 



TRÁFICO INTERNACIONAL, ABSOLVIÇÃO

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O juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos (SP), numa segunda sentença, depois de anulada a primeira, absolveu quatro réus do crime de tráfico internacional, condenando-os apenas por associação para o tráfico. A anulação deu-se através de habeas corpus, requerido por uma ré, em setembro/2024; o relator ministro Ribeiro Dantas anulou busca e apreensão feita pela Polícia Federal em endereço diferente do que constava no mandado, expedido pelo juízo. A mulher foi apontada pelo Ministério Público como líder do esquema. Na decisão, determinou desentranhamento das provas obtidas no local da diligência. O magistrado proferiu nova sentença. 

Na primeira sentença, em setembro/2020, os réus foram condenados pelos dois delitos, tráfico e associação, e receberam penas que variaram de nove anos e quatro meses de reclusão a 17 anos e dois meses. Contudo, após recursos, o TRF-3 e o STJ absolveram os quatro do crime de tráfico. Na nova decisão, o juiz fixou penas entre 3 anos e 6 meses e 4 anos e 8 meses apenas por associação. Um quinto acusado, cuja condenação por tráfico foi mantida pelos tribunais, teve nova pena de 12 anos e oito dias pelos dois crimes. 



PAÍSES RECONHECEM O ESTADO PALESTINO

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Homens carregam suprimentos em Gaza
Israel iniciou ontem, 27, uma “pausa humanitária” diária nos combates em Gaza, das 10h às 20h, para permitir a entrada de ajuda, como alimentos e remédios. A trégua ocorre em áreas onde as tropas não operam. Caminhões começaram a cruzar a fronteira do Egito para inspeção em Kerem Shalom. Também foi retomado o lançamento aéreo de ajuda, com aviões da Jordânia e dos Emirados jogando toneladas de alimentos no território. A ONU celebrou a trégua, mas uma porta-voz das Nações Unidas Unicef, Rosalia Bollen, criticou: "A ajuda que as famílias de Gaza precisam é imensa, vai muito além de simples pacotes de alimentos".

Israel nega bloqueio à ajuda e culpa o Hamas pelo desvio dos carregamentos, mas organizações internacionais afirmam que há fortes restrições. Ativistas que tentam entregar suprimentos por mar foram interceptados, e o barco Handala foi confiscado em águas internacionais. A OMS denunciou que a desnutrição atinge níveis alarmantes, com aumento das mortes infantis por fome, classificando o bloqueio como deliberado e evitável.

Enquanto isso, a pauta do reconhecimento do Estado palestino volta à ONU. A França anunciou que fará o reconhecimento formal em setembro, influenciando outros países. A reunião da ONU discute uma solução de dois Estados, reforma da Autoridade Palestina, desarmamento do Hamas e normalização com Israel. Já são 142 países que reconhecem o Estado palestino. 



PESSOAS QUE DORMEM NO AEROPORTO

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A BBC acompanhou migrantes latino-americanos que dormem no Aeroporto Adolfo Suárez, em Madri-Barajas por não conseguirem pagar aluguel, mesmo trabalhando. Entre eles está Miguel, um venezuelano de 28 anos que vive há sete meses no local, dormindo no chão por não ter dinheiro suficiente para moradia. Ele trabalha como entregador informal e sobrevive com cerca de 145 euros por mês. A partir de 24 de julho, a empresa Aena, responsável pela administração dos aeroportos na Espanha, proibiu a permanência noturna no aeroporto, e a Prefeitura de Madri abriu um abrigo temporário com 150 vagas — porém, com critérios que excluem muitos migrantes, como Miguel, por sua condição de asilado político.

A reportagem também mostra a história de María, venezuelana de 68 anos que vive no aeroporto com o filho autista, após gastar todas as economias em medicamentos. Ela agora tenta retornar à Venezuela com ajuda de uma ONG. O aeroporto virou abrigo para até 400 pessoas por noite, especialmente durante o inverno, oferecendo segurança, banheiros e luz. Segundo dados de organizações sociais, 38% dos que dormem ali trabalham, mas não podem arcar com o alto custo de moradia em Madri. As autoridades se acusam mutuamente, e a resposta institucional tem sido insuficiente. As organizações denunciam a politização do tema e pedem mais ação coordenada. Enquanto isso, pessoas como Miguel continuam dormindo no chão frio do aeroporto, tentando manter a dignidade e esperando por dias melhores.

 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 28/7/2025

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Brasil mergulha em crise de inadimplência: 77,8 milhões estão no vermelho

Juros altos, desemprego e uso descontrolado do cartão de crédito agravam crise financeira que atinge famílias em todo o país

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

O GLOBO/ Ipsos-Ipec

Veja a posição do seu time na maior pesquisa já feita sobre as torcidas brasileiras

Em comemoração aos 100 anos, jornal divulga resultado da maior pesquisa com torcedores na história do país

FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP

STF retoma depoimentos de militares na trama golpista em meio a pressão de Trump

Processo entra na fase final sem que Polícia Federal tenha concluído investigação sobre tentativa de assassinato de Moraes

TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

O sistema quer Bolsonaro fora do jogo, 
diz Capitão Alden

O DEPUTADO federal Capitão Alden (PL) reforçou seu apoio 
ao ex-presidente durante entrevista à Tribuna

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

Trump fecha acordo com União Europeia e reduz tarifa do bloco para 15%

O acordo foi anunciado após reunião com a presidente da comissão europeia 

Ursula von der Leyen neste domingo

DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT  

Numa carta enviada ao Executivo no início do ano, a que o DN teve acesso, a gigante do tabaco pediu um apoio “vital”, mas sem especificar. Tabaqueira e outras empresas do sector têm defendido a regula ...

domingo, 27 de julho de 2025

RADAR JUDICIAL

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VEDADO USO DE CASOS CONCRETO POR ADVOGADOS

O Tribunal de Ética da OAB/SP decidiu que é vedado o uso de casos concretos por advogados em qualquer tipo de publicidade, inclusive redes sociais, mesmo com dados ocultados. A publicidade deve ser apenas informativa, com discrição e sobriedade, conforme o Provimento 205/2021. Em outra decisão, o TED autorizou a realização de podcasts com conteúdo jurídico, desde que obedecidas regras éticas. É proibido, por exemplo, usar casos concretos, induzir à captação de clientes, exibir listas de clientes, ostentar escritórios ou estimular litígios. As normas visam evitar a mercantilização da advocacia e preservar a dignidade da profissão.

FURTO EM CLÍNICA MÉDICA

Na manhã de sábado, (26/7), um homem de 21 anos, foi preso suspeito de furtar uma clínica médica no Guará 2, após arrombar uma janela e levar itens como notebook e carregadores. Ele foi flagrado pulando o muro com uma sacola e contido por dois homens que jogavam futebol nas proximidades. A Polícia Militar foi acionada por volta das 9h30 e encontrou o suspeito, detido por populares. Uma funcionária da clínica alertou os vizinhos, que seguiram o suspeito. A representante da clínica reconheceu os objetos furtados. O suspeito alegou ter achado os itens na rua, mas testemunhas desmentiram. Após atendimento do Corpo de Bombeiros, ele foi levado à delegacia. A prisão em flagrante foi registrada por furto qualificado.

FOME EM GAZA

Israel anunciou no sábado, 26, que permitirá corredores humanitários e lançamentos aéreos de ajuda em Gaza, após forte pressão internacional. A ONU alerta que um terço da população não come há dias e muitas mulheres e crianças precisam de tratamento urgente para desnutrição. O governo israelense nega a acusação de promover fome deliberada, mas retoma o fornecimento de energia para dessalinização. Organizações criticam os lançamentos aéreos por serem insuficientes e caóticos. França, Reino Unido e Alemanha exigem o fim das restrições à ajuda. A ONU denuncia a inação internacional e relata mortes em locais de distribuição. Um ex-contratado dos EUA afirmou ter testemunhado crimes de guerra. As negociações de cessar-fogo estão paralisadas após retirada de equipes dos EUA e Israel. Desde o início da guerra, mais de 59 mil pessoas morreram em Gaza.

