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quarta-feira, 17 de abril de 2024

FORMAÇÃO DO JÚRI PARA JULGAR TRUMP

O juiz Juan Merchan foi obrigado a advertir o ex-presidente Donald Trump durante a segunda sessão de ontem para escolha do júri; disse o magistrado: "não vou permitir que nenhum membro do júri seja intimidado nesta sala". Foram selecionados sete dos doze jurados que definirão o destino de Trump, no caso do pagamento de suborno a uma atriz pornô, na campanha de 2016. Os jurados estão sendo submetidos a longas indagações sobre suas vidas familiar, profissional e até uso de medicamentos que possam afetar a concentração. Os jurados respondem também sobre uso das redes sociais, leitura de jornais e, no final, informam se tem condições para julgar com equidade um caso altamente politizado. Está programada para apresentação das alegações iniciais, na próxima segunda-feira. Trump continua manifestando nas redes sociais que está sendo perseguido e criticando o processo, sem observar que os fatos desmentem suas afirmações, pois as testemunhas e a própria atriz acusam o ex-presidente. 

O procurador Alving Bragg, de Manhattan, acusou Trump de 34 crimes de falsificação de registros comerciais para esconder a propina a Stormy Daniels, a atriz pornô. Ela declarou que manteve encontros com o ex-presidente, mas Trump nega. Depois da formação do júri, Stormy Daniels e Michael Cohen, ex-advogado de Trump, serão ouvidos. Trump não conseguiu liberação para ausentar a uma dessas audiências que tiveram início na segunda-feira. É a primeira vez que um ex-presidente responde a processo criminal; o público, entretanto, não tem acesso aos vídeos e do que está ocorrendo na formação dos jurados.  


VIAGEM A MARTE

A NASA pousou na Cratera Jezero de Marte, em fevereiro/2021, com o Rover Perseverance, que tem coletado amostras, visando elucidar sobre o planeta vermelho. A viagem não tripulada faz parte do programa Mars Sample Return da NASA juntamente com a Europa. As amostras originam-se de uma região onde existia um lago e um delta de rio e poderá oferece resposta sobre vida em Marte. A dificuldade da exploração do planeta reside na dificuldade de remoção das 30 amostras coletadas e trazer para a Terra, distante um do outro 50 milhões de quilômetros. O regresso está programado para 2040, com orçamento que ultrapassa a 11 bilhões de dólares. O trabalho desenvolve no sentido de diminuir o orçamento para a viagem de volta e que seja antes de 2040. As empresas espaciais estão sendo solicitadas a contribuir com o projeto.   

O administrador associado da diretoria de Missões Científicas, na sede da NASA, Nicky Fox declarou: "Para organizar uma missão neste nível de complexidade, empregamos décadas de lições sobre como conduzir uma missão de grande porte, incluindo a incorporação das informações que obtemos da realização de revisões independentes. Nossos próximos passos nos posicionarão para levar adiante esta missão transformacional e fornecer ciência revolucionária a partir de Marte - fornecendo novos insights críticos sobre as origens e a evolução de Marte, no nosso sistema solar e da vida na Terra".    




