Há alguns anos, Muhammad Yaqoob Baloch quase deixou Keti Bandar, no sul do Paquistão, após rios e poços secarem. A falta de água potável e o fracasso das colheitas tornaram a vida inviável. Mais de 50 mil hectares ficaram improdutivos, levando moradores a abandonar suas terras. A situação mudou com a inauguração de uma usina de dessalinização pelo governo. Hoje, a população combina agricultura limitada com a criação de caranguejos em água salgada. O Paquistão integra um grupo crescente de países que recorrem à dessalinização diante do aquecimento global. Antes restrita a países ricos do Oriente Médio, a tecnologia se expandiu mundialmente. Segundo a Global Water Intelligence, 80% dos países já produzem água do mar dessalinizada. No Brasil, a produção cresceu 189% entre 2010 e 2025, chegando a 1,4 bilhão de litros por dia. Há usinas industriais em operação e projetos para consumo humano em São Paulo e Fortaleza. Este último gerou polêmica e teve o local alterado pelo governo do Ceará.Em Kuwait, Omã e Arábia Saudita, mais de 80% da água vem da dessalinização. A dependência é tamanha que conflitos regionais geram temor de contaminação das fontes. Apesar de 67% da Terra ser coberta por água, apenas 0,5% é doce utilizável, segundo a ONU. Relatório de 2023 alerta para um déficit de 40% na oferta até 2030. Má gestão e corrupção também agravam a escassez. Hoje existem mais de 20 mil usinas no mundo, em cerca de 160 países. A maioria da água produzida é destinada ao abastecimento humano. O setor cresce mais de 10% ao ano, liderado pelo Oriente Médio e Ásia. A dessalinização ocorre por osmose reversa ou por processos térmicos. Os custos caíram até 90% desde 1970, mas grandes usinas exigem altos investimentos. A salmoura descartada no mar é um dos principais impactos ambientais. Ainda assim, a tecnologia segue em expansão como resposta à crise hídrica global.
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