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domingo, 15 de outubro de 2017

O PROFESSOR: NADA A COMEMORAR

O dia de hoje presta-se para homenagear o professor, mas essa classe de verdadeiros heróis e heroínas pouco têm a comemorar; as autoridades públicas, apesar de celebrar a data e agraciar os mestres, na realidade, pouco oferecem para facilitar o desempenho de tão significativa profissão. 

Nas escolas, tornaram-se comuns as agressões de alunos aos professores, em plena sala de aula; pesquisas mostram que, em todo o mundo, o Brasil é o país que mais registra agressão aos professores; os números não recomendam tranquilidade para a classe, porquanto 80% dos professores, nas capitais do país, já tiveram alguma ofensa nas salas de aula. 

Restam aos professores a busca por Justiça contra os agressores e contra os governantes. Recentemente, o Distrito Federal foi condenado a pagar, por danos morais, a uma professora, o valor de R$ 10 mil. É desimportante o valor, mas mostra a conscientização que deve permear a vida dos professores diante da realidade. 

Os mestres já acostumaram com o ambiente de trabalho, nada confortável, pela falta de estrutura nas escolas, pela ausência de incentivo no dia a dia de sua missão, pela jornada de trabalho e pelo salário. Já se mostrou que os professores perdem muito tempo de seu trabalho fora da sala de aula, a exemplo do controle disciplinar dos alunos, do atendimentos ao pais dos alunos, da preparação de aulas e de outras atividades extra aula. 

A lei que vigora desde o ano de 2008, Lei n. 11.738, fixa o piso salarial do professor em R$ 2.298,80, mas mesmo assim, não é respeitada, e os professores questionam na Justiça seus direitos. Em termos comparativos, vê-se o distanciamento dos salários entre os vencimentos médio do professor de ensino médio, no Brasil e em outros países: em Luxemburgo o correspondente a R$ 27 mil por mês; na Suiça, R$ 23 mil por mês; na Alemanha, R$ 22 mil, na França, R$ 13 mil nos Estados Unidos R$ 16 mil.

Em todo o Brasil são contabilizados mais de dois milhões de professores que ensinam a mais de 60 milhões de pessoas. Essa gente frequenta com assiduidade os consultórios de psicologia, psiquiatria e outras especialidades, porque sua saúde é abalada pelo peso da atividade em sala de aula. A paz é sufocada pela angústia, em seus corações traumatizados com a realidade cruel de ter de controlar 40, 50 alunos heterogêneos. 

O professor está desamparado, esquecido pela sociedade e impotente para solucionar todos os problemas que lhe chega em sala de aula com mais de 40 alunos, criados com os mais diferentes ensinamentos por seus pais. O professor tem de harmonizar essa diversidade e sente-se só para enfrentar a disciplina, para controlar o entra e sai da sala de aula, para cuidar do patrimônio da escola.  

Nada mais justo do que salário digno, aposentadoria especial para a classe dos professores, pois o tempo de dedicação ao ensino estragou-lhe a saúde mental e física, o estresse diário causou-lhe o desgaste que nunca será recuperado. Mas o tempo passa, o médico, o advogado, o magistrado, o engenheiro, os políticos, todos aprenderam com o professor, muitos aplaudem o professor, mas não há a gratidão suficiente para oferecer-lhe a dignidade de uma vida com paz. 

O professor continua injustiçado pela sociedade!

Salvador, 15 de outubro de 2017.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.

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