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quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

DOIS ANOS SEM CORRUPÇÃO!

Sem paixão, sem fanatismo, sem torcer para este ou àquele político, vamos analisar alguns fatos presentes no nosso dia-a-dia. A expressão acima, "Dois Anos sem Corrupção", comumente usada nesses últimos tempos, está fora do contexto no cenário brasileiro. Primeiramente, creio ser uníssono nosso entendimento que a corrupção não foi banida do país, mas permanece desestruturando os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, porque está intimamente vinculada ao sistema público nacional; são inúmeros os parlamentares, ministros, magistrados e outras autoridades envolvidas em investigações ou processos criminais pela prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e outros delitos. Se começarmos pela presidência da República, constatamos que um filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio, é réu em crime de corrupção, consistente na prática da denominada rachadinha; outro filho, o vereador, Carlos Bolsonaro está sendo investigado com muitos indícios, que poderá resultar em denúncia pelo mesmo crime do irmão. Diante destes fatos, não se pode afirmar  que o atual presidente está isento da prática de crimes de corrupção; recordemos que, no mensalão, em 2005, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem foi investigado, porque blindado por seus companheiros, muitos dos quais condenados e presos. Há investigações contra o próprio Bolsonaro e torna-se difícil acreditar que, em mais de 15 anos, no Congresso, pertencente a um grupo político centrão, acusado de práticas censuráveis, não tenha participado, no mínimo, da rachadinha. 

Ademais, os amigos do presidente não lhe recomendam passaporte de absoluta lisura no trato da coisa pública. Afinal, o presidente Bolsonaro era amigo bem próximo do ex-motorista Fabrício Queiroz, em prisão domiciliar, e acusado de chefiar organização criminosa; seus filhos gozavam de amizade com o miliciano Adriano Magalhães da Nobrega, morto na Bahia, e acusado de participação do crime da vereadora fulminense Marielza; o advogado Frederick Wassef, envolvido em muitas investigações, inclusive por ter escondido Fabrício em sua casa no interior do Rio, era defensor e amigo da família Bolsonaro. De início, vem-me a expressão: "diz-me com quem andas que lhe direi quem você é". Outras ações do presidente demonstram práticas incorretas, a exemplo da condenação por ter dito que cabe às Forças Armadas dizer se o país será democrático ou ditatorial; junte-se os atos antidemocráticos que o presidente responde na Justiça.     

Escutem, sem paixão: será que podemos acreditar que um político, 16 anos, no Congresso, integrante do Centrão, está isento de qualquer ato de corrupção? Difícil a defesa desta tese. Aliás, muitos não acreditam na maioria dos políticos, aos quais são atribuídos prática constante de atos de corrupção. 

Salvador, 20 de janeiro de 2021.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.   



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