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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

CHINA AFASTA DOS EUA



A China decidiu congelar todos os novos investimentos empresariais nos Estados Unidos, suspendendo indefinidamente aprovações para aquisições e projetos do tipo greenfield, mesmo os de pequeno porte. A medida ocorre em meio a um novo capítulo da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, sem previsão de reversão. Apesar do impacto econômico direto ser limitado no curto prazo — já que o investimento chinês nos EUA caiu de US$ 46 bilhões em 2016 para US$ 3,2 bilhões em 2024 — o gesto simboliza um rompimento estratégico. A China abandona a interdependência econômica como antídoto para tensões, priorizando a autossuficiência tecnológica e o controle sobre o capital privado, enquanto os EUA, por sua vez, restringem a entrada de capital chinês em setores estratégicos, como semicondutores e veículos elétricos. Leis como o CHIPS Act e a Lei de Redução da Inflação, do governo Biden, dificultam ainda mais os investimentos chineses, tendência que deve piorar sob uma eventual nova presidência de Donald Trump.

Estados americanos com fortes laços econômicos com a China, como Califórnia, Texas, Nova York, Michigan e Carolina do Norte, sentirão os efeitos do congelamento, especialmente em suas cadeias produtivas e inovação. Embora ainda não haja um desacoplamento completo, que poderia custar até US$ 190 bilhões anuais ao PIB dos EUA, perdas já passam de US$ 10 bilhões em setores como semicondutores, que podem perder até US$ 124 bilhões e mais de 100 mil empregos. A decisão chinesa marca uma mudança de paradigma nas relações econômicas globais, transformando o investimento estrangeiro de símbolo de abertura e confiança em instrumento de disputa geopolítica. O capital, antes visto como elo de aproximação, agora se torna ferramenta de distanciamento, sinalizando um mundo onde pragmatismo e interesses mútuos deixam de ser garantias, e o fluxo de dinheiro passa a obedecer a uma lógica política e estratégica. 



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