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sábado, 19 de dezembro de 2020

COLUNA DA SEMANA

                A VACINA IGUAL AO VOTO

Atravessamos a tempestade da vacina contra a Covid-19. E neste cenário, aparece o presidente da República para desencorajar o povo a ser vacinado, politizando o uso do medicamento contra a doença que já matou quase 200 mil brasileiros; insurge-se o chefe na Nação contra o governador de São Paulo, João Doria, que está avançado e com proposta consistente para iniciar a vacinação em fins de janeiro. As declarações absurdas do presidente tem aumentado o número de pessoas que demonstram resistência para se imunizar, pondo em perigo a vida de quem segue a orientação médica. Até artistas estão seguindo o "ensinamento" de Bolsonaro: a atriz Elizangela, que atuou em "Roque Santeiro" e outras novelas da Globo, classifica a vacinação como um crime, porque há uma "penetração forçada sem consentimento...É estupro". Veja até onde chegamos com as insinuações do presidente! Respondendo à ignorância, um admirador da artista, explicou-lhe que não se trata de forçar nada e a vacinação é semelhante ao voto obrigatório, pois nem por isso ninguém vai forçar o cidadão a votar, apesar de responder pela ausência na sessão eleitoral. Também na vacinação haverá restrições nos deslocamentos do insurreto, a exemplo de não poder embarcar em companhias aéreas, de não poder circular em certas área públicas, a exemplo do cinema e outras sanções.      

O general ministro da Saúde está tão confuso com as propostas de vacinação, que ainda nem adquiriu as vacinas, e que o ministro Barroso do STF rejeitou três proposições para o plano de enfrentamento da Covid-19 entre os indígenas, porque com "deficiências essenciais à sua exequibilidade, efetividade e monitorabilidade". Escreveu o ministro: "Impressiona que, após quase dez meses de pandemia, não tenha a União logrado o mínimo: oferecer um plano com seus elementos essenciais, situação que segue expondo a risco a vida e a saúde dos povos indígenas e que mantém em aberto o cumprimento de cautelar deferida por este juízo". A pneumologista Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, considera os movimentos contra a vacinação como criminosos. Declarou à CNN: "Costumo dizer que a gente tem duas epidemias: uma do vírus e uma de tolices e mentiras. No Brasil, esses movimentos, felizmente, não prosperaram. O Brasil tem uma tradição de muito respeito pelas vacinas, os brasileiros gostam de vacina, e o Brasil sabe vacinar". Sobre a Coronavac que o presidente politizou disse a pneumologista: "Tem muita gente que,  ingenuamente, por preconceito, fala que não vai tomar essa ou aquela vacina porque vem da China. Tudo vem da China, todas as vacinas têm algum componente que é fabricado (no país). A China é uma potência de insumos e de materiais biotecnológicos". 

Líderes do mundo inteiro tomam a vacina em público para incentivar as pessoas; é o exemplo que está dando o presidente Joe Biden, que será vacinado na segunda feira, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu o presidente da Rússia e de outros países, que já foram vacinados. Uma entidade médica, a Sociedade Brasileira de Infectologia, acaba de remeter a um procurador bolsonarista lista de 44 estudos científicos para mostrar a ineficácia da hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, medicamentos que o presidente fez várias apresentações na mídia defendendo seu uso. Procedeu como garoto propaganda dos medicamentos. No estudo, a SBI demonstra que pacientes em hospitais que receberam um dos medicamentos indicados por Bolsonaro demoraram mais tempo para receberem alta que outros que não usaram o remédio do presidente.      

Guarajuba/Camaçari, 19 de dezembro de 2020.

Antonio Peessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.  


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