MUNDO JURÍDICO CONTRA AFASTAMENTO DE MAGISTRADOS

Responsável pela arbitrariedade
A Associação dos Juízes Federais do Brasil publicou nota, questionando a decisão do ministro Luis Felipe Salomão de afastamento da juíza Gabriela Hardt, ex-titular da 13ª Vara Federal de Curitiba e mais três magistrados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Os juízes manifestaram "profunda surpresa", porque o afastamento reclamava motivos de natureza extremamente grave e contemporâneas aos fatos. Insurgiu os magistrados contra o afastamento por decisão de um ministro por via monocrática e espera que o plenário do CNJ reforme a decisão do corregedor. Toda a deliberação do ministro é sustentada no trabalho desenvolvido na Operação Lava Jato, anos atrás. Mas o ministro aventurou para acusar a magistrada de infração inclusive de peculato, prevaricação e corrupção privilegiada. Errou redondamente Luis Felipe, pois, ao contrário a juíza Gabriela como seus colegas afastados nunca sofreram qualquer pena e sempre destacaram pelo trabalho profissional que desenvolvem. O ministro apressou-se em pautar o processo; afastou na segunda-feira, 15, e pautou para julgamento na terça-feira, 16, visualizando votos de dois conselheiros que terminam seus mandados no dia de hoje, 17. A Associação Paranaense dos Juízes Federais, APAJUFE, paralisou suas atividades ontem, 16, contra a decisão do ministro Luis Felippe. A Associação contesta os fundamentos da resolução do corregedor, porque genéricos. Além dos juízes federais, a Associação dos Magistrados Brasileiros assegurou que "o afastamento de todo e qualquer magistrado das suas funções deve ocorrer apenas em situações graves, que ultrapassem os limites do exercício da atividade jurisdicional". Adiante: "Magistrados só devem ser afastados nos casos de expressa violação às vedações constitucionais: o exercício de outros cargos ou funções, o recebimento de vantagens pessoais e a dedicação a atividade político-partidárias. Afastamento em resposta a atos de jurisdição não se justifica, menos ainda quando baseados em fatos passados, já consolidados, que não podem ser alterados no momento". 

Talvez o que mais pesou contra a juíza foi a condenação do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos, 11 meses de prisão pela prática do crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso de Atibaia. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve a sentença da juíza, respingando as punições do corregedor em outros magistrados. O ministro Barroso, do STF, rebateu as duas acusação desferidas por Luis Felipe, consistentes em incompetência para decidir, porque titular do crime e promoveu homologação do cível e porque o acordo era inconstitucional. Explica o ministro que a juíza homologou um acordo trazido pelo Ministério Público Federal, portanto, com presunção de legitimidade. O ato da juíza foi considerado jurisdicional, não cabendo ao CNJ questioná-lo. Sobre a representação contra a juíza Gabriela, assegurou que "estão se vingando dessa moça". Em fevereiro, o CNJ arquivou reclamação contra Hardt sobre a homologação do acordo firmado entre Petrobras e o Ministério Público Federal. Já nessa oportunidade, o ministro Salomão investia contra o arquivamento. O ministro Barroso já tinha explicado sobre os acordos celebrados nos Estados Unidos e no Brasil e fez vinculações sobre a fundação privada, explicando toda a celeuma criada, que o ministro Salomão entende por responsabilizar a juíza Hardt. Barroso frisa que "a juíza julgou essa homologação não revela a mais mínima infração disciplinar". Enfim, o ministro Barroso comprovou o absurdo da pretensão do ministro Salomão que pretendia desarquivar um processo já arquivado com o único objetivo de punir a juíza e atender "às suspeitas levantadas" pelos ministro Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Concluiu o ministro Barroso: "Considero que a medida foi ilegítima e arbitrária e desnecessária". No final da sessão de ontem, o plenário do CNJ revogou a decisão do ministro Salomão e mandou retornar aos seus cargos os juízes Gabriela Hardt e Danilo Pereira Júnior, mantidos os afastamentos dos desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima.  


MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 17/4/2024

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Em oposição ao STF, Senado aprova PEC das drogas 

Aval da Casa à proposta que criminaliza porte ou posse de qualquer quantidade de entorpecentes é mais uma reação ao Supremo

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Lira abre espaço à oposição e desgasta governo após demissão de primo e briga com Padilha

Escalada de tensões com autoridades do governo motivou o avanço de cinco CPIs simultâneas na Câmara

FOLHA DE SÃO PAULO/SP 

Lira dá início a plano para reagir ao STF e manda recado ao Planalto

Presidente da Câmara pediu para líderes consultarem bancadas sobre matérias que tratam das 'prerrogativas parlamentares'


TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA

Senado pode votar projeto que amplia 

jogos de azar no Brasil nesta quarta

A proposta foi dividida em 122 artigos e, entre eles, estão a definição 

dos tipos de sorteio que não configuram como jogo ou aposta; 

funcionamento de cassinos e bingos

CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS

STF julga hoje lei que permite contratar 

parente de autoridade para cargo político

Ministério Público de SP apresentou ação no Tribunal de Justiça contra 

norma municipal de Tupã

EXPRESSO - LISBOA/PT

Operação Marquês: Conselho Superior da Magistratura rejeita pedido de Sócrates para impugnar coletivo que o pronunciou por corrupção

terça-feira, 16 de abril de 2024

RADAR JUDICIAL

"X" PROMETE CUMPRIR ORDENS DO STF

Os advogados do "X" comunicaram ontem, 15, ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que a empresa cumprirá todas as ordens da corte, diferentemente do que alardeava Elon Musk. Declarou: "Por fim, conforme já comunicado à Polícia Federal, a X Brasil informa que todas as ordens expedidas por esse egrégio Supremo Tribunal Federal e egrégio Tribunal Superior Eleitoral permanecem e continuarão a ser integralmente cumpridas pela X Corp".  

PROVAS EM DOMICÍLIO SEM MANDADO

Em Agravo Regimental em recurso ordinário, em Habeas Corpus, a 2ª Turma do STF negou recurso do Ministério Público Federal para manter decisão do ministro André Mendonça, responsável pela absolvição de um homem condenado por tráfico de drogas, sustentada a condenação em provas conseguidas no domicílio do réu, sem mandado judicial. Policiais, em deslocamento para atender a capotamento de um carro na rodovia Monta Alto/Jaboticabal, encontraram somente o carro abandonado e localizaram as chaves de um apartamento com endereço e um celular desbloqueado. Foram ao local, sem mandado judicial, e encontraram porções de maconha e LSD, documentos pessoais e de carro, sem ninguém no imóvel. Na 1ª instância o acusado foi absolvido, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o homem a seis anos e nove meses de prisão. 

BRIGAS VOLTAM NO STF

Os ministros Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes desentenderam-se em últimos julgamentos. O presidente Barroso conseguiu a procedência de teses, como revisão da vida toda e acerca das sobras eleitorais; o ministro Moraes sentiu-se derrotado. Houve discussão entre Barroso e Moraes no plenário e prosseguiu, mesmo depois da sessão. O aborrecimento de Moraes residiu no fato de Barroso ter conseguido voto do ministro Fux, decisivo para o desempate de 6 votos contra 5. O outro julgamento iniciou-se em 2022, quando Moraes conseguiu autorização na revisão mais benéfica para incluir salários antigos, no cálculo das aposentadorias. Neste ano, com a mudança das cadeiras, Barroso pautou recurso e conseguiu reverter o entendimento de Moraes, beneficiando o governo federal, que teria de fazer pagamento de R$ 480 bilhões.   

Em outro caso, o ministro Gilmar Mendes aborreceu-se, porque Barroso suspendeu julgamento no caso da ampliação do foro especial no STF e pediu vista, quando já tinha votado quatro ministros aceitando a tese do relator, Mendes; o processo continua com vista do ministro André Mendonça. Outras desavenças entre os três ministros aconteceram no correr do tempo e num desses desentendimentos surgiu com a ampliação do foro especial, na qual Moraes juntou-se a Mendes para a ampliação, diferentemente da tese do presidente Barroso. 

  

SEM ENERGIA, INDENIZAÇÃO

Em Apelação Civel, figurando com apelante Enel Distribuição São Paulo S/A e apelado Irish Bar Company Ltda., o Tribunal de Justiça de São Paulo, através da 30ª Câmara de Direito Privado manteve sentença condenatória da concessionária por danos materiais e morais. Trata-se de um bar que teve a energia cortada indevidamente, sob fundamento de inadimplência, com fechamento do estabelecimento por três dias, apesar de contas pagas. Os autores asseguraram que pagaram contas abertas por três vezes até a descoberta do erro e comprovação de pagamentos. O pedido para não suspender a energia causou proposta de propina. O juízo de primeiro grau condenou a concessionária no pagamento de R$ 33,7 mil pelo período sem a energia e R$ 10 mil a título de danos morais. O relator informou que a "própria fornecedora reconheceu os pagamentos em duplicidade efetuados pela autora e forneceu notas de crédito para devolução dos valores". Concluiu por não acolher o recurso. 

