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domingo, 3 de agosto de 2025
MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 3/8/2025
CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF
PT pede que Lula suspenda relações diplomáticas e comerciais com Israel
Presidente nacional do PT, Humberto Costa leu durante o 17º Encontro do PT, uma carta de apoio ao povo palestino
O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ
Com ingerência explícita de Trump, Brasil e Estados Unidos vivem pior momento da relação diplomática de 200 anos
Episódios do passado envolveram crises comerciais e políticas, mas nunca de forma tão escancarada e multifacetada quanto agora, avaliam pesquisadores
FOLHA DE SÃO PAULO - SÃO PAULO/SP
Mercado de trabalho bate recordes, mas IBGE evita falar em pleno emprego; entenda
Definição é usada por parte dos economistas para descrever quadro atual no Brasil
TRIBUNA DA BAHIA - SALVADOR/BA
Sport empata com Bahia e segue sem vencer
no Brasileirão após 16 jogos
Equipes desperdiçam diversas oportunidades claras
e não mexem no placar na Ilha do Retiro
CORREIO DO POVO - PORTO ALEGRE/RS
Ucrânia ataca refinarias de petróleo russas em retaliação a bombardeios
as refinarias de Riazã e Novokuibyshevsk
DIÁRIO DE NOTÍCIAS - LISBOA/PT
Detidos nos últimos dias oito homens por abusos contra menores - a maior parte filhas ou familiares
sábado, 2 de agosto de 2025
TRUMP ASSUMIU OS TRÊS PODERES NOS EUA
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Em Lisboa, com o presidente da Corte |
No início deste segundo mandato, a confiança do americano na gestão econômica caiu bastante, em relação ao primeiro mandato, quando o tema era responsável pela sua popularidade. Donald Trump perde-se com seus atos executivos de tarifas a todo momento e não foca nos principais problemas para os americanos, consistentes na inflação e na política de boa vizinhança. Esses são temas importantes para os eleitores, segundo pesquisas. Os americanos, mesmo entre os republicanos, queixam-se da inflação e de que suas rendas não acompanham o aumento do custo de vida; questionam as medidas adotadas contra pessoas e entidades do país. As ordens executivas constituem prioridades de Trump, com vinganças a nações, antes amigas, a exemplo do Brasil. Sem sentido, sem amparo nas leis e sem explicação a taxação de produtos brasileiros em 50%, maior percentual aplicado entre todos os países. Aliás, Trump declarou que a birra contra o Brasil situa-se não em matéria de ordem econômica, mas na condução da política brasileira, tema somente de interesse dos brasileiros.
O mundo atravessa sérias dificuldades diante das lideranças de gente tão despótica e tão despreparada, semelhante ao presidente americano. Sua atividade diuturna direciona-se a perseguir e praticar maldades contra quem não reza pela sua cartilha. E o pior de tudo isso é que o Congresso americano, dominado pelos republicanos, aceitam solenemente aos abusos de interferência em matérias de competência do Legislativo. Donald Trump, em poucos meses, já passou de ser, legalmente, apeado do poder, através de impeachment. Mas os parlamentares republicanos dormem em berço esplêndido aos abusos diários praticados pelo presidente. Até mesmo a Corte Suprema tem-se esquivado de apreciar muitas arbitrariedades do presidente, quando não se dispõe no sentido de ratificar as ordens que importam em assumir o comando dos poderes da República americana.
Guarajuba/Camaçari/Ba, 2 de agosto de 2025.
SAIU NA FOLHA DE SÃO PAULO

Demétrio Magnoli
Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP
Descrição de chap
O Brasil na trincheira
Nenhum país sofre um ataque similar, deflagrado por razões político-ideológicas
Trump pega leve com a China, a Rússia e até a Venezuela, que voltará a contar com a parceria Chevron-PDVSA. Pega pesado com os aliados, como Europa, Canadá e Japão, a quem impõe acordos comerciais desiguais.
Mas nenhum país sofre um ataque similar ao deflagrado contra o Brasil, que é sancionado por razões político-ideológicas. À tarifa-sanção soma-se a revogação de vistos de oito ministros do STF e a aplicação da Lei Magnitsky sobre Alexandre de Moraes. É hora de descer à trincheira e enfrentar o desafio.
Lula precisa contrariar seu hábito de capturar qualquer oportunidade para montar um palanque eleitoral. Tem a obrigação de trocar as vestes de candidato pelas de estadista. Só assim firmará um pacto de unidade nacional, isolando o bolsonarismo quinta-coluna.
O governo não precisa de ninguém para equilibrar o cálculo econômico negociador com o imperativo político de retaliar. Inteligência estratégica significa ajustar a mira nos pontos fracos: taxação das big techs, quebra de patentes farmacêuticas. Afirmação de soberania exige mais que discursos retumbantes: trata-se de aplicar contra-sanções, mesmo simbólicas, como a revogação de vistos de altas figuras selecionadas do governo Trump.
O pacto de unidade é necessário, porém, para uma confrontação que tende a se prolongar. Sem ordem nos gastos públicos, inexiste espaço responsável para oferecer crédito aos setores atingidos pela sanção tarifária, preservando empresas e empregos. O Congresso, dono de um tesouro em emendas, e o Judiciário, proprietário de um latifúndio de supersalários, têm que ser chamados ao dever de colocar a nação acima da corporação.
A Lei Magnitsky nasceu em 2012 para sancionar autoridades russas responsáveis pelo assassinato na prisão de um advogado que investigava corrupção governamental. Seu fundamento são os princípios de direitos humanos, que têm validade universal. Mas a aplicação inédita de seus dispositivos contra Moraes, juiz da corte suprema de uma democracia, representa um escárnio da política de direitos humanos.
Há uma lógica pervertida nisso: o governo que sanciona o STF em nome da liberdade de expressão é o mesmo que aprisiona estudantes estrangeiros pelo "crime" de exercer o direito de criticar a política externa dos EUA. Trump é o outro nome para hipocrisia.
Nada disso, porém, proporciona uma motivação legítima para ocultar o calcanhar exposto do STF. A concentração do poder de relatoria em Moraes, pelo inquérito sem fim sobre os ataques à democracia, as sentenças exorbitantes contra os idiotas úteis do 8 de janeiro e as múltiplas ordens de derrubada de perfis em redes sociais configuram justiça de exceção. O prosseguimento da excepcionalidade após a derrota da camarilha golpista mancha o sistema judicial brasileiro. Não é por acaso que as vozes do bolsonarismo, aturdidas diante da tarifa-sanção, celebraram em uníssono a declaração da Lei Magnitsky.
À Casa Branca não assiste o direito de se imiscuir em decisões, certas ou não, da Justiça brasileira. Contudo, a resistência a Trump só perde força quando insiste em equívocos graves. O papel do STF no pacto de unidade nacional vai além do prosseguimento inabalável do processo contra os golpistas: os juízes de preto precisam colocar sua própria casa em ordem. É isso que faz uma democracia confiante.