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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

LEI DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou por unanimidade e o prefeito Sebastião Melo sancionou, em 23/11, lei escrita por uma ferramenta de inteligência artificial. O Projeto de Lei isenta moradores de cobrança sobre substituição do mediador de consumo de água, no caso de furto e a redação desta lei originou-se da ChatGPT, da empresa OpenAI. A revelação do fato ao prefeito, aos outros vereadores, afora o autor, só foi anunciada depois que o Projeto tornou-se lei. O vereador Ramiro Rosário disse: "Nossa estratégia foi não comentar com ninguém que havia sido feita por inteligência artificial, justamente para deixar tramitar normalmente e fazer esse experimento". A criação do projeto de lei deu-se porque o vereador pediu ao ChatGPT para criar uma "lei municipal para a cidade de Porto Alegre, com origem legislativa e não do executivo, que verse sobre proibição de cobrança do proprietário do imóvel o pagamento de novo relógio de medição de água pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) quando este for furtado". 

Como resposta a ferramenta apresentou oito artigos e uma justificativa enviados para a Câmara de Vereadores da cidade; o texto passou por revisão, correção ortográfica e adequação à linguagem legislativa pela seção de Redação Legislativa, aprovado pelas comissões e submetido ao plenário. A inteligência artificial propôs prazos e incluiu o artigo que não foi originado dos vereadores. O vereador Ramiro ironiza: "Já me perguntaram: e agora, qual é o próximo passo? Vão acabar os políticos? Não sei, mas diminuir, quem sabe...".

 

LINGUAGEM SIMPLES NO JUDICIÁRIO

Na próxima semana, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF e do CNJ, lançará o Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples, no 17º Encontro Nacional do Poder Judiciário, que acontecerá em Salvador, nos dia 4 e 5 de dezembro. O Pacto aborda ações, iniciativas e projetos para serem desenvolvidos em todos os segmentos da Justiça e em todos os graus de jurisdição e visa o trabalho e a comunicação jurisdicional. O objetivo é adotar nas decisões judiciais linguagem didática, simples, direta e compreensível. No ajuste, os tribunais deverão comprometer a "eliminar termos excessivamente formais e dispensáveis à compreensão do conteúdo, adotar linguagem direta e concisa nos documentos, comunicados públicos, despachos, decisões, sentenças, votos e acórdãos e explicar, sempre que possível, o impacto da decisão ou julgamento na vida do cidadão".       

Prevê-se também o uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras), de audiodescrição e outras ferramentas. No encontro deverão ser aprovadas metas para o ano de 2024, visando melhoria da prestação de serviços aos cidadãos.  

 

MÉDICO DIZ "CHINESA DOS INFERNOS" E É PRESO

O médico Jesse Bisconsin Torres foi preso pela Polícia Federal, na terça-feira, 28, quando embarcava no aeroporto de Guarulhos para Manaus. Ele foi liberado, depois da audiência de custódia, mediante fiança de R$ 10 mil e é suspeito do cometimento do crime de xenofobia contra uma mulher chinesa, conforme decisão do juiz federal Alexey Suusmann Pere. O passageiro empurrou a mulher e chamou de "chinesa dos infernos", quando se acomodava no assento, segundo a Polícia Federal. O médico vai responder pela prática do crime de injúria racial, fixado na Lei 7.716, que trata do racismo, e poderá ser apenado com até cinco anos de reclusão, além de multa. O caso foi iniciado com a abertura de inquérito policial.   

Na decisão, o juiz escreveu que "por mais grave que seja o crime imputado à pessoa presa em flagrante, a sua prisão processual não pode servir de antecipação da pena". Adiante: "Não vislumbro elementos concretos que demonstrem que a permanência em liberdade do indiciado possa inviabilizar a instrução criminal, comprometer a ordem pública ou frustrar a aplicação da lei penal". Foi determinado o recolhimento do passaporte do indiciado.   

