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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

NEGADA PRESCRIÇÃO DE FRAUDE EM CARTÓRIO

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso não reconheceu prescrição em Ação Civil Pública requerida pelo Ministério Público do Estado contra o casal Carlos Gustavo Fabrin Boulhosa e Paula Mecca Fabrin Boulhosa, juntamente com o tabelião Antônio Francisco de Carvalho. A ação investiga fraude no registro de um imóvel no Cartório de Paranatinga/MT em desmembramento e transferência da área rural, através de escritura pública de compra e venda falsa. Com isso o casal Boulhosa obteve crédito de R$ 580 mil na instituição Dow Agrosciences Industrial Ltda. Eles alegaram prescrição da ação, porque os fatos aconteceram em 2008, findando o lapso temporal em 2013, bem antes do ajuizamento da ação judicial. Os membros da Primeira Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça seguiram o voto da relatora, desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos. 

A magistrada assegurou que o prazo prescricional não se inicia no dia do registro público falso da matrícula do imóvel, em 2008, mas quando a prática criminosa de improbidade chega ao conhecimento do órgão competente. Escreveu no voto: "Segundo se extrai dos fatos da petição inicial da Ação Civil Pública por Ato de Improbidade Administrativa, o pedido de providências nº 224260.2013.811.0044 - Código 53028, que tramitou perante a Diretoria do foro da Comarca de Paranatinga, traz, como a própria numeração demonstra, que o conhecimento dos fatos se deu em 2013 e o ajuizamento da ação civil pública por ato de improbidade administrativa em 2015; situação que afasta a caracterização da prescrição".   

 

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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

DEFENSORIA PÚBLICA ESTÁ SUCATEADA!

A Defensoria Pública, nos termos da Constituição Federal, é órgão essencial à função jurisdicional do Estado; sua atuação é bastante ampla e variada, passando pela área cível, criminal, nas varas, nas comarcas, e nos tribunais; marca sua presença na orientação jurídica, na promoção dos direitos humanos, na fiscalização do direito dos presos, nas condições dos presídios, nas eventuais torturas, além de contribuir para evitar as amotinações, que se tornam comuns no país. As atividades dos defensores públicos ultrapassam o campo judicial, para alcançar a labuta no extrajudicial, atendendo às famílias dos presos e das vítimas. 

A primeira Constituição a tratar da assistência judiciária aos carentes foi a de 1934, quando incumbiu à União e aos Estados a obrigação de prestar assistência judiciária aos necessitados, além de determinar a criação de órgão especialmente com esse intuito. Depois disso, o Estado de São Paulo instituiu o serviço de assistência judiciária gratuita, seguido pelos Estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Apesar do pioneirismo de São Paulo, a Defensoria Pública somente apareceu no Estado com a Lei Complementar n. 988/2006. 

Em 1939, o Código de Processo Civil, no Capítulo II, versava sobre o “Benefício da Justiça Gratuita”. Mesmo com a Constituição e a lei processual, não se cuidou de conceber um órgão para assegurar o acesso gratuito à justiça pelos necessitados. Mais tarde, a Constituição de 1946 volta a tratar da assistência judiciária, repetindo de certa forma, o preceito da Constituição de 1934. Lei nova de n. 1.060 de fevereiro/1950 regulamenta a concessão da assistência judiciária aos carentes. A Constituição de 1967 e a Emenda de 1969 fixaram regras a serem consignadas por lei ordinária, na prestação da assistência judiciária. Somente a Constituição atual incluiu a Defensoria Pública como função essencial à justiça, semelhante ao Ministério Público, à Advocacia Pública e à Advocacia. 

O Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a criar o cargo de Defensor Público, mas vinculado à Procuradoria Geral de Justiça, através da Lei n. 2.188/1954; a Lei n. 4.856/1985, na Bahia, englobou os defensores públicos, na área criminal, juntamente com o Ministério Público; a maior parte dos Estados, instituiu a Defensoria Pública somente depois da Constituição de 1988. 

A União através da Lei Complementar n. 80/1994 organizou a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, enunciando normas para sua organização nos Estados. O Defensor Público, como o Promotor e o Magistrado, são impedidos de exercer a advocacia. São assegurados aos Defensores Públicos as garantias da independência funcional, da inamovibilidade, da irredutibilidade de vencimentos e da estabilidade. 

A Bahia tem mostrado total desleixo com o trabalho desenvolvido por essa importante instituição e esse descaso coloca o Estado na terceira pior posição, em número de defensores públicos do Brasil. Em todo o Estado existem em torno de 300 Defensores Públicos, dos quais um terço estão lotados na capital; os restantes trabalham em grandes comarcas e em torno de 280 delas não tem um só defensor público. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, aponta a necessidade de um mínimo de 1.239 profissionais na Bahia, portanto, há um deficit, em todo o Estado, de 963 defensores, se considerado como público alvo da instituição apenas a população que ganha até três salários mínimos. 

A Associação dos Defensores Públicos da Bahia, por meio de seu presidente João Gavazza, assegura que a Defensoria Pública do Estado está “sucateada”. A entidade não possui sede própria e muito menos quadro de servidores, porquanto os que prestam serviço são deslocados de outros órgãos do Executivo. A estrutura da Defensoria é "arcaica” e, apesar de vários projetos, tramitando na Assembleia Legislativa, nenhum tem movimentação. 

O presidente da ADEP/BA diz que obteve compreensão de deputados da situação e da oposição para andamento dos projetos de interesse da classe, mas nada se movimenta, porque depende de manifestação positiva do governador para discussão na Assembleia. Os Defensores não conseguem nem agendamento com o governador Ruy Costa para discutir sobre as necessidades da Defensoria Pública. Isso acontece há mais de ano. O governador já vetou projeto que remunerava advogados nomeados para patrocinar causas de pessoas pobres e não se mostra disposto a facilitar o trabalho dos Defensores Públicos, deixando o pobre sem direito à defesa. 

A situação agrava-se, quando se sabe que os advogados dativos, que aparecem para minorar o sofrimento dos pobres, nada recebem do Estado, apesar da existência de uma tabela para remuneração nesses casos. Evidente o sacríficio desses bachareis que se penalizam com a inexistêcia de defensores e atendem para a boa prestação jurisdicional gratuita. 

Salvador, 18 de agosto de 2018. 

Antonio Pessoa Cardoso 
Pessoa Cardoso Advogados.

ADVOGADOS: 1 PARA CADA 164 PESSOAS

A Associação dos Advogados, que congrega 70 mil filiados, através de seu presidente, declara sobre a impossibilidade de substituição do magistrado por robô. O presidente da entidade, bel. André Almeida Garcia, pugna por limites da robotização nas cortes. "Não pode substituir o humano de forma alguma, tem que ser um magistrado que dá a decisão final". Garcia diz da necessidade de atualizar o currículo dos curso de direito, face às transformações tecnológicas. Explica que a chegada da inteligência artificial é bem-vinda, visando racionalizar o trabalho de assessores e auxiliar os magistrados na decisão com melhor qualidade; afirma que o uso de robôs em tribunais superiores tem causado decisões inadequadas e idênticas. Garcia diz que "a área jurídica é muito tradicional, ela é conservadora por essência e assim deve ser, mas ela vai se adaptando ao tempo dela. As faculdades devem passar por transformação constantemente, inclusive absorvendo toda essa tecnologia em prol dos alunos. É possível adotar novas metodologias, colocar os alunos em situações mais práticas para que eles sejam melhores recebidos no mercado de trabalho".  

Segundo o Conselho Federal da OAB, em 2022, o Brasil tinha 1 advogado para cada 164 habitantes, tornando o país com a maior proporção de advogados por habitante. Garcia declarou: "Observamos uma explosão de faculdades de direito, um aspecto preocupante em relação ao qual o Conselho Federal tem atuado, inclusive para que não não tenhamos profissionais formados, mas com uma qualificação inadequada para o exercício. Tem que tomar muito cuidado, porque já temos mais faculdades aqui do que em qualquer lugar do mundo". O presidente da Associação defende que seja sintético os memoriais que "devem ter no máximo três páginas".   