TARIFAÇO DE TRUMP

O tarifaço de Trump contra o Brasil é criticado por ser motivado por razões políticas, sem base econômica. Lula destacou a dificuldade de diálogo com os EUA, e mais de 200 entidades repudiaram o ataque à soberania nacional. O STJ também condenou tentativas de interferência no Judiciário. A comunidade internacional, incluindo senadores democratas e a The Economist, manifestou preocupação. O tarifaço pode gerar queda nas exportações brasileiras, afetando carnes, máquinas e aviões. Os EUA também sofreriam impactos econômicos, com queda no PIB e aumento de custos. No Congresso, parlamentares recuaram em emendas a uma entidade suspeita. Eduardo Bolsonaro gerou reações ao atacar líderes do Legislativo. Eventos sobre mineração e infraestrutura ocorrerão nos próximos dias com foco em logística e modernização.

SÓ BRASIL COM TAXA DE 50%

Os EUA e a União Europeia fecharam um acordo comercial que impõe tarifas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, evitando a ameaça de tarifa de 30% por Trump. O pacto prevê que a UE invista US$ 600 bilhões nos EUA e compre centenas de bilhões em equipamentos militares. O acordo foi firmado entre Trump e Ursula von der Leyen na Escócia. Embora aquém da meta europeia de tarifa zero, evita tarifas mais altas. Trump comemora o acerto como “o maior já feito”. O presidente critica o déficit comercial com a UE, que foi de US$ 235 bilhões em 2024. Paralelamente, os EUA firmaram acordos com Japão, Indonésia, Filipinas e Vietnã, reduzindo ou ajustando tarifas mútuas. O Japão abrirá mercado para produtos agrícolas e carros dos EUA. A Indonésia eliminará tarifas sobre 99% dos produtos americanos. O Brasil, atingido por sobretaxa de 50%, ainda não avançou em negociações com Washington. O prazo final para novos acordos é 1º de agosto.

MILITARES MATAM POR SADISMO

O tenente Alan Wallace Moreira e o soldado Danilo Gehrinh, da PM de SP, foram denunciados por matar, por "mero sadismo", o morador de rua Jeferson Souza, já rendido. O crime ocorreu em 13 de junho, sob o viaduto 25 de Março. Câmeras mostraram que a vítima não reagiu, e Gehrinh tentou encobrir as imagens. Os policiais alegaram legítima defesa, dizendo que o homem tentou tomar a arma, o que a investigação desmente. A Justiça comum decretou a prisão da dupla, e o MP apontou execução sumária e risco à ordem pública. O caso soma-se a outras mortes violentas envolvendo PMs em SP.

                                        Salvador, 27 de julho de 2025.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.



DEPUTADO NIKOLAS PODE TORNAR-SE INELEGÍVEL

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O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), através de decisão do juiz Marcos Antônio da Silva, da 29ª Zona Eleitoral, aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e os deputados estaduais Bruno Engler, a delegada Sheila e a coronel Cláudio Romualdo, candidata a vice-prefeita de Belo Horizonte nas últimas eleições. Ele foram enquadrados na prática do crime de difamar Fuad Noman (PSD), associando-o à pedofilia por meio de trechos de um livro de autoria dele, durante a campanha pela prefeitura de Belo Horizonte em 2024. A campanha de desinformação ocorreu no segundo turno, quando o então prefeito enfrentava tratamento contra um câncer. Vídeos divulgados por Nikolas foram considerados os de maior alcance e engajamento, mesmo após ordem judicial para remoção. 

Os envolvidos como réus poderão tornar-se inelegíveis, pela "campanha sistemática de desinformação contra seu oponente". A denúncia destaca Nikolas como figura central na estratégia difamatória, ao lado de Bruno Engler, Delegada Sheila e a coronel Cláudia Romualdo. As propagandas, constantes de vídeos da campanha de Bruno Engler, onde os réus citam trechos do livro Cobiça, visando atacar a candidatura de Fuad Norman, foram retiradas do ar por ordem da Justiça Eleitoral. Fuad foi reeleito com 53,73% dos votos, mas faleceu em março de 2025, após complicações de saúde. Sua família foi arrolada como testemunha para relatar os danos emocionais causados pelos ataques. Até o momento, os acusados não se manifestaram publicamente, exceto a coronel Cláudia, que nega irregularidades. Nikolas é cotado para disputar o governo de Minas em 2026. 

