Uma cronologia de mensagens, encontros e ações na véspera da Operação Zargun levou a Polícia Federal a ligar Rodrigo Bacellar, então presidente da Alerj, e o desembargador federal Macário Júdice Neto ao vazamento de informações que antecedeu a prisão do ex-deputado estadual TH Joias. Os fatos constam na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a prisão preventiva do magistrado. Segundo a PF, Bacellar e Macário trocaram mensagens e estiveram juntos horas antes da operação, enquanto Bacellar repassava informações sigilosas a TH Joias. Para os investigadores, o alinhamento permitiu que o ex-deputado ocultasse provas e tentasse frustrar os mandados. Macário foi preso na segunda fase da Operação Unha e Carne. Bacellar havia sido preso na primeira fase, mas foi solto por decisão da Alerj. TH Joias está preso desde setembro, acusado de tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro. Na véspera da operação, a PF comunicou ao gabinete do desembargador a intenção de cumprir os mandados. Pouco depois, Bacellar afirmou ter conversado com TH Joias sobre uma possível ação policial. Naquela noite, o ex-deputado retirou bens da casa, trocou de celular, criou novo Apple ID e intensificou contatos.
Por volta das 21h, Bacellar avisou TH Joias sobre a operação enquanto jantava com Macário. Mensagens confirmam que os dois estavam juntos. Para a PF, o encontro e a rapidez das orientações reforçam a suspeita de vazamento. A decisão também destaca mensagens que revelam forte relação de intimidade entre Bacellar e o desembargador, com declarações de amizade, lealdade e troca de favores. Há ainda diálogos em que Macário atua como intermediador político entre Bacellar e o governador Cláudio Castro. Em resposta, Bacellar enviou mensagens agressivas contra o governador, interpretadas pela PF como indício de atuação política do magistrado, em prejuízo da imparcialidade. A defesa de Macário afirmou que Alexandre de Moraes foi induzido a erro, disse não ter acesso à decisão e anunciou que pedirá a soltura do desembargador.
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