 

PEDIDA SUSPENSÃO DE PENDURICALHO PARA JUÍZES

Em representação do Ministério Público, junto ao Tribunal de Contas da União, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, pediu apuração de irregularidades e suspensão do pagamento dos benefícios concedidos a juízes federais e do trabalho. O documento questiona resoluções aprovadas pelo Conselho da Justiça Federal, CJF, e pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, CSJT, aumentando a renda dos magistrados. A denúncia originou-se do jornal Folha de São Paulo que apontou o benefício outorgado por excesso de serviço, ampliada a vantagem mesmo para juízes que recebem menos processos. Junto a isso, foi instituído mais uma regalia, consistente no acúmulo de função administrativa, como direção do fórum, integração em comissão temática ou ainda como juiz auxiliar. A Folha mostrou que um juiz do trabalho "em início de carreira ganha R$ 33,9 mil. Cada benefício pode resultar em um adicional de até um terço sobre o salário mensal, de mais de R$ 11 mil. Os dois bônus são cuculáveis".        

As benesses são justificadas como meio para equiparar a carreira dos magistrados com os membros do Ministério Público, que já recebem gratificação por acumulação de funções administrativas e processuais extraordinárias. Na petição do subprocurador está escrito: "A situação atual é a de que juízes federais e juízes do trabalho passaram a se beneficiar com gratificação definida ilegalmente via resolução e em acúmulo ilegal ao subsídio que já era percebido pelas carreiras". Adiante: "Saliento que é clara a ilegalidade dessa concessão de vantagem a tais carreiras por via administrativa. A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu art. 37, inciso X, que a remuneração dos servidores públicos e o subsídio dos membros do Poder somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso". 

 

RESPONSABILIDADE DA IMPRENSA POR ENTREVISTAS

O STF definiu que a imprensa pode ser responsabilizada pela publicação de entrevistas com indícios de falsidade. Todavia, a obrigatoriedade de responder por tais atos depende da análise dos casos concretos. Uma das tarefas da imprensa para evitar punição consiste no cuidado que deve ter para as publicações e as circunstâncias das entrevistas ao vivo. O STF aprovou ontem, 29, tese que prevê a responsabilidade e remoção do conteúdo por "informações comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas, e em relação a eventuais danos materiais e morais". Duas condições para a responsabilidade ser atribuída à imprensa: se "havia indícios concretos da falsidade da imputação" e se "o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos e na divulgação da existência de tais indícios". 

A decisão deixa em aberto sobre a interpretação que se possa oferecer acerca dos "indícios concretos de falsidade", e sobre a responsabilidade nas entrevistas ao vivo, além de outras dúvidas levantadas pelo mundo jurídico, a exemplo de querer obrigar a imprensa a investigar todas as notícias que publica.     

 

MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 30/11/2023

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Jurista brasileiro é novo vice da corte da OEA

Rodrigo Mudrovitsch é a segunda pessoa mais jovem a se tornar juiz do colegiado. Também é o segundo mais novo (com apenas 38 anos) a assumir um dos cargos mais importantes da instituição

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Menos político, mais 'jurista': a estratégia de Dino para quebrar resistência na corrida ao STF

Parlamentares aliados de Bolsonaro, 
no entanto, adiantaram que sequer 
vão receber o indicado à Corte


FOLHA DE SÃO PAULO

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

RADAR JUDICIAL

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA PEC

Deputados analisam o ingresso de Mandado de Segurança contra a tramitação da PEC, aprovada no Senado, e que seguiu para ser submetida à Câmara dos Deputados. A PEC limita decisões monocráticas de ministros.  O STF conta com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira, para segurar a PEC e ministro já declararam que o Projeto é inconstitucional. 

EDITAL ABRE VAGA PARA DESEMBARGADOR

De conformidade com edital, publicado hoje, 29, a vaga para o cargo de desembargador com a aposentadoria do desembargador Adenilson Barbosa dos Santos, será preenchida pelo critério de merecimento, e as inscrições serão abertas no período de 1º a 5 de dezembro. Provisoriamente, a juíza Marta Moreira Santana ocupa a cadeira, na condição de juíza substituta de segundo grau.  