SUL-AFRICANO CONTINUA NA MÍDIA  

O sul-africano, Elon Musk continua com suas bravatas nas redes sociais. Passou a acusar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de que está "exigindo" que a empresa pratique corrupção. A última postagem de Musk: "As leis dos Estados Unidos impedem o X de participar de corrupção que viole as leis de outros países, que é o que Alexandre está exigindo que façamos". Essa afirmação aconteceu depois que o "X" foi intimado pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos para fornecer informações sobre ordens do STF acerca do funcionamento do antigo Twitter.   

CRIAÇÃO DE PROCURADORIAS MUNICIPAIS

A criação de procuradorias municipais é de competência de cada município e o corpo próprio de procuradores dependerá de concurso público, de conformidade com julgamento do STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade 6331. O relator, ministro Luiz Fux, assegurou que os municípios não são obrigados mas competentes para fazer sua auto-organização. Os dispositivos da Constituição do Estado de Pernambuco que obriga os municípios a criarem esse órgão viola autonomia municipal, de acordo com a Constituição Federal. Assim, há usurpação do direito de os municípios escolherem o melhor para seus munícipes. Não se pode admitir nem a proposta de ser obrigatória a criação da procuradoria municipal para os municípios com mais de 20 mil habitantes.    

Salvador, 16 de abril de 2024.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.



SAIU NO BLOG

SANTA DULCE DOS POBRES

Eu vi, vivi e abracei a nova Santa da Igreja Católica. Concebi na irmã Dulce o prolongamento da figura de minha mãe, Rita, falecida em 1950, deixando cinco filhos, o mais velho, eu, com sete anos; situação semelhante, em um aspecto, ocorreu com a irmã Dulce que perdeu a mãe aos sete anos. Algumas vezes estive no hospital Santo Antônio, devoção de minha mãe que sempre festejou e hoje mantemos a tradição, na cidade de Santana, Oeste da Bahia. 

Encontrei, abracei e protegi em pequena caminhada, no Retiro de São Francisco, o Anjo Bom da Bahia, no longínquo ano de 1990. Eu e minha esposa, Maria Eurly, adoramos a proximidade, ainda que momentânea, com aquela que se torna a única Santa brasileira; nunca imaginamos que um dia, aquela franzina mulher, cheia de energia, seria Santa da Igreja Católica. 

Irmã Dulce passou dois anos enclausurada, na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão/SE; aí prestou seus votos como freira, e voltou para Salvador em 1934. Sua primeira atividade foi na limpeza e na portaria do Hospital Espanhol, onde se tornou enfermeira; daí foi para a área educacional ensinar numa escola na cidade baixa e só então dedicou-se à assistência social aos pobres. 

As obras sociais da Santa tiveram inicio, em 1940, no conjunto de favelas dos Alagados, onde havia muita pobreza. Em 1949, com autorização de sua superiora, ocupa um galinheiro, ao lado do Convento Santo Antônio, abrigando no espaço 70 doentes e daí não mais saiu; suas obras concentraram-se no largo de Roma, mas a freira não abandonou os pobres dos Alagados, e em toda Salvador; através de sua interferência as palafitas tornaram-se conjuntos habitacionais dos bairros de Massaranduba, Uruguai e Jardim Cruzeiro. 

Recentemente, depois da morte da freira, foi inaugurado um centro de atendimento à comunidade, em Alagados, conhecido como “terra santa”, onde são distribuídas sopa, acompanhamento de jovens grávidas, catequese para crianças, além de prevenção de doenças. A denominação de "terra santa” deve-se à irmã Dulce, às visitas ao local de Madre Teresa de Calcutá e João Paulo II. 

