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segunda-feira, 18 de março de 2024

SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO: "A VERDADE NÃO ABSOLVERÁ"

Dora Kramer

Jornalista e comentarista de política

SALVAR ARTIGOS

Dora Kramer

FORÇAS ARMADAS  ATAQUE À DEMOCRACIA

Quando militares revelam urdiduras do golpe, cai a versão de perseguição política.

O avanço das investigações, o que vai sendo revelado pouco a pouco sobre as preparações golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nos mostra muita coisa.

Também já torna possível que pessoas presentes na avenida Paulista em 25 de fevereiro para corroborar a tese da injustiça considerem a hipótese de terem sido enganadas.

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Jair Bolsonaro e o general Freire Gomes, último comandante do Exército no governo do ex-presidente - Gabriela Biló/Folhapress - Folhapress

Não digo os fanáticos nem os adeptos da ruptura institucional, mas aqueles que por alguma razão acreditavam que Bolsonaro fosse vítima de narrativa oposicionista. Os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica à Polícia Federal não permitem que se fale em perseguição política.

O general Freire Gomes e o brigadeiro Batista Júnior foram escolhidos pelo então presidente por serem afinados com ele. Substituiu militares dados como simpatizantes da esquerda, os chamados "melancias", no intuito de aliar procedimentos.

Portanto, não sendo políticos de profissão, a motivação deles para dizer o que disseram à PF guardou relação apenas com os compromissos de elogio à verdade e à fidelidade aos preceitos inerentes às prerrogativas das fardas estreladas.

Dos relatos se depreende a evidência de que houve mesmo uma tentativa de cooptar o estamento militar para uma ação golpista tanto antes quanto depois das eleições de 2022.

Ficamos sabendo que, no final daquele ano, Bolsonaro não estava doente (com erisipela) nem deprimido em função da derrota, como se dizia no entorno dele. Estava mesmo é conspirando para tentar achar um jeito de anular o resultado das eleições e continuar no poder.

Não conseguiu porque não teve apoio. E aqui conta a atitude legalista de militares, mas conta também a falta de anuência do Congresso, a firmeza do Supremo Tribunal Federal, o repúdio internacional e o gosto da maioria da sociedade pelo Estado de Direito.

A democracia resistiu, a verdade vem sendo posta e, dando tudo certo, não absolverá seus detratores.

 

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