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domingo, 17 de abril de 2022

COLUNA DA SEMANA

São duas as mais importantes invocações de Bolsonaro para arregimentar seguidores: religiosidade e sem corrupção no seu governo. Ele mistura religião com política e aparece em cultos e nas missas para encantar os evangélicos e os católicos, sem se preocupar com a fé em uma ou outra seita. Com o objetivo eleitoreiro ele recebe a hóstia, na Igreja Católica, e é batizado entre os evangélicos. Aliás, o pastor que batizou o presidente, no rio Jordão, Everaldo, ficou preso por muito tempo, por determinação do STJ, acusado da prática de crime de corrupção. O pastor carioca Silas Malafaia é o evangélico mais próximo de Bolsonaro, no momento, mas os desmandos praticados no Ministério da Educação mostram que a proximidade do presidente é muito grande com os pastores evangélicos. Aliás, também Malafaia foi indiciado por suspeita de lavagem de dinheiro. Mas, tem uma vida incomum para quem segue os ditames de qualquer dessas seitas.   

Acerca da corrupção, ele não se cansa de gritar que em seu governo não tem corrupção, apesar das sucessivas denúncias que, quando chegam aos tribunais não se movimentam. Foi o que ocorreu, por exemplo, com o processo de cassação; o Tribunal, inexplicavelmente, negou-se em aceitar provas em processos no STF, certamente, para não complicar a vida do presidente; que dizer do processo que apurava a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal! Os casos de corrupção no governo e na família do presidente avolumam-se, mas Bolsonaro conta com a alegação de ser "cega" a Justiça e continua com suas presepadas, a exemplo da campanha antecipada, com motociatas e outros movimentos. 

As rachadinhas mostrou a contratação de funcionários fantasmas por Bolsonaro e os filhos, mas o "acordo" premiado entre o governo e o STF não permite movimentação deste processo, mesmo porque ele conta com a fidelidade do Procurador-geral da República, que aguarda ser ministro do STF. O Ministério Público já ingressou com processo para condenar Bolsonaro por improbidade administrativa, no caso Wal do Açaí, mas onde anda o processo? Bolsonaro e os três filhos vivem de política e o jornal Folha de São Paulo, em 2018, mostrou que a família teve expressiva evolução patrimonial; são proprietários de 18 imóveis, avaliados em R$ 15 milhões; e a aquisição do senador Flávio da mansão em Brasília por R$ 6 milhões? Não há explicação para a multiplicação do patrimônio da família, que não têm outra atividade que não seja a política. E as obras de reforma sem licitação, através de contratos firmados com empresas suspeitas, na Superintendência do Ministério da Saúde do Rio de Janeiro, segundo denúncia do Jornal Nacional? Os contratos foram suspensos, mas o superintendente, coronel da reserva George George Divério, perdeu o cargo. 

Bolsonaro sempre elogiou seus ministros, quando defenestrados por acusações de corrupção: as investigações sobre madeireiras sob suspeitas de contrabando no Pará, na administração do ministro Ricardo Salles, terminou com pedido de demissão do cargo, em junho/2021, mas o presidente assegurou que Salles era um ministro excepcional e que era vítima de setores do Ministério Público. E a corrupção sobre a importação da vacina indiana Covaxin, que importaria no pagamento de R$ 1,6 bilhão. Aliás, neste caso, o Procurador pediu arquivamento, indeferido pela ministra Rosa Weber. E o rumoroso caso dos pastores no Ministério da Educação, que transformou o órgão em balcão de negócios, causando a exoneração do ministro Milton Ribeiro; neste caso, Bolsonaro disse que "botava a cara no fogo por seu ministro". E o direcionamento de verbas, através da denominada emendas do relator? E as suspeitas sobre o líder de Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra, que foi indiciado pela Polícia Federal, e terminou deixando a liderança, por suspeita de receber propinas? 

Enfim, acaba-se com essa pregação de Bolsonaro de que no seu governo não há corrupção; mencionamos apenas alguns casos, mas têm outras trapalhadas no governo. 

Salvador, 17 de abril de 2022. 

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados. 
 

 


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