Depois de muita luta, as OSIDs prestam atendimento ambulatorial, anualmente, a mais de 3.5 milhões de pessoas pobres e sua sobrinha Ana Rita comanda o acervo deixado pela freira. A entidade criada pela Santa tornou-se um dos maiores prestadores de serviço para a saúde dos pobres, 100% gratuito, mantendo-se por meio de repasses do Sistema Único de Saúde, SUS, convênios estatais, venda de produtos e doações de empresas e pessoas físicas. 

O Anjo Bom da Bahia não tinha limites para a busca de recursos para seu trabalho social; aproximou-se dos presidentes desde Eurico Dutra, em 1948, que veio a Bahia para inaugurar uma estrada e visitou a nova sede do Círculo Operário, construído pela freira que lhe pediu ajuda para quitar dívidas da obra instalada; a Irmã tinha um porto seguro no ex-presidente José Sarney, que em conversa com Norberto Odebrecht disse-lhe: “Aquela mulher é uma santa, Norberto. O que ela pedir eu dou", segundo relatado por Graciliano Rocha, na biografia “Santa Dulce dos Pobres”. Apesar dos relacionamentos com os políticos, Irmã Dulce nunca pediu voto para ninguém.

Irmã Dulce encontrou com a figura lendária, um “cabra” do grupo de Lampião: Antônio dos Santos, o Vida Seca, que estava, no presídio Engenho da Conceição, conhecido na época como a Penitenciária da Coreia. Vida Seca era um sanguinário e foi condenado a 145 anos, pena reduzida para 20 anos, mas, em 1952, recebeu indulto do presidente Getúlio Vargas. A freira dedicava ao Círculo Operário da Bahia e fazia visitas semanais ao presídio, levando sua sanfona e tocando para os detentos, no pátio; carregava remédios para os presos. Osvaldo Gouveia, da assessoria de Memória e Cultura das OSIDs, dizia que “ela usava o lúdico como instrumento de regeneração. Buscava resgatar a dignidade dos presos com a música". Em 1954, sem maiores explicações, a Irmã Dulce foi impedida de frequentar a Penitenciária da Coreia, segundo noticiário do jornal A Tarde.

A cerimônia, neste 13 de outubro, presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, com a presença de muitos brasileiros, entroniza Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, nascida no ano da primeira guerra mundial, em 1914. Foi a terceira canonização mais rápida da Igreja: Papa João Paulo 2º, canonizado 9 anos após sua morte; Madre Terezza de Calcutá, 19 anos e irmã Dulce, 27 anos. A irmã Dulce, todos sabemos, doou sua vida para proteger e ajudar aos doentes e aos pobres; no plano material, sua herança mais sagrada situa-se nas Obras Sociais, as OSIDs, que se vê no bairro de Roma, próximo do Bonfim.

Irmã Dulce passsou por dissabores na sua peregrinação de ajudar aos pobres; em Salvador, onde nasceu e viveu por 77 anos, ela visitava as pequenas empresas em busca de doações, mas teve o desconforto de receber uma cusparada de um comerciante, quando estendeu as mãos para receber a oferenda que buscava.

A Igreja reconheceu dois dos inúmeros milagres da Santa: em 2001, em Sergipe, as orações à freira provocaram a suspensão de uma hemorragia em Cláudia Cristina dos Santos, que sofreu por 18 horas, antes do nascimento de seu segundo filho; em 2014, o maestro José Maurício Moreira, que estará presente no Vaticano, teve os nervos óticos deteriorados e começou a preparar com cursos de braile e tarefas domésticas sem a visão; em 2000 perdeu completamente a visão e assim ficou por 14 anos; no final de 2014, a dor de uma conjuntivite viral fez lembrar da Irmã Dulce, devoção de seus pais; colocou uma imagem da Irmã sob os olhos, objetivando aliviar a dor da conjuntivite, porque a visão ele não esperava recuperar; no dia seguinte acordou vendo nuvens esfumaçadas até recuperar totalmente a visão. Os médicos afastaram explicação técnica para os dois fatos, que foram reconhecidos como milagres.