DIVÓRCIO DE ANA HICKMANN É NEGADO

A ex-modelo Ana Hickmann ingressou na 1ª Vara Criminal e de Violência Doméstica e Familiar  contra a Mulher, em São Paulo, face ao empresário Alexandre Correa, mas o juiz titular negou, sob fundamento de que o divórcio envolve questões de alta complexidade. O marido de Hickmann é acusado de violência doméstica e a ex-modelo pediu medida protetiva. A ação foi redistribuída para uma Vara da Família e Sucessões. Consta em trecho da decisão: "Assim, verifico que a proteção da mulher, que se encontrava em situação de vulnerabilidade perante a lei, especialmente da Lei 11.340/06, cujos requisitos legais para efetiva proteção por este Juízo, já foram conhecidas nos autos nº 1503796-37.2023.8.26.0286 e que eventuais questões discutidas no presente são, de fato, atinentes à competência da Vara da Família e Sucessões e, portanto, não serão objeto de discussão por este Juízo".  

SUSPENSA AÇÃO PENAL NA ASSEMBLEIA

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina suspendeu ontem, 28, ação penal contra o deputado estadual Jessé Lopes, acusado de ofender nas redes sociais o juiz João Marcos Buck, em Joinville/SC. O total de 26 deputados foram favoráveis à suspensão e apenas quatro contrários. A ação só será retomada, quando o deputado deixar o mandato. Em janeiro/2021, nas redes sociais, o parlamentar declarou: "Ainda não temos vacina nem para todos os idosos, e o juiz energúmeno já está pedido (sic) para vacinar os vagabundos". O deputado foi obrigado a apagar as postagens, de acordo com decisão judicial.  

JUSTA CAUSA POR SEXO NO SUPERMERCADO

A juíza da 5ª Vara do Trabalho de Contagem/BH, Jordana Duarte Silva, manteve a dispensa por justa causa de um empregado que teve relações sexuais com uma colega nas dependências de um supermercado. O homem ingressou com ação para reverter a justa causa e o pagamento de verbas rescisórias, face a dispensa imotivada; não negou a relação sexual, mas alega que não seria motivo para justa causa, mesmo porque já foi punido pelo mesmo motivo. Escreveu a magistrada na sentença: "não há razões para considerar que houve aplicação de dupla penalidade ou a caracterização do perdão tácito, pois restou demonstrado que não houve aplicação da pena de suspensão, apenas afastamento do autor para apuração dos fatos, mantida a sua remuneração, sendo razoável o tempo transcorrido entre a falta e a aplicação da penalidade". A juíza manifesta que a conduta justifica a dispensa imediata por justa causa. A sentença foi confirmada pela Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais.   

COMISSÃO APROVA NOVOS INTEGRANTES DO CNMP E CNJ

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou hoje os dois nomes indicados para integrar o Conselho Nacional do Ministério Público, no biênio 2023/2025. Foram aprovados os nomes de Cíntia Menezes Brunetta, com 27 votos e o procurador Edvaldo Nilo de Almeida, com 25 votos. Na mesma oportunidade foram acolhidos para o Conselho Nacional de Justiça os nomes de Daiane Nogueira de Lira, Mônica Autran Machado Nobre, Daniela Pereira Madeira, José Edivaldo Rocha, Renata Gil de Alcântara Videira, Guilherme Augusto Caputo Bastos, Alexandre Teixeira de Freitas Bastos Cunha e Guilherme Guimarães Feliciano. Os nomes dos escolhidos seguirão para o Plenário decidir.

Salvador, 29 de novembro de 2023.

Antônio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados. 


