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sábado, 16 de janeiro de 2021

COLUNA DA SEMANA

AMAZONAS: DESASTRE ANUNCIADO

As dificuldades enfrentadas pelo povo do Amazonas não constitui fato isolado, nem  inesperado, pois independentemente do aviso, recebido pelo ministro da Saúde sobre a falta de oxigênio em Manaus, antes de sua ocorrência, o problema não se originou aí. Ademais, como diz o ex-ministro Mandetta, "oxigênio não acaba da noite para o dia". Os descasos do presidente da República e de seu obediente ministro da Saúde começam a refletir mais duramente no povo brasileiro e transforma Manaