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domingo, 24 de agosto de 2025

SOLDADOS RETORNAM DA GUERRA COM TRANSTORNOS MENTAIS

A maioria dos soldados russos evita terapia, conta Tatyana, psicóloga voluntária do projeto Family Hearth. Eles dizem que ela não pode entender o que viveram na linha de frente e preferem beber com amigos. Milhares retornam da Ucrânia com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), mas faltam políticas eficazes de apoio. O retorno à vida civil pode gerar agressividade, e muitos recorrem ao álcool. Em um ano, apenas oito soldados buscaram ajuda com Tatyana. Moscou não divulga dados atuais, mas Putin disse que mais de 1,1 milhão estiveram na frente de combate desde 2022. O Centro Bekhterev estima que até 17% podem desenvolver TEPT em casos graves. O Ministério da Saúde abriu 2.700 escritórios de aconselhamento, mas os recursos são insuficientes. Yana, outra psicóloga, explica que atua em um ambiente repressivo, onde críticas à guerra são arriscadas. Segundo ela, veteranos a testam em sessões, mas a maioria quer apenas que a guerra acabe. Além de soldados, criminosos condenados também foram enviados ao front, muitos recrutados pelo grupo Wagner.

Após 2022, o serviço militar se tornou praticamente ilimitado. Crimes cometidos por veteranos aumentaram: entre 2022 e 2024, ao menos 242 pessoas foram mortas e 227 ficaram feridas. Um estudo do Ministério do Interior apontou crescimento de crimes graves desde o início da guerra. Psicólogos como Matvey relatam aumento de dependência de álcool entre soldados traumatizados. O tratamento é precário: pacientes ficam no máximo duas semanas em clínicas, sem terapias eficazes de longo prazo. Putin chegou a sugerir terapia obrigatória, mas nada foi implementado. A escassez de psicólogos agrava o problema: há apenas 4 a 5 por 100 mil habitantes, muito abaixo dos padrões internacionais. Ainda assim, alguns profissionais afirmam notar progressos em civis, refugiados e famílias de soldados, que após 10 sessões relatam melhora. Tatyana conclui: “Não temos uma organização nacional. Quem precisa de ajuda deve depender de voluntários ou enfrentar sozinho seu trauma.” 

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