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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

ISRAEL E A CARNIFICINA

Políticos ensaiam apresentação de pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, naturalmente, usando somente o critério de oposição política ao partido do presidente. Invocam o entrevero entre o primeiro-ministro e o chanceler de Israel com Lula, acerca de mensagem que repudiaram. Os parlamentares não avaliam a situação do embaixador Frederico Duque Estrada Meyer, humilhado pelo chanceler Israel Katz e debruçam na interpretação da fala de Lula, quando comparou o massacre do Exército de Israel contra os palestinos com o Holocausto na II Guerra Mundial. O presidente pode não ter sido feliz com a confrontação, mas aplaude-se sua manifestação pelo grito contra os abusos abusos que o governo do presidente Benjamin Netanyahu comete, indiscriminadamente, contra pessoas indefesas, como idosos, crianças e mulheres na Faixa de Gaza. O genocídio torna-se mais grave quando se sabe que o governo orienta os palestinos para deixar o norte de Gaza, ataca o sul e depois volta para atacar também o norte, em nítida intenção de ver sangue jorrar em Gaza.  

Os governantes de Israel vingam terrivelmente os princípios da diplomacia, quando o chanceler do país convoca o embaixador brasileiro para espezinhá-lo, covarde e ridiculamente, no Museu do Holocausto, onde passa a dar entrevista à imprensa sobre os mortos na 2ª Guerra. O representante brasileiro Frederico Duque Estrada Meyer permaneceu todo o tempo impassível, naturalmente abismado com a conduta do seu colega que lhe armou essa sinistra arapuca, porque deveria convocá-lo não para ser destratado em público, mas para conversa privada, buscando explicações sobre a manifestação do presidente brasileiro. A pretensão do governo israelense alcançou o objetivo, porque repercutiu em todo o mundo a desforra contra o Brasil. Não há registro de cenário semelhante à humilhação desferida pelo chanceler israelense contra o representante brasileiro. O governo sentindo o drama do seu servidor, apressou-se para chamá-lo.  

Na verdade, o presidente Lula tem dado declarações inconsistentes com a realidade, a exemplo da dúvida sobre o assassinato de Alexei Navalni, pelo governo russo ou do apoio aos governos da Venezuela e de Cuba, mas no caso do morticínio que se desenrola na Faixa de Gaza o presidente não mudou seu posicionamento de reprovação ao terrorismo do Hamas, ao tempo em que censura a atuação do governo de Benjamin Netanyahu. Longe as duas reações, pois enquanto o Hamas matava covardemente pessoas que estavam em uma festa, em nítida manifestação extremista, o governo israelense, que poderia dar o exemplo na sua conduta, sem usar a arma que condena, continua a praticar verdadeira carnificina contra crianças, idosos, mulheres civis e indefesas na Faixa de Gaza. São pessoas que nada tem a ver com o conflito, mas que recebem punição com destruição de suas vidas e de suas residências. O governo israelense age isoladamente sem ouvir qualquer admoestação seja da ONU, seja até mesmo do governo americano, parceiro de todas as horas. Alega que sua missão é matar todos os que militam sob o signo do Hamas; nesse desespero incontido, não observa quem está pela frente e são capazes de investir e matar cinco inocentes, desde que acabam com a vida de um terrorista, conforme cena que aconteceu, anteriormente em um hospital.   

A interpretação que se deu à fala de Lula foi antecipada pela manobra da imprensa, por Israel. O presidente brasileiro teceu comentários sobre a morte indiscriminada que o governo israelense adota na busca dos reais e dos imaginários terroristas. Lula condenou esse governo catastrófico de Netanyahu que quer continuar no poder e para tanto busca agradar parcela dos israelenses com atitudes alarmantes sem enxergar quem está pela frente, porque entende que todos são contra Israel. O secretário de Estado do Vaticano declarou que é preciso "parar a carnificina". O primeiro-ministro não tinha apoio dos israelenses, mas a guerra e sua motivação provocou o direcionamento para o autoritarismo e nada melhor do que a interpretação que emprestou à fala do presidente brasileiro. A ação de Netanyahu presta para lhe assegurar mais tempo no poder e impedimento de responder aos processos por corrupção que tramitam na Justiça do seu país. Em plena guerra registram-se protestos em Jerusalém, pedindo acordo com o Hamas para evitar a morte dos reféns, mas Netanyahu não quer paz, pois assim abrirá um flanco importante para movimentação de seus processos, que foi retomado no início deste mês.

Salvador, 22 de fevereiro de 2024.

Antônio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.
   


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