O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, apequenou e sujou sua biografia ainda mais, quando se dirigiu a alguns ministros do STF para propor viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos a fim de negociar com Donald Trump sobre a tarifa indigesta imposta aos produtos brasileiros para entrada nos Estados Unidos. O governador paulista trilhou o mesmo caminho de Trump, quando este misturou economia com política; o imprevisível governante americano declarou que o ato tarifário envolvia também questões políticas e reclamou o encerramento do processo contra seu pupilo, Jair Bolsonaro. Trump errou na previsão de que a Justiça brasileira iria acatar sua infeliz sugestão. A Suprema Corte americana tem precedentes para animar o americano a pedir medidas injustas, mas no Brasil isso não ocorre com a simplicidade e frequência que se registra nos Estados Unidos. A composição da Corte americana, seis magistrados indicados por republicanos contra dois apontados por democratas, mostra o caminho dos julgamentos, com a certeza que não se registra entre membros da Corte brasileira.
Tarcísio fez a proposta, certamente sugestionado por Bolsonaro, com a intenção induvidosa de evitar o cumprimento de pena que seu parceiro enfrentará com a Justiça brasileira. A viagem do ex-presidente para os Estados Unidos, visando amansar o ímpeto vingativo de Donald Trump, serviria para obtenção de impunidade, com a concessão de asilo que conseguiria logo ao pisar em solo americano. Bolsonaro deverá ser condenado a pena justa pela tentativa de golpe de estado armado no Brasil, crime que também cometeu seu líder americano. Neste ponto, a Justiça brasileira funciona melhor que a americana, porquanto por lá os magistrados esperaram até Trump conseguir eleger-se para suspender andamento de seus processos criminais e fiscais. Os ministros não foram levados pela argumentação de Tarcísio que cegou em busca de apoio político de Jair Bolsonaro. A inocência de Tarcísio cicatriza a ideia de que ele não tem preparo para dirigir o país, pois deixa-se levar por questiúnculas inadmitidas para o chefe de uma nação.
A tarifa para entrada de produtos brasileiros nos Estados Unidos foi a maior entre as 22 nações já comunicadas pelo presidente americano. A última foi destinada para oito países: Argélia, Brasil, Brunei, Filipinas, Iraque, Líbia, Moldávia e Sri Lanka. A tarifa apontada por Trump variou de 20% a 50%, sendo a maior a do Brasil, com início previsto para 1º de agosto. A carta do presidente americano encaminhada ao presidente brasileira declara ser "vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente Bolsonaro, como se ele tivesse preparo para saber distinguir acerca da apreciação de um processo na Justiça. Além desse argumento, Trump invocou a alegação mentirosa de decisão sobre "ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos" Como Trump tem moral para afirmar que o Brasil promoveu "ataques insidiosos contra eleições livres"!? Enfim, é a mentira de um governante que é tido como mentiroso contumaz. O governador de São Paulo deveria dedicar-se à direção de seu estado principalmente no que se refere à violência que campeia por lá.
Salvador, 13 de julho de 2025.
Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
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