O Memorial da Irmã Dulce dispõe de mais de 13 mil bilhetes, e-mails, cartas e registros em livros originados do Brasil e de outros países, a exemplo de Argentina, Uruguai, Espanha, Itália: um homem dado como morto, diante de uma trombose cerebral, de repente se recupera; a mulher desenganada pelos médicos, sem explicação técnica, retorna ao convívio dos familiares ou a infecção generalizada de uma criança que é curada sem atuação médica. 

Salvador, 11 de outubro de 2019.

Antonio Pessoa Cardoso

Pessoa Cardoso Advogados. 

TRIBUNAIS FAZEM, STF DESFAZ

A nova Lei de Improbidade Administrativa facilitou a extinção de ações que tramitavam na Justiça Federal de São Paulo contra ex-ministros no governo de Fernando Henrique Cardoso. A Primeira Turma do STF mandou para o arquivo ações contra o ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, o ex-ministro do Planejamento, José Serra e da Casa Civil, Pedro Parente, além de ex-presidentes e diretores do Banco Central. O voto de extinção foi encabeçado pelo ministro Alexandre de Moraes e seguido à unanimidade. O fundamento foi da indispensabilidade de dolo na Improbidade Administrativa. O julgamento desses processos, que teve início em 1995, ajuizados pelo Ministério Público Federal, deram-se pelo plenário virtual, com vai e vem das decisões. Trata-se de questionamento à assistência financeira no valor de R$ 2.9 bilhões pelo Banco Central ao então Banco Econômico S/A, além de outros atos.  

As ações desembarcaram no STF há 21 anos e o ministro Gilmar Mendes apressou-se para, em 2008, mandar arquivar monocraticamente as ações; o Ministério Público recorreu. Prevaleceu a decisão monocrática, como ocorre com frequência na corte, mas oito anos depois, em 2016, recurso da Procuradoria-geral da República teve procedência para reformar a decisão de Mendes e determinar o desarquivamento das ações. Nesse período, aparece nova lei, exigindo dolo na Improbidade, que livrou o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e contribuiu para o STF mudar de posição e mandar, em definitivo, para o arquivo todos os processos. O pretexto encontrado pelo relator, que todos seguiram, foi de que "a conduta negligente de realizar assistência financeira acima do limite permitido à modalidade", caracteriza a culpa, não o dolo.    

 

O MINISTRO DA ENTREVISTA

O ministro Gilmar Mendes, do STF, destaca-se como comentarista; o magistrado não se constrange de a todo momento aparecer na imprensa para comentar casos que, inclusive, poderão desembarcar do STF para julgamento e, certamente, Mendes não dará por suspeito ou impedido. Apareceu ontem em entrevista a UOL para tecer suas considerações e destratar aqueles contra os quais ele considera contra suas ideias. Declarou que a mídia fez de Moro um "Deus". Não se sabe por que deitou falação sobre Sergio Moro: "Tenho a impressão de que talvez Sergio Moro conhecesse pouco Brasília e talvez estivesse muito inflado - graças, inclusive a vocês. Uma para da mídia o fez "Deus", o sujeito que veio para salvar". Prossegue o "comentarista político", que também é membro do STF: "Acho que ele acreditou nesse personagem criado por vocês mesmos, da mídia. Depois, ele passa a se confrontar com essa dura realidade que é viver em Brasília, ter um isolamento no próprio Congresso Nacional, ver ameaçado o seu mandato". Percebe-se que deu a entrevista só para comentar sobre Sergio Moro, não se sabe com qual intenção. 

O ministro tece considerações e mau gosto, somente para denegrir a imagem de Moro. Comenta por exemplo sobre a biblioteca do Senado Federal e aconselhou Moro a mergulhar na biblioteca, segundo para suprir "déficits de informação". É, simplesmente, incompreensível, como um ministro do STF sai de seu gabinete para tecer comentários, mais para grotesco que cômico.

Por que não te calas, Mendes!






