
Rita, Mana, Maninha, você não me responde, porque dizem que você se foi, mas para onde? Queria a companhia do pai, das duas mães e dos irmãos que também se foram, não é? Mas a rapidez de sua ida foi surpreendente, e deixou tanta gente triste e chorosa que, se você soubesse do "baque", talvez resistiria e permaneceria mais tempo com a gente; você, a única mulher dos filhos de Manoel Cardoso e Ritinha; você, tão amada pelos irmãos, pelo esposo, pelos filhos e netos, pelos amigos e pelo santanense, onde você nasceu e criou, você foi-se porque não quis ou não pode permanecer mais tempo entre nós. Será que só foi o querer que lhe arrancou do convívio entre nós? Será que você assumiu com seriedade a culpa pela morte de nossa mãe? Você não deveria carregar remorso nenhum, Mana; mas, mesmo sem explicação, você penitenciou e foi embora para mais nunca nos vermos. Seus irmãos não terão mais o prazer de "babar" com sua alegria, com seu amor por todos nós. Você e Manoel Messias nasceram no mesmo dia e, neste dia, nossa mãe deixou-nos, mas daí para você entender culpada é abissal a diferença. Aliás, o irmão gêmeo, Manoel Messias, passou poucos dias na terra, mas você não. Por que você foi, Mana?
Sei que todos sentem sua ausência a partir de hoje, mas eu, eu Mana, sofro muito com esta notícia que ainda teimo em acreditar. Mas, como duvidar, se todos estão falando que você morreu e até marcaram data para sepultamento? Vão-lhe enterrar, debaixo da terra, Mana, e, por mais que queira, nada posso fazer; nós não teremos nunca mais sua companhia, Mana. É esquisito isso, não estou entendendo nada, mas é o que falam e, de tanta conversa, começo a perceber que eu estou enganando a mim mesmo. Afinal, eu vou, Mana, no seu sepultamento. Sofrendo, sem querer, mas vou. Mana, será que você não se lembra que falamos ontem e você irradiante não deu sinal de que iria embora! Aliás, nem tocou neste assunto. Eu querendo despedir e você pedindo para falar mais. Será que este era o sinal de despedida? Será, Mana? Nem posso saber, pois você não responde mais nada. Minha pressa, no sábado, é que queria ver-lhe descansando, mas nós falamos por alguns minutos a mais. Mana, foi-se um "pedaço" de mim, de Antonio, o irmão mais velho, que teima em acreditar nesta história que corre entre os irmãos, até entre seus filhos e entre seus amigos. Afinal, Mana, a notícia é verdadeira, pois já estou arrumando para presenciar ver enterrar-lhe debaixo do solo. Você, já não está entre nós, Mana, tenho de acreditar nesta dura verdade.
Vá, Mana, encontre com seu pai, com suas duas mães, com seus irmãos, e tenha nova vida. Veja como você era querida, pois tinha duas mães e as duas partiram antes de você. Mas que nova vida é essa, Mana? Não sei e não tenho resposta. Nunca mais vou-lhe ver, Mana! Adeus, Mana!
Salvador, 06 de dezembro de 2020.
Antonio Pessoa Cardoso.