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quarta-feira, 1 de julho de 2020

EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS (III)

Na Supremo Corte, em Motevidéu
Em Salvador, matriculei-me no Colégio Central da Bahia, na Av. Joana Angélica, no mesmo lugar onde se encontra atualmente. Cursava o científico, visando tornar-me médico, mas no 3º ano mudei para o clássico, por um simples fato: andava pela Av. Joana Angélica, e bem ao lado do Convento da Lapa, uma moto, com duas pessoas, escorregou no asfalto, causando um acidente, sem maiores proporções, que só tomei ciência depois; o significado maior veio para mim que não dei socorro aos acidentados. Ao invés de verificar o que houve, apressei-me para distanciar do local, por puro medo de sangue. Esse fato tocou no meu ego e foi suficiente para entender que não deveria seguir a carreira de medicina, daí porque busquei um teste vocacional, existente num ponto que ficava bem de frente da atual Reitoria, no Canela. O resultado do teste vocacional foi a indicação para atividade comercial ou para direito; imediatamente deixei o científico e fui para o curso “clássico”. Estávamos no ano de 1963.

Matriculei-me num cursinho e estudei o terceiro ano clássico em um anexo do Central, nos Barris, já querendo tornar-me bacharel em direito; terminei o denominado curso clássico, em Salvador, em 1964; o vestibular, como sempre, é o algoz dos estudantes, que se submetem às provas escritas e orais. No ano de 1965, só existia uma Faculdade de Direito em Salvador e fui aprovado em todas as matérias, mas, no exame oral de História com um célebre e conceituado professor da área, que prefiro omitir seu nome, fui reprovado. Decepção indescritível, quando tomei ciência do resultado; História, exatamente a matéria que eu dominava, dizia eu arrasado! A sequência de acontecimentos mostra que perdi, não por falta de conhecimento, mas porque tive a audácia de discutir, no exame oral, com o professor, bastante respeitado e conhecedor da matéria.

Não me convenci de que estava errado, mas essa conduta de enfrentar o “papa” da matéria eliminou-me do sonho de estudar na Bahia. Para tirar minha dúvida matriculei-me numa Faculdade de Sociologia, que tinha na ladeira da Barra, onde uma das matérias mais importantes era exatamente História. Fui aprovado na Faculdade de Sociologia, mas evidente que não cursei e procurei arrumar minha saída de Salvador, pois minha predileção era tornar-me advogado. O resultado no vestibular de Sociologia constituiu em grande alívio para mim.

Meus colegas diziam que nunca mais eu passaria no vestibular, porque iria enfrentar o mesmo Professor, que não me perdoaria pelo enfrentamento; na dúvida, preferi buscar outro Estado e terminei optando pelo Rio de Janeiro. Lutei até conseguir a transferência do banco Português do Brasil, onde trabalhava, naquela época à rua da Grécia, em Salvador, para o mesmo banco, no Rio de Janeiro, que ficava no centro da cidade, à rua 15 de março. Cuidei logo de arrumar um “cursinho”, porque o vestibular do Rio exigia latim, matéria que não constava no vestibular de Salvador.

Mas meu objetivo era estudar na Faculdade Nacional de Direito, porque gratuita, conceituada e onde estavam os melhores professores do Rio de Janeiro, a exemplo do baiano Pedro Calmon, de Introdução à Ciência do Direito, Oscar Stevenson, de Penal. Matriculei-me no cursinho, "Procacci", que ficava no Largo da Carioca. Estudei durante seis meses nesse cursinho e finalmente logrei aprovação na Faculdade Nacional de Direito. Fiquei bastante alegre com o resultado, principalmente, quando lembrava da decepção em Salvador.

Salvador, 25 de junho de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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