Pesquisar este blog

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O ERRO NÃO É DE BOLSONARO, MAS DO CONGRESSO E DO STF!

Pouco tempo depois de assumir a presidência da República, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro mostrou sua absoluta incompetência para gerir os destinos do país; não só incapacidade, mas descaso para assumir o comando do governo, porque  sua preocupação reside em dois fundamentos: sua família, com proteção aos filhos, ameaçados de prisão, e sua reeleição. Não é à toa que deixa Brasilia, nos fins e em dias da semana, para "brincar" com seus apoiadores, participando de motociatas ou nas constantes viagens de campanha política, apesar de proibição legal. Nesses dois anos, cometeu vários crimes e está sendo investigado pela Polícia Federal ou em processos que tramitam no STF e no TSE; infringiu normas municipais e estaduais, tornou-se charlatão, brincando com a saúde do brasileiro, pregou armas antes do feijão, baixou decretos para facilitar o porte de armas para o povo, medidas que foram anuladas pelo Congresso ou pelo STF; baixou Medida Provisória, na véspera do 7 de setembro, dificultando a eliminação de conteúdos mentirosos nas redes sociais; hostilizou países amigos, a exemplo dos Estados Unidos, da Argentina e da China, com os quais não têm boas relações; demonstrou baixeza e inaptidão para o cargo, quando fez comparação entre a aparência de sua esposa e a mulher do presidente francês.

O presidente investiu contra as urnas eletrônicas, apesar de mantidas pelo Congresso Nacional, contra o sistema eleitoral brasileiro e nunca comprovou qualquer fraude no processo, mesmo depois de intimado neste sentido; segue seu guru, que foi defenestrado do poder nos Estados Unidos. Ultimamente, as ofensas do presidente voltam-se para dois ministros do STF, sem poupar a própria instituição, derramando sua incompatibilidade de vivência sadia e democrática até com o Congresso Nacional. Matraqueou contra o TSE que determinou a suspensão de repasses de valores de monetização de canais de redes sociais, dedicados à propagação de mentiras. Nunca se viu no país, um presidente convocar o povo para  manifestar pela ditadura, para pedir fechamento do STF ou do Congresso, insurgindo contra prefeitos,  governadores e contra a imprensa livre do país; tudo isso aconteceu no dia 7 de setembro. A "boiada" do 7 de setembro não se lembrou de questionar o descaso do presidente contra a covid-19; no discurso do 7 de setembro, Bolsonaro tratou as autoridades do país com termos chulos, mais apropriados para uso nas milícias do Rio de Janeiro: "dizer aos canalhas que eu não serei preso. A minha vida pertence a Deus. Mas a vitória é de todos nós". 

Como pode um presidente da República, em manifestação pública, vociferar que "Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair." E ainda diz: "Tem tempo, ainda, de arquivar seus inquéritos". Onde estamos para um presidente prosseguir com tamanha sordidez, intimando um ministro da mais alta corte para "arquivar inquéritos"! O presidente cultua a ditadura e neste sentido afirmou que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra é um "herói nacional"; trata-se de um torturador, condenado pela Justiça brasileira. 

E o pior de tudo isto é que Bolsonaro invoca o nome de Deus e diz que tem o apoio divino, único capaz de retirá-lo do Palácio. Chego a concluir que o errado em toda esta história não é Bolsonaro, que já foi declarado louco, mas o Congresso e o STF, pois um homem isolado dos partidos, das instituições, expulso do Exército, esquecido na Câmara dos Deputados por quase 30 anos, depois de muitas insubordinações, originado do "baixo clero" do Congresso ultrapassa o limite da tolerância e as autoridades do país não tomam as providências cabíveis, permitindo a continuidade desta cafajestada; o homem não tem o mínimo respeito à liturgia do cargo que ocupa e envereda para conspurcar as autoridades com nomes picarescos, a exemplo de "filho da puta", "canalha"; e termina com a estupidez de um chefe da Nação dizer que não cumprirá decisões proferidas por um ministro da mais alta Corte de Justiça do país.

Salvador, 08 de abril de 2021.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.



Nenhum comentário:

Postar um comentário