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Israel retoma envio aéreo de comida a Gaza após críticas por fome na região

Segundo a ONU, um terço dos palestinos passa mais de um dia sem comer; Tel Aviv diz que não há falta de alimentos


Paulo Sérgio Pinheiro

Professor titular de ciência política da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Secretaria de Estado de Direitos Humanos (2001-02, governo FHC)

No último mês, a escalada da violência em Gaza atingiu um patamar sem precedentes. O número de palestinos mortos em operações militares israelenses chega a 60 mil, milhares de crianças, com número alarmante de vítimas feridas pelos bombardeios. Hospitais, escolas, abrigos da ONU foram completamente destruídos. Desde março de 2025 há bloqueio a ajuda humanitária, sendo envios intermitentes e muito abaixo das necessidades.

fome tem sido usada como arma de guerra, legitimada entre a população israelense. Cerca de 80% das estruturas hidráulicas foram destruídas e a população é torturada pela sede em pleno verão. O número de crianças com menos de cinco anos em estado de desnutrição aguda triplicou. Gaza, hoje, tem o maior número de crianças amputadas per capita no mundo.

A imagem mostra uma mulher sentada, vestindo uma roupa longa e escura, segurando uma criança magra em seu colo. A criança tem a pele visivelmente magra e está voltada para a mulher, que parece estar olhando para ele com uma expressão de preocupação. O ambiente ao fundo é simples, com paredes de cor clara e alguns objetos ao fundo que sugerem uma situação de vulnerabilidade.
Mãe palestina carrega filho de dois anos no campo de refugiados de Al-Shati, na Cidade de Gaza - Omar al-Qattaa - 23.jul.25/AFP

O governo supremacista de Israel, com o apoio ou a indiferença da maior parte da população —que não vê as imagens dos horrores em Gaza, censuradas pela mídia— avança seu projeto de tornar a Faixa de Gaza inabitável por meio de sua destruição total e de promover uma limpeza étnica contra os palestinos. Sem nenhum constrangimento, o ministro da Defesa anunciou que pretende concentrar, inicialmente, 600 mil palestinos no Sul, na destruída cidade de Rafah, em uma "cidade humanitária" —campo de concentração, como afirmou o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert—, que seria a primeira etapa para a transferência dos palestinos a outros países.

Entre janeiro e março de 2024, a Corte Internacional de Justiça emitiu medidas cautelares contra Israel, reconhecendo o risco plausível de que estejam sendo cometidos atos de genocídio contra a população palestina. O que antes era plausível, hoje é, segundo um número crescente de especialistas em estudos sobre genocídio e direito internacional —inclusive israelenses—, uma conclusão inescapável: as ações de Israel em Gaza configuram um genocídio contra o povo palestino.

Na mesma direção apontam os relatórios de Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, que, já em março de 2024, afirmava que Israel conduz uma campanha genocida (razão pela qual se tornou alvo de sanções dos EUA). O que ocorre em Gaza, lembra Albanese, não é um conflito entre iguais, mas uma campanha de extermínio contra uma população sitiada, colonizada e impedida de viver com dignidade.

Trata-se de uma situação de longa duração, sistemática e estrutural —e não de um conflito episódico ou de uma autodefesa circunstancial, ficando claro que apelos indignados às práticas genocidas de Israel em Gaza estão condenados ao fracasso. O próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou recentemente a comunidade internacional por ignorar o sofrimento dos palestinos famintos na Faixa de Gaza, classificando a situação como "uma crise moral que desafia a consciência global".

A Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio impõe obrigações a todos os Estados signatários. Entre elas, o dever de prevenir o genocídio e de não ser cúmplice. Manter relações diplomáticas, comerciais, tecnológicas e militares com um Estado sob investigação por genocídio é, no mínimo, uma flagrante violação da devida diligência que os Estados-membros da ONU têm perante o direito internacional.

Aos Estados, especialmente os aliados de Israel que jamais interromperam sua ajuda militar, mas que agora pedem que cesse a "catástrofe humanitária" em Gaza e que Israel suspenda o bloqueio à ajuda humanitária, deles exigem-se ações muito além de palavras indignadas. Se quiserem pôr fim imediato à carnificina em Gaza, os meios existem e são amplamente conhecidos pela comunidade internacional.

Soa a hora de sanções —políticas, diplomáticas, econômicas e culturais. Os países verdadeiramente indignados com Israel devem ser consequentes: romper relações com um Estado que promove um genocídio, impor um embargo total de armas e suspender acordos de comércio e investimentos. O fim da continuidade do genocídio em Gaza exige mais do que apelos indignados: requer medidas concretas e imediatas.