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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

D. NANINHA VIAJOU SEM RETORNO!

D. Naninha partiu, deixando filhos, netos, genros, noras, parentes e amigos, e rumou para bem longe sem que possamos ter mais seu convívio e muito menos seu endereço. Já não vive entre nós, mas durante toda a passagem pela Terra, ocasionou muitas boas recordações, plantou inúmeras e genrosas ações, principalmente para aqueles que conviveram nas suas proximidades. D. Naninha assumiu a condição de mãe para mim, desde os momentos iniciais da aproximação com sua filha e futura minha esposa. É que perdi a mãe muito cedo e até hoje, depois de mais de 70 anos, sinto sua falta. Partiu, porque atendeu ao chamamento de tantos que já se foram. Deslocou-se para junto do marido que antecedeu à sua viagem sem retorno. Não consigo compreender o ritual do enterro, jogando a pessoa para debaixo da terra, quando poderia ser outro o destino dos que se ausentam. A chegada do ser humano na terra é alvissareira, plena de alegria e celebrações festivas, mas a separação é alimentada por muitas dúvidas, cheia de liturgias incompreensíveis.  

A esposa, sua filha, os netos, meus filhos, viajaram para Santana, onde vai ocorrer o sepultamento que não consigo aceitá-lo. Sofro com o fato de presenciar pessoas tão boas, recebendo tratamento tão severo de serem enterradas, terra sobre seu corpo. O homem atrasa na descoberta sobre futuro mais alegre e mais condizente com o humano, mesmo depois de perder a condição de vida. Minha ausência não é falta de amor, pois sua presença sempre irradiou alegria e o maior presente que me deixou consistente no encantamento, quando procurei aproximar da família, através de sua filha, com quem convivo por mais de cinquenta anos como companheira e mãe dos meus filhos. Quantas reminiscências, quando frequentava sua casa, com aceitação prazeirosa daquele que terminou tirando-lhe a filha do convívio para formação de nova família! O tratamento cordial, regado a doces e agrados de toda natureza, ainda perduram na minha mente. A esposa e filhos viajaram para dar o adeus final, e presenciar o sepultamnto, mas fiquei sozinho em casa e sofro e choro sua morte. A fraqueza apossa-se de mim, quando vejo pessoas tão boas com despedidas tão selváticas.  

D. Naninha só plantou o bem; mulher caridosa ajudou, como poucos, à pobreza; religiosa de muita fé e frequentadora assídua da Igreja de Sant'Ana, na sua terra natal, com participação efetiva e diária nos ritos religiosos; soube criar os filhos e teve envolvimento constante na formação dos netos; trilhava o caminho do bem e todos tinham verdadeira devoção e respeito pela bondoza mãe, inigualável vó, compreensiva mulher e amiga de todos. Os netos lembram e emocionam com seu carinho, em alguma passagem da vida que tiveram em Santana, onde D. Naninha sempre viveu. Traz-me a recordação de sua presença no nascimento do último filho, Pablo, em Barreiras. Foi quem nos deu força para os primeiros momentos da vida do neto, depois que deixamos Santana. Era presença permanente na criação de todos os nossos filhos, fundamentalmente nos momentos que mais precisamos do seu apoio.     

Enfim, o conforto do passado cicatriza os passos do presente e do futuro e este refrigério foi concebido nos seus gestos, nas suas palavras e nos seus carinhos.

Salvador, 22 de dezembro de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados. 


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