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segunda-feira, 18 de julho de 2022

SAIU NA REVISTA CRUSOÉ

Bolsonaro emporcalha o Brasil diante do mundo todo

Bolsonaro durante sua fala para diplomatas: ataque inédito à reputação do país

Depois de meses trabalhando dia e noite para abalar a confiança dos brasileiros nas urnas eletrônicas, o presidente deu hoje um passo além e tentou demolir a confiança dos países estrangeiros em nossa democracia  

18.07.22 17:46

Jair Bolsonaro encerrou há pouco sua apresentação para os representantes diplomáticos de cerca de 40 países. Depois de meses trabalhando dia e noite para abalar a confiança dos brasileiros nas urnas eletrônicas, ele deu um passo além: procurou demolir a confiança do mundo todo não só em nosso sistema eleitoral, mas na própria democracia brasileira.

Bolsonaro não disse apenas que não se pode confiar na votação que ocorrerá em outubro. Ele convidou os diplomatas estrangeiros a deixar a posição de estrangeiros e assumir o seu próprio ponto de vista. Melhor dizendo, tentou constrangê-los a tanto.

O presidente também mostrou o STF e o TSE como instituições irreparavelmente corroídas pela desonestidade e pelo partidarismo político. Edson Fachin foi descrito por ele como o “juiz que libertou Lula”. Luis Roberto Barroso, como o advogado do “terrorista Battisti”. Aquilo que já seria inapropriado do ponto de vista da relação entre poderes, torna-se inacreditável quando pronunciado diante de países estrangeiros.

O evento não constou da agenda oficial do presidente. Mas aconteceu num espaço oficial, contando com recursos oficiais. Para efeitos legais, aqui no Brasil, o candidato se misturou com o presidente. Mas para o mundo não há confusão nenhuma: os diplomatas que estiveram presentes ao evento levaram para seus governos a mensagem de que o Brasil voltou a ser uma república de bananas, um país ridículo com instituições ridículas – e ameaçado, sim, por um golpe militar. Acompanhado pela cúpula das Forças Armadas, Bolsonaro empregou o “nós” em pelo menos dois momentos, para se referir elas. Usou como pretexto o fato de ele ser o comandante supremo das Forças, mas o fato é que desde 1985 um presidente não apagava assim de maneira tão cabal a distância que deveria ser mantida entre ele e as instituições armadas.

O evento desta tarde poderia ser descrito como uma vergonhosa, absurda, grotesca lavagem de roupa suja em público. Mas o que Bolsonaro fez foi emporcalhar a imagem do país. É difícil saber se o Brasil conseguirá se recuperar desse golpe. Se o Congresso não considerar que desta vez Bolsonaro foi longe demais, talvez seja melhor assumir que estamos mesmo no inferno e deixar toda esperança do lado de fora. 

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