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quinta-feira, 31 de março de 2022

FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLAM O JUDICIÁRIO, FEBEAJU (CCXCI)

A Polícia Federal, depois de mais de dois anos para fazer um "simples" inquérito, concluiu que o presidente Jair Bolsonaro não interferiu na corporação, em momento algum, durante a permanência de Sergio Moro, como ministro da Justiça. Disse também que o presidente não protegeu aliados nem familiares, nem mesmo no caso da rachadinha, crime atribuído ao senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Registre-se que a finalização deste inquérito, contendo 150 folhas, necessitou de dois anos, além da troca de muitos delegados nas delegacias e diretorias do órgão, o que já mostra a instabilidade do presidente nas mudanças no órgão. É impressionante o encerramento dessa investigação com relatório no sentido de arquivamento, porque se definiu que o presidente não interferiu na Polícia Federal. Nem se vai tocar na outra conclusão, acerca da incriminação de Sergio Moro, porque, grande descoberta do Procurador-geral da República! quando misturou Bolsonaro com Sergio Moro, na condição de investigados.  

O policial federal embasa o pronunciamento no fato de que todas "as testemunhas ouvidas foram assertivas em dizer que não receberam orientação ou qualquer pedido, mesmo que velado, para interferir ou influenciar investigações." Será que os sucessivos adiamentos, concedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no total de 450 dias, teve alguma influência na apresentação do resultado desse inquérito somente no final do governo e ainda assim no período pré-eleitoral? As novidades, apontadas pelo Delegado, certamente, contribuem para diminuir a credibilidade de um órgão tão admirado pelos brasileiros. 

Qual a conclusão da Polícia Federal, nas mensagens enviadas pelo presidente, manifestando a intenção de tirar da diretoria Maurício Valeixo e indicar Alexandre Ramagem, amigo íntimo da família de Bolsonaro? Aliás, a insistência do presidente na exoneração de um diretor sério e competente, sem apresentar motivação alguma, como reportou Moro, naquela oportunidade, constituiu motivo maior da saída do ex-ministro da Justiça. O delegado, de confiança de Bolsonaro, diz que nada de interferência, nem mesmo quando o presidente disse que a saída de Valeixo, homem de confiança do ministro da Justiça, já estava decidida e ele, Moro, poderia sugerir apenas a forma da saída de Valeixo, a pedido ou ex-oficio! Essa conversa é apropriada para um ministro a quem ele prometeu carta branca para dirigir o Ministério, inclusive a Polícia Federal! Nada disso é interferência, diz o delegado! Leopoldo Soares Lacerda, o quarto diretor em apenas dois anos, assegura que Bolsonaro não cometeu ato contrário à lei, quando pediu para trocar o diretor-geral, porque é de competência do presidente essa atribuição. O delegado, que certamente será premiado por Bolsonaro, ainda afirma que Ramagem, o amigo da família, que seria o substituto na diretoria-geral, conheceu Bolsonaro no final da campanha presidencial e mesmo assim por razões profissionais; que dizer da segurança do delegado de Bolsonaro, quando jura de pés juntos, que não houve interferência do presidente para defender interesses dos filhos. Só o delegado e os seguidores de Bolsonaro, aqueles que vão ouvir as baboseiras de Bolsonaro, no cercadinho no Planalto, acreditam nessa versão.    

O delegado aventurou-se ainda para concluir que o envolvimento de Flávio Bolsonaro na raspadinha, o inquérito das fake news não importaram em ingerências políticas nas investigações em andamento. O delegado descobriu fatos que ninguém sabia! Outras circunstâncias que sempre merecem a certeza de que Bolsoanro não interferiu em nada, não se comenta aqui, principalmente o arquivamento da acusação contra Moro. Nesses 450 dias só de adiamentos do inquérito, o delegado não conseguiu identificar pessoas em arquivo de áudio, que poderiam comprometer o presidente. A mesma conclusão se teve na quebra do sigilo telemático do ex-ministro Gustavo Bebiano, ou seja, nada de interessante para o caso, segundo o delegado. A autoridade policial mostra-se tão determinada em agradar ao presidente que falou que Moro concordou com a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da PF, mas depois de sua indicação para vaga de ministro do STF. Essa é mensagem de Bolsonaro, visando diminuir a credibilidade de Sergio Moro, mas que ninguém acredita, porque o presidente é potencial criador de mentiras.  

Enfim, o inquérito da Polícia Federal contribui, enormemente, para alavancar as baboseiras que, atualmente, são praticadas naquela corporação, antes bastante respeitada, diminuída agora com as indevidas interferência de Bolsonaro.

Salvador, 31 d março de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
            Pessoa Cardoso Advogados.           




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