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domingo, 20 de novembro de 2022

COP27: SAIU O FUNDO DE PERDAS E DANOS

A COP27 teve inicio em 1995 e somente no ano de 2020 não foi realizada devido à pandemia. O objetivo do evento é implementar o combate à crise climática e atualizar. Os temas em discussão passam por transparência e finanças. No final do encontro, é apresentado um texto de consenso, além de outras decisões tomadas nos dias de trabalho. A decisão mais importante de todas as COPs foi em 2015, na França, com o Acordo de Paris, destinado a reformar a estrutura da economia mundial, combater as mudanças climáticas e evitar catástrofes, originadas dessas alterações climáticas. Outra COP mencionada com acordos importantes foi a COP26, em Glasgow, na Escócia. Nela veio o livro de regras do Acordo de Paris. 

Nesta COP de 2022, foi cercada de cuidados, por exemplo, quando se usou o termo "reduzir" ao invés de "eliminar" no consumo de carvão, como resultado do desentendimento entre China e Índia. Nesta documento foi incluída importância de conter o aquecimento global em até 1,5ºC, diferentemente do Acordo de Paris, que fixava em 2ºC; o limite de 1,5ºC impede o desaparecimento de países-ilha. No mercado de carbono internacional, foi aprovada a taxa de 5% sobre transação de créditos de carbono comercializados entre projetos do setor privado ou de ONGs. Outras COPs tiveram alguns acordos. A COP28 deverá ser realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, em 2023.             

A COP27 prosseguiu neste fim de semana para os últimos ajustes, face às necessidades de encontrar acordo entre os países com interesses distintos, daí o motivo pelo qual o encerramento oficial deu-se ontem, mas os trabalhos prosseguiram no sábado para concluir na madrugada deste domingo. O fundamento maior para a continuidade reside na aprovação do fundo internacional para reparação de perdas e danos climáticos dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas. A resistência era da União Europeia e Estados Unidos, mas chegaram ao acordo mais esperado pelos países mais pobres. Já no dia de hoje, domingo, 20/11, sai a notícia alvissareira de acordo celebrado com a criação do fundo para reparação de perdas e danos dos países atingidos pelas mudanças climáticas. No texto final está também citada a crise energética e o apoio a fontes fósseis de energia. Os países ressalvaram que o fundo será destinado aos países "particularmente vulneráveis". Esse evento foi apelidado de "COP da África", fundamentalmente pelo acordo no caso das perdas e danos. Na verdade, esse acordo foi concretização do que se previa em 1992, na Convenção do Clima da ONU, quando se definia que os "países com zonas costeiras baixas, áridas e semiáridas ou zonas sujeitas a inundações, secas e desertificação, e os países em desenvolvimento com ecossistemas montanhosos frágeis são particularmente vulneráveis a efeitos adversos das mudanças climáticas". O reconhecimento das necessidades dos países vulneráveis salvou a COP27 do fracasso.

O acordo foi melhor do que propôs a União Europeia, na quinta-feira, 17/11, quando destinava o fundo para "os países mais vulneráveis", expressão que poderia afastar economias de médio porte. A prioridade maior, evidentemente, direcionou-se para os países africanos, para os países-ilhas e para as 58 economias mais vulneráveis. O entusiasmo atingiu o representante da Aliança das Pequenas Ilhas e ministro do Meio Ambiente das ilhas Antigua e Barbuda, ministro Molwyn Joseph. Ele declarou: "Hoje, a comunidade internacional restaurou a fé global neste processo crítico dedicado a garantir que ninguém seja deixado para trás. Os acordos feitos na COP27 são uma vitória para o mundo inteiro". O início de funcionamento do fundo, entretanto, só deverá acontecer em 2024, porque será formado um comitê, em março/2023, para "definir os critérios do mecanismo, determinando quem deve pagar, de que forma, para quais países, em quais situações e prazos."  

A promessa dos países ricos dos US$ 100 bilhões foi lembrado a todo momento desta COP, mas o compromisso só deverá ser concretizado a partir de 2023. A eliminação dos combustíveis fósseis tornou-se difícil com a crise energética originada da guerra da Ucrânia, provocando o deslocamento dos europeus para a busca do carvão e novos investimentos em exploração de fontes fósseis em países africanos, visando afastar do fornecimento do gás russo. Com este cenário, crise energética sem precedentes, o texto final da COP não mencionou a eliminação dos combustíveis fósseis.   

Enfim, mais um evento, que se repete através dos anos, em busca da vida no Planeta!

Salvador, 20 de novembro de 2022.

Antonio Pessoa Cardoso
       Pessoa Cardoso Advogados.       




 

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