O jurista Francisco Rezek, com cinco décadas de atuação no Direito Internacional, avalia que a atual ordem geopolítica mundial atingiu um nível inédito de degradação, sem precedentes nem mesmo durante as grandes guerras. Para ele, o desprezo aberto à ONU e à ordem jurídica internacional revelam um cenário infame, mas também indicam um ponto de saturação global diante da injustiça e da arbitrariedade. Rezek afirma que Donald Trump, ao romper com a hipocrisia histórica da política externa dos EUA, expôs de forma crua a vocação imperialista norte-americana, agindo sem medidas ou limites. O jurista destaca que o tarifaço imposto ao Brasil é um ato deliberado de retaliação de Trump, motivado pela ascensão dos Brics e pela insatisfação com o tratamento dado a Jair Bolsonaro após os ataques de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, a China, a Índia e a África do Sul são os países com os quais o Brasil deve buscar parcerias para construir um mundo mais justo. Apesar das dificuldades, Rezek acredita que o Brasil mantém uma imagem positiva no cenário internacional, como uma nação que não carrega remorsos históricos de agressões a outros povos.
Sobre as tarifas, Rezek afirma que elas violam convenções internacionais e que os EUA agem cientes de sua impunidade, sem temer retaliações. Ele acredita que não há margem para negociação com quem não demonstra vontade de dialogar, e que a solução virá com o tempo, à medida que a resistência e a busca por novas alianças comerciais fortalecerem o Brasil. Rezek critica também a conivência do Congresso e da Suprema Corte dos EUA, que permitem as extravagâncias de Trump. Mesmo sem uma saída brilhante no curto prazo, ele aposta que a dignidade e firmeza do Brasil trarão frutos futuros.
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