MINISTRO AFASTA, AJUFE PROTESTA

A juíza Gabriela Hardt, do Paraná, foi afastada do cargo pelo corregedor-nacional, Luis Felipe Salomão, simplesmente porque homologou a criação de uma fundação privada; mas o problema considerado foi porque se referiu à Lava Jato, como se fosse irregular o trabalho da magistrada com a homologação. O ministro entendeu que a homologação importou na criação da fundação da Lava Jato e a magistrada é responsável por tudo, mesmo tendo a participação do Ministério Público, entre os gestores da fundação; e ainda que fosse, não se constata irregularidade alguma no ato da magistrada. O ministro chegou ao ponto de suspeitar de prática de crime de peculato pela magistrada. De qualquer forma, o colegiado é quem vai definir sobre a monocrática do ministro. Além da juíza também foram afastados mais três magistrados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Trata-se do desembargador Thompson Flores, ex-presidente do Tribunal Regional Federal, juiz Danilo Pereira Júnior, da 13ª Vara Federal de Curitiba e desembargador Loraci Flores de Lima, sob fundamento de desobediência às decisões do STF. 

Trata-se de verdadeira caça às bruxas, no Rio Grande do Sul e Paraná; para serem tratados como violadores de leis é suficiente que tenham atuado na Operação Lava Jato, ou seja, basta terem cometido a petulância de combate a corrupção e punir políticos e empresários que roubaram os cofres públicos. Tudo isso encontra classificação dos que se opõem ao trabalho sério desses juízes que se tornaram integrantes de forças demoníacas, no conceito de algumas ministros. Certamente, os magistrados afastados recorrerão e deverá haver modificação, pois ultimamente o corregedor nacional insurgiu até contra o STJ para desfazer portaria da presidente acerca das recomendações para as pessoas permanecerem nos tribunais. A revolta contra a arbitrariedade de Salomão causou repulsa dos juízes federais, merecendo nota de desaprovação pela Associação dos Juízes Federais, questionando o abuso cometido com o afastamento de uma juíza séria e cumpridora de seus deveres. Essas decisões contra a Lava Jato tem sabor de campanha para agradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e merecer desembarque no STF.  


NOVO CÓDIGO CIVIL: DIREITO DOS ANIMAIS

O anteprojeto de atualização do Código Civil, em tramitação no Senado, disponibiliza todo um capítulo somente para os direitos dos animais. O plenário do Senado começa a discutir sobre o tema na quarta-feira, 17 e, se aprovados os dispositivos, os animais serão tidos como seres capazes de sentir e ter direitos.  Atualmente, os animais são considerados bens móveis, ou seja, tornam-se propriedade de alguém, tal como objetos, sem personalidade jurídica ou quaisquer direitos legais. Um dos dispositivos do anteprojeto trata os animais como "seres vivos dotados de sensibilidade e passíveis de proteção jurídica". O juiz federal Vicente de Paula Ataíde Júnior declarou que "me parece mais do que evidente que a reforma do Código Civil ao menos não poderá ficar aquém dos progressos já registrados pelos códigos civis europeus, os quais há anos já afirmam: ou que animais são são coisas, ou que animais são seres vivos dotados de senciência ou sensibilidade". 

  

Ataíde enumerou as leis estaduais que reconhecem direitos dos animais: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Roraima e Amazonas. O magistrado disse mais: "Tendo em vista que a normatização específica, via lei especial, ainda não é uma realidade, não é possível tirar conclusões sobre a dimensão em que as mudanças irão ocorrer. Todavia, o que se pode afirmar é que o novo Código revela, ainda que timidamente e não sem algum atraso, estar atento a uma tendência verificada internacionalmente, inclusive nos Tribunais, de reconhecimento da senciência dos animais como uma justa razão para lhes sejam conferidos direitos específicos". O texto do novo código foi elaborado por comissão especial, composta por juristas, criada pelo senador Rodrigo Pacheco, em agosto/2023. O anteprojeto será convertido em projeto de lei e debatido no Senado e na Câmara dos Deputados.