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terça-feira, 1 de março de 2022

RÚSSIA X UCRÂNIA E O MUNDO (III)

O presidente Jair Bolsonaro está feito uma mula sem cabeça, nas declarações que presta sobre a guerra da Ucrânia. Antes do conflito, o presidente brasileiro manifestou solidariedade à Rússia, no encontro que teve com Putin; no início da guerra, desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão, de prestar declarações, condenando a invasão. Agora, ele fala em neutralidade, mas o Itamaraty vota na ONU contra a guerra, ao ponto de o embaixador brasileiro ter declarado que a posição do Brasil "é de equilíbrio, não de neutralidade". O desequilíbrio é notado também, porque o embaixador brasileiro não boicotou o discurso do chanceler russo, posição diferente de quase todos os países, que se retiraram, quando Sergey discursou, na ONU. O Brasil, dentro desta incompreensível neutralidade manifesta contra o envio de armas pelos europeus e americanos à Ucrânia e contra as sanções econômicas e diplomáticas. Isso é neutralidade?  

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, pronunciou seu discurso na ONU em um plenário vazio, diante do boicote e do isolamento de seu país, por parte de todo o mundo, ressalvando Cuba, Venezuela, Nicarágua e a confusa posição do governo brasileiro. O ministro diz que Volodymyr Zelensky perdeu as condições de governar a Ucrânia, mesmo com o percentual de mais de 90% do povo, aplaudindo a condução que ele exerce neste momento de agressão dos russos. Assegurou que a "Rússia está pronta para reagir às sanções internacionais, mas não explicou sobre o derretimento do rublo e das bolsas de valores". 

O mundo já aplicou punições à Rússia, deixando-a isolada na sua fúria animalesca contra a civilização. O tráfego aéreo foi fechado, as operações financeiras estão levando o país à quebradeira, o congelamento de suas reservas incentivam empresas a desistirem de investir no país, os eventos esportivos e os patrocínios retiram os russos da boa convivência com o mundo. Enfim, a segregação da Rússia do mundo civilizado torna-se a punição mais severa, aplicada a um país, desde a II Guerra e, talvez o povo não merecesse, a despeito das manifestações populares contra a guerra, em diversas cidades russas. Enfim, há uma reação financeira, social e cultural contra o ato indigesto do que se tornou o carniceiro da Rússia, Vladimir Putin. 

Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba e o presidente do país, nos discursos no mesmo ambiente do pronunciamento do ministro da Rússia, foram aplaudidos de pé, e disse Kuleba ser necessária a "desputinização" do mundo"; "Putin era um criminoso que todos temiam. Mas no final, das contas, todos queriam colocá-lo em seu devido lugar, mas não tinham coragem ou força suficiente para fazê-lo"; assegurou que é possível reagir às agressões russas. Pediu a intensificação das sanções contra a Rússia, a exemplo do boicote dos produtos russos. Reclamou "3 objetivos diplomáticos principais - armas, sanções e ajuda humanitária - e além disso trabalhar para livrar o mundo dos agentes de Putin, limpar essa ideologia política econômica "putinista".

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, telefonou para o chanceler ucraniano e manteve diálogo, no qual expressa solidariedade e promete envidar esforços para interromper a guerra. Pequim é aliada de Moscou, não condenou a invasão, nas reuniões do Conselho de Segurança da ONU, mas o chanceler mostrou-se "extremamente preocupado com os danos aos civis", ante o ataque russo. O presidente Wi Jinping, em conversa com Putin, manifestou sua posição nesse sentido, principalmente para que haja solução do conflito por meio de negociações. A reunião dos representantes da Rússia e da Ucrânia, ontem, não teve avanços, mas as partes prometem um segundo encontro. 

O Uruguai saiu na dianteira, quando retirou o canal russo de TV RT de sua plataforma digital pública. O governo uruguaio diz que tomou esta providência, porque o canal divulga fake news e desinformação sobre a guerra contra a Ucrânia. Antes, o YouTube bloqueou a imprensa estatal russa na Europa, removendo os canais das agências Sputnik e RT de sua plataforma; a mesma medida foi anunciada pelo Facebook, bloqueando o conteúdo das redes russas de informação na Europa.     

Guarajuba/Camaçari, 1º de março de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.   




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