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sexta-feira, 10 de julho de 2020

EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS (IV)

Em frente à Suprema Corte, EUA.
Participei ativamente de toda a luta política dos estudantes nos anos mais confusos da história do Brasil, principalmente, em virtude do golpe de estado, de 1964. Narrei em artigos anteriores, publicados aqui em 2018, muita matéria sobre a ditadura. Escrevi: Anos Sombrios: 1964/1968; A Ditadura e a Diretora; O Lampião; O Massacre da Praia Vermelha, em 1968 e 1968: Eu Estava Lá.

Como disse anteriormente, fui transferido do Banco Português, em Salvador, para o mesmo estabelecimento no Rio de Janeiro, em 1965, onde permaneci por uns dois anos, após o que, através de concurso, fui para o Banco Predial do Estado do Rio de Janeiro, na rua Frei Caneca, onde trabalhava por um turno, e no outro exercia a atividade de jornalista, na agência distribuidora de notícias, chamada ASAPRESS; à noite ia para a Faculdade. Essa agência distribuía notícias para jornais de todo o Brasil. Já aí despontava minha predileção por escrever. Preparei várias matérias, publicadas em muitos jornais do país, a exemplo do Rio de Janeiro, Porto Alegre e Fortaleza. Chamou-me a atenção uma reportagem, onde eu discorria sobre o jogo de bicho. Depois de acertada entrevista com um bicheiro do jogo de bicho, desloquei para a rua Ruy Barbosa, no Flamengo, e encontramos num barzinho. Conversamos na frente do bar por muito tempo, fiz as anotações para a matéria que saiu publicada em alguns jornais; mas o que eu não esperava aconteceu: como resultado da conversa com o bicheiro percebi que meu terno preto estava todo manchado de branco, das cusparadas com chicletes do bicheiro. De nada adiantou um pano com água quente que se arrumou no bar. Tive de voltar para casa para trocar de roupa.

Ainda me lembro de minha convocação pelo chefe de reportagem para fazer uma matéria sobre as Forças Armadas, creio que no ano de 1966; desloquei-me para o imponente prédio, na praça da República e, creio, passei por quase todos os andares à busca da entrevista, bastante esperada na redação. O resultado é que um órgão me mandava para outro e este para um terceiro até que desisti e retornei à ASEPRES sem a reportagem; o diretor confessou-me que era uma tentativa, mas ele sabia que eu não iria conseguir, porque ninguém queria comprometer-se.

Posteriormente, desliguei-me do banco e da ASAPRES, porque fui aprovado num concurso bastante concorrido para trabalhar na Petrobrás, FRONAPE, emprego cobiçado por milhares de jovens, seja pelo bom salário, seja pelos benefícios; a empresa funcionava nas imediações do aeroporto Santos Dumont; tanto eu, quanto meu irmão, Ademar, médico em Mar de Espanha/ MG, fomos aprovados; aí permaneci por alguns anos, mas, antes de receber o diploma, pedi demissão em outubro ou novembro/1970. É que sempre programei retornar para a Bahia, e fixar-me onde nasci. Foi doloroso deixar a Petrobrás, mas nunca pensei em fixar-me no Rio de Janeiro. Deixei muitos amigos na empresa que me incentivaram para não pedir demissão da FRONAPE.

Diplomei-me na Faculdade Nacional de Direito, no Largo do Caco, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1970; na solenidade de formatura, no prédio do antigo Automóvel Clube, fui orador da turma, composta por mais de 300 formandos. O paraninfo de nossa turma, professor Clóvis Paulo da Rocha, ministrava Direito Civil e o reitor, professor Franchini Neto, era titular da cadeira de Direito Internacional Público. Grande glória para mim, principalmente, porque disputei o direito de representar a turma com colegas de grandes envergaduras; cito apenas os dois que obtiveram melhores colocações: Ângela Leal, natural do Rio de janeiro e célebre atriz no cinema e na televisão, que participou, como personagem principal, de muitas novelas, na rede Globo; Ubaldino Coelho, natural de Itapetinga/Ba, líder estudantil e possuidor de dotes oratórios.

Salvador, 08 de junho de 2020.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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