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quinta-feira, 30 de outubro de 2025

PROFESSORA: PROJETO DE VIDA

Professora de espanhol em Samambaia (DF), Jéssica Mary do Rosário, 36, foi designada em 2025 para lecionar o componente Projeto de Vida a turmas do 1º ano do ensino médio. Após um curso e um ano de prática, percebeu que o conteúdo é tão essencial quanto português ou matemática. “Eles precisam refletir sobre identidade, autoconhecimento e planos. Muitos terminam o ensino médio sem saber quem são nem o que querem”, diz. Previsto na BNCC, o Projeto de Vida ajuda o aluno a planejar caminhos pessoais e profissionais, tornando-se mais presente com o Novo Ensino Médio. Jéssica aplica atividades como mapeamento de talentos e teste de inteligências múltiplas, valorizando habilidades diversas. Em outra dinâmica, alunos escrevem elogios anônimos entre si, reforçando autoestima e empatia. “Muitos vivem situações de vulnerabilidade. Tentamos trabalhar esperança e futuro”, afirma. Para engajar, ela usa memes, aplicativos de jogos e “diários de bordo” com autoavaliações bimestrais. O conteúdo também permite abordar temas sensíveis, como o uso de “vapes”. “Um aluno parou de fumar depois da aula. Isso já é uma vitória.”

Segundo Jéssica, muitos têm dificuldade de falar de si, mas o processo os ajuda a refletir sobre suas escolhas. “Com o tempo, se abrem. A gente vê luz no fim do túnel.” A psicóloga Valéria Arantes, da USP, que estudou com o americano William Damon (referência mundial em Projeto de Vida), explica que a disciplina ajuda a dar sentido à educação. Pesquisas mostram que jovens formados nessa área têm planos mais consistentes e com compromisso social. Para Arantes, o Projeto de Vida é essencial à educação e pode ajudar a enfrentar a crise de saúde mental, desde que ministrado por professores capacitados. Mas a formação ainda é falha. “Muitos dão aula sem preparo, o que é ruim para todos”, diz Paulo Emílio Andrade, do Instituto Iungo, que oferece capacitação gratuita. Ele ressalta: “Projeto de Vida não é terapia, é reflexão orientada.” A disciplina aborda três dimensões —pessoal, social e profissional— e não deve se restringir à escolha de carreira. Para Andrade, ensinar PV é enriquecedor: “O professor conhece de verdade cada aluno. Passa a ver-se como educador da vida, não só da matéria.” 

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