 

TRANSPARÊNCIA DESMENTE TOFFOLI

Mal o ministro Dias Toffoli promoveu atos de vingança contra a Transparência Internacional, a entidade respondeu, ontem, 5, classificando de "falsas as informações de que valores recuperados através de acordos de leniência seriam recebidos ou gerenciados", pela Transparência. Em Nota alega que "jamais recebeu ou receberia, direta ou indiretamente, qualquer recurso do acordo de leniência do grupo J&F ou de qualquer acordo de leniência no Brasil". Adiante: "A organização tampouco teria - e jamais pleiteou - qualquer papel de gestão de tais recursos". A Nota de desmentido refere-se à iniciativa do ministro no sentido de obter documentos junto ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria-geral da União, visando possível investigação da Transparência Internacional, tudo isso depois que houve censura da conduta do ministro com decisões, anulando acordos celebrados pela empreiteira Odebrecht e pela J&F, importando em deixarem de pagar quase 20 bilhões à União e não ter submetido ao Plenário da Corte.   

Também a Procuradoria-geral da República ratifica a manifestação da Transparência Internacional, no sentido de que são "falsas as informações de que valores recuperados através de acordos de leniência seriam recebidos ou gerenciados" pela Transparência. A Procuradoria ratificou a manifestação da Transparência, quando alega que, em dezembro/2020, a ONG "não recebeu qualquer tipo de remuneração pela assistência prestada na leniência". A subprocuradora-geral da República Samantha Chantal Dobrowolski, em ofício, escreve que a entidade "prestou somente auxílio no planejamento e na definição de estratégias de investimento dos recursos envolvidos, estudando formas de reparação à sociedade e propondo metodologias para a melhor execução de projetos sociais".    

Esclarece mais que a Transparência seguiu "as melhores práticas internacionais, de que é conhecedora, inclusive, devido a sua ampla inserção no exterior, como organização não governamental de alcance mundial que é"; adiante: ""havia proibição explícita, apontou a PGR, de proibição a qualquer transferência<ência de recursos pareça que a instituição não governamental realizasse o apoio técnico cooperativo". Assim, há um desmentido claro da afirmação de Toffoli de que a Transparência "pode ter recebido valores que deveriam ter sido destinadas ao Tesouro Nacional". O ministro insiste com julgamentos baseados em suposições como procedeu em caso anteriormente aqui citado. 

E agora, Toffoli!? 




MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 6/2/2024

CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF

Reforma administrativa: ministra defende pacote de propostas 

Titular da pasta da Gestão, Esther Dweck diz que pretende construir uma agenda comum entre os Poderes em torno do texto

O GLOBO - RIO DE JANEIRO/RJ

Em atrito com o governo, Lira adota contra Lula discurso mais duro do que nos anos Bolsonaro

Presidente da Câmara deu recados sobre Orçamento e acordos com o Parlamento


FOLHA DE SÃO PAULO



Decisão do magistrado não pode ser 

substituída por robôs em tribunais, 

diz advogado

André Almeida Garcia, presidente da AASP, critica uso de robôs para barrar 

recursos em cortes superiores


TRIBUNA DA BAHIA- SSA/BA

PGR avalia recurso contra decisão que 

suspendeu multas bilionárias

Ministro suspendeu o pagamento das multas dos acordos de leniência 

da construtora Novonor (antiga Odebrecht) e do grupo J&F por meio 

de decisões monocráticas definitivas.

CORREIO DO POVO-PORTO ALEGRE/RS

STF condena mais 29 por participação nos atos 

de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes

Tribunal teve maioria por condenações com algumas ressalvas e divergências de penas

EXPRESSO 50 - LISBOA/PT

Grupo AFA disse como concurso público devia 

decorrer, para afastar concorrentes, e Pedro Calado 

obedeceu


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

UCRÂNIA BOMBARDEIA TERRITÓRIO INVADIDO

Em bombardeio no sábado, 3, a Ucrânia atingiu a cidade de Lisitchansk, sob controle russo e morreram 28 pessoas. Os russos não negam as baixas, mas informam que o local do ataque tinha muitos civis; as forças ucranianas ainda não comentaram sobre o bombardeio. A porta-voz da Rússia, Maria Zakharova declarou que "os cidadãos da União Europeia (UE) devem saber como seus impostos são usados: para comprar sistemas de armas letais e enviá-los a Kiev, que os usa para matar civis". Intrigante o chamamento dos cidadãos da União Europeia, porque todos sabem que a Rússia quer derrotar a Ucrânia como caminho para invadir outros países. Todavia, a União Europeia acabou de aprovar 50 bilhões de euros como ajuda financeira para a Ucrânia, invadida pela Rússia e em guerra há dois anos.  

Essa área atingida pelo bombardeio, região de Lugansk, foi ocupada pela Rússia e anexada desde julho/2022; os russos ocupam 18% do território ucraniano, mas a comunidade internacional não admite a invasão e ocupação. A Ucrânia assegura que 90% dos habitantes da região anexada abandonou e foram para outras cidades. Essa foi a boa notícia de Kiev, depois que o Congresso dos Estados Unidos negou auxílio de US$ 61 bilhões e com isso a Casa Branca declarou que não tinha como enviar ajudar militar direta para a Ucrânia. 



RADAR JUDICIAL

LULA ESCOLHE JUIZ PARA JULGAR MORO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará verdadeira varredura entre os três candidatos a juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná da classe dos advogados. É imperfeição absurda da lei brasileira, permitir que o presidente da República nomeia para o Supremo Tribunal Federal seu advogado que lhe defendeu em crimes praticados como presidente ou que nomeie um advogado como juiz eleitoral na iminência de julgar o juiz que lhe condenou pela prática de vários crimes. Advogados prestam assistência a Lula para defender o nome de José Rodrigo Sale, um dos três, porque foi o que mais resistiu a apoiar a Operação Lava Jato. Os outros dois indicados, Roberto Aurichio Junior e Graciane Aparecida do Valle Lemos, foram nomeados por Moro para o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, quando ele era ministro da Justiça. O Tribunal é composto por sete juízes.

DINO AINDA NO SENADO

O senador Flávio Dino, que ocupará uma cadeira no STF, promete apresentar projeto de lei, alterando o funcionamento das audiência de custódia. Dino afirmou em entrevista ao Globonews: "Vou apresentar o projeto dizendo que se uma pessoa é presa uma vez, duas, três, quatro praticando roubo, praticando crime com violência ou grave ameaça, ele não pode mais ser solto na audiência de custódia, porque é caso de prisão preventiva por periculosidade objetivamente demonstrada". Muitos advogados não gostaram da iniciativa do futuro ministro do STF, sob fundamento de que a proposta mostra "automatismo de prisão" e é inconstitucional, porque fere o princípio constitucional é de presunção de inocência.  

GOVERNO LIBERA NOS FERIADOS

O Ministro do Trabalho está listando uma série de atividades de trabalhadores que poderão trabalhar nos feriados, sem autorização da convenção coletiva, através de negociação entre sindicatos e empresas. Na relação, além de farmácias e postos de gasolina, que já funcionam, será permitido o comércio de flores e coroas funerárias, pães e biscoitos, salões de beleza, pontos de gás, locadoras de bicicleta, parques de diversão, estabelecimentos esportivos, feira de livros, feiras e exposição e agências de turismo, hotéis, restaurantes, bares e similares, além de outros. Há uma lista de 200 setores tidos como essenciais que poderão funcionar nos feriados. 

