Apesar do sucesso externo, a produção depende de cerca de 32 mil pescadores artesanais, em sua maioria de baixa renda e escolaridade. Muitos utilizam embarcações simples, sem refrigeração, e vendem a intermediários (“marchantes”) ou aos donos dos barcos. No outro extremo, a pesca de atum e lagosta envolve barcos mais equipados, mas ainda assim modestos.
A renda é baixa: 88,5% recebem menos que um salário mínimo. Mulheres representam 36% dos pescadores. Especialistas apontam que eles são o elo mais frágil da cadeia e tendem a sofrer mais com a tarifa americana, já que podem ser pressionados a vender por valores ainda menores.
Colônias locais relatam apreensão entre os trabalhadores, temendo queda nos preços. O governador Elmano de Freitas anunciou medidas para mitigar os efeitos, como destinar pescados a programas sociais, mas sem pagar preço de exportação.
O declínio da pesca industrial no Ceará decorre da superexploração, que reduziu populações de espécies como lagosta. Hoje, apenas Pará e Santa Catarina concentram pesca industrial relevante; no país, predominam os cerca de 2 milhões de pescadores artesanais.
Embora o litoral brasileiro seja extenso, não é abundante em peixes, diferentemente do Peru, que produz até 9 milhões de toneladas, contra 800 mil do Brasil. Para especialistas, o momento pode ser oportunidade de diversificar mercados, como a União Europeia, que suspendeu compras do Brasil em 2017 por questões sanitárias.
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