ADVOGADA REGISTRA ASSÉDIO DE UM CLIENTE

A advogada A.K., de Goiânia, 35 anos, recebeu, na quarta-feira, 22, no escritório, um cliente de Caldas Novas/GO, para entregar-lhe procurações; depois de conversarem sobre os processos e procedimento, o homem, J.P, de 75 anos puxou a advogada para beijar-lhe na boca, à força. A causídica registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa e Proteção à Mulher, onde registrou o boletim de ocorrência; ela pediu medida protetiva contra J.P., concedida pelo juiz Flávio Pereira dos Santos Silva. O idoso declarou que iria em casa "pegar o (revólver) 38 e ir atrás" da advogada. Na véspera da ocorrência, JP, dono de uma imobiliária fez comentários de baixo calão e foi filmado com peças, juntadas no processo. Daí em diante ela repassou para um advogado, sócio do escritório, receber o homem, que é cliente do escritório.  

No depoimento, a advogado declara que os assédios começaram em julho, meses antes do início da consultoria cível. No Cartório, em Caldas Novas, J. P. apresentou A. K, como noiva, mas ela disse que era advogada. Em áudios, o cliente manifesta desejo de beijar a boca da advogada. P.P em nota declara que "a verdade dos fatos será demonstrada no inquérito policial e que o acusado está à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos".   

 

JUÍZA EXIGE "EXCELÊNCIA"

A juíza da Vara da Justiça do Trabalho, em Xanxerê/SC, Kismara Bustolin, em audiência, chama a atenção de uma testemunha, aos gritos, pedindo para que ele responda a ela sobre as indagações. A testemunha é orientada pela magistrada para falar assim: "O que a senhora deseja, excelência?" O homem pergunta se é obrigado a dizer desta forma e Bustolin responde que "se ele não fizer isso, o depoimento terminará e não será considerado". A magistrada chama a testemunha de "bocudo" e suspende a videoconferência. O advogado tenta explicar, mas a juíza informa que interrompeu a audiência, porque a testemunha faltou "com respeito" e "não cumpriu com a urbanidade e educação". 

O fato aconteceu em 14 de novembro, mas somente agora repercutiu na mídia, causando manifestação da OAB/SC, pedindo apuração e providências à Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. Em trecho, reclama a entidade que a magistrada "apresentou atitudes e comportamentos agressivos para com os advogados, partes e testemunha".         


 

JUSTIÇA DO TRABALHO: PENDURICALHOS

Os juízes trabalhistas, mesmo aqueles que recebem menos processos, passarão a receber acréscimo nos salários, referente ao benefício por excesso de serviço, denominada gratificação por exercício cumulativo de jurisdição. Trata-se do recebimento de mais de 1.500 novos processos anualmente. Além disso, foi criado mais um prêmio, consistente no acúmulo de função administrativa, a exemplo de diretor do fórum ou integrar comissão, ou ainda ser juiz auxiliar. Para esse penduricalho, a ANAMATRA assegura que uma "ação trabalhista pode conter múltiplo pedidos - como hora extra, verbas rescisórias e FGTS", tornando a "sentença trabalhista - e também o julgamento de seus recursos - uma peça processual exaustiva". O salário atual, no início da carreira, é de R$ 33,9 mil, mas com o penduricalho, pode resultar em mais R$ 11 mil, vez que este bônus não é impedido pela Constituição e não é atingido pelo Imposto de Renda.

Interessante é que o relator, Paulo Barrionuevo, concordou em parte com o argumento da ANAMATRA, quando diz que "as demandas trabalhistas possuem pluralidade de pedidos e partes, os atos processuais executórios são complexos, sobressaindo grande quantidade de incidentes, o que exige do magistrado esforço e atenção". Todavia, o conselheiro entendeu "razoável" a fixação de 750 processos por ano, para o magistrado fazer jus ao benefício. Em torno de 90% dos juízes federais de primeiro grau da Justiça do Trabalho recebem o bônus, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União. Esse penduricalho da Justiça do Trabalho já foi elastecido para os juízes das outras esferas e para o Ministério Público, de conformidade com ato do CNJ.