MINISTRO MANTÉM AFASTAMENTOS DE MAGISTRADAS

O ministro Og Fernandes, do STJ, decidiu manter por mais um ano o afastamento da desembargadora Maria do Socorro Barreto e da juíza Marivaldo Almeida Moutinho, da Bahia; ele fixou o final do prazo para 1º de fevereiro/2025. As duas magistradas estão afastadas desde dezembro/2019 e respondem a processos referente a Operação Faroeste, referente a esquema de venda de sentenças no oeste da Bahia. O fundamento para a manutenção da cautelar é que há "complexidade dos fatos investigados e o grande volume de elementos probatórios arrecadados". O ministro alega que o Ministério Público ofereceu mais cinco denúncias, com instauração de novos inquéritos.  

AGRESSORA DE LOJISTA 

A mulher que ofendeu a lojista Herta Breslauer, em Arraial D´Ajuda, em Porto Seguro/BA, está proibida de aproximar da vítima, de conformidade com decisão do juiz Armando Duarte Mesquita Júnior. Ela não poderá entrar na loja da vítima e nem sair da cidade, ficando com a obrigação de comparecer ao fórum a cada dois meses, durante o semestre. A agressora logo depois do ocorrido disse arrependida, mas a agredida registrou boletim de ocorrência, na delegacia de Porto Seguro. 

DESEMBARGADORES CRITICAM OAB

Desembargadores do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo criticaram a repetição de nomes nas duas listas sêxtuplas remetidas pela OAB para escolha dos três nomes para o quinto constitucional, na vaga do desembargador Walter Piva Rodrigues, que se aposentou. Na lista tríplice constam os nomes de Débora Vanessa Caus Brandão, 24 votos, Adriano Cesar Braz Caleira, 22 votos e Marcelo Ferrari Tacca, 16 votos, mas nas listas enviadas aparecem repetição dos nomes das advogadas Cláudia Patricia de Luna Silva e Débora Vanessa Caus Brandão. 

Salvador, 5 de fevereiro de 2024.

Antonio Pessoa Cardoso
Pessoa Cardoso Advogados.



MINISTRO VINGA DA TRANSPARÊNCIA

O ministro Dias Toffoli determinou hoje, 5, investigação acerca da atuação da organização não governamental, ONG, Transparência Internacional do Brasil. O magistrado manda apurar "eventual apropriação indevida de recursos públicos" pela Transparência, além de indicar "seus respectivos responsáveis". Ele aciona a Procuradoria-geral da República para "encaminhar documentos e cópias de procedimentos internos sobre o cumprimento de tratativas internacionais pela Lava Jato e sobre o acompanhamento de acordos de leniência". Todo o imbróglio está sendo criado devido à denúncia da Transparência Internacional das anulações de multas milionárias definidas por Toffoli, oriundas de acordos de leniência na Operação Lava Jato. 

É o caso da antiga Odebreecht, que celebrou acordo de leniência em 2017 e, passados seis anos, o ministro em liminar dispensa a empresa de pagar multa assumida por 77 executivos; antes da Odebrecht, o ministro tinha anulado acordo de leniência com a J&F, de R$ 10,3 bilhões. Essas anulações foram efetivadas através de decisões monocráticas e, apesar do longo tempo, meses, o ministro ainda não encaminhou para o Pleno decidir sobre a matéria. A Associação Nacional dos Procuradores da República ingressou com Agravo Regimental contra a decisão do ministro Dias Toffoli sobre a anulação da pena da Odebrecht. Os procuradores alegam que a decisão de Toffoli aconteceu em petição do advogado de Lula, hoje no STF, Cristiano Zanin, que tratava de uma das ações da Lava Jato contra Lula e esta petição foi arquivada em fevereiro. Assim, o ministro não poderia anular as provas do acordo da Odebrecht, porque a ação foi encerrada em fevereiro, com a declaração da extinção do processo contra Lula.     


COMEÇA JULGAMENTO DE DANIEL ALVES

Daniel Alves e Joana Sanz
Daniel Alves, jogador brasileiro preso desde janeiro/2023, será julgado no curso desta semana, em Barcelona, com audiência a ser iniciada no dia de hoje, 4, e com previsão para encerramento na quarta-feira, 7. O jogador é acusado da prática de estupro com uma mulher de 24 anos, em uma boate, na noite de 30 de dezembro/2022. O jogador e a vítima deverão ser ouvidos hoje, seguindo-se o depoimento de 28 testemunhas. Na quarta-feira, serão apresentados relatórios e manifestação dos policiais e de peritos. O julgamento será público, ressalvado o depoimento da vítima. A sentença ficará a encargo de três juízes, que deverá ser publicada nos próximos cinco dias; não haverá júri popular, como ocorre em outros países. Em casos de estupro, a lei espanhola prevê pena de 12 anos, de conformidade com requerimento da acusação, enquanto a defesa, através da advogada Inés Guardiola, pede absolvição.

No caso, há atenuantes que diminuem a pena de Daniel Alves, se condenado. Uma das atenuantes situa-se na "reparação de dano causado", ocorrido pelo depósito do valor correspondente a R$ 800 mil, que deverá ser repassado para a vítima após o julgamento. Outra atenuante acontece se provado que Alves estava bêbado; a lei penal isenta de responsabilidade criminal "quem, no momento da prática do crime, encontra-se em estado de completa embriaguez devido ao consumo de bebidas alcoólicas, drogas tóxicas, estupefacientes, substâncias psicotrópicas ou outras que produzam efeitos semelhantes". A aceitação de uma atenuante implica na diminuição da pena para metade do que é previsto em lei, no caso 6 anos. A segunda esposa de Daniel Alves, Joana Sanz, 31 anos, não oficializou o pedido de divórcio

LULA, PRESIDENTE, E DIAS TOFFOLI, ARREPENDIDO

O ministro Dias Toffoli, do STF, depois do afastamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está movimentando para ganhar sua simpatia. Neste sentido, as últimas decisões políticas do ministro, anulando acordos de leniência da antiga Odebrecht e da J&F, suspendendo multas milionárias, tem todos os ingredientes para a reaproximação. O ministro Dias Toffoli defenestra todo o trabalho promovida pela Operação Lava Jato com condenações e prisões, de grande agrado a Lula, que também foi vítima da Operação Lava Jato. Figuras importantes do PT estão merecendo o certificado de honestas, apesar de condenações e acordos celebrados admitindo a prática desenfreada de corrupção. Este é o caso do ex-chefe da Casa Civil do governo, José Dirceu, condenado nas duas operações, Mensalão e Lava Jato, mas em vias de livrar de todas elas e até aventura-se a ensaiar candidatura a deputado federal em 2026. Toffoli, que tentou duas vezes ser juiz em São Paulo, mas em ambas foi reprovado, tornou-se ministro por decisão de Lula, que retirou seu auxiliar para colocá-lo numa cadeira de ministro do STF. 

Toffoli almeja um encontro pessoal com Lula, certamente, para dizer das definições que já tomou como arrependimento da manifestação que impediu o presidente de acompanhar o velório do irmão, Vavá, em janeiro/2019. O ministro já declarou arrependido daquela decisão e desculpa-se, alegando que foi induzido a erro. A determinação de abertura de inquérito contra o senador Sergio Moro é outro trunfo que Toffoli mostra a Lula, como passos para a reaproximação. Há precedentes para Toffoli ficar animado. Lula e Gilmar Mendes aproximaram-se depois que o ministro impediu a posse de Lula na Casa Civil, em 2016, no governo de Dilma Roussef. Lula não cessa de trabalhar para obter maioria na Corte; a nomeação de Cristiano Zanin, seu advogado nos processos da Lava Jato, e de Flávio Dino, seu ex-ministro da Justiça, constituem passos traçados para aproximação cada vez maior. Assim, Dias Toffoli e Lula estarão muito breve sentados na mesma mesa, pois o ministro permanecerá na cadeira até 2042 e Lula acredita que precisará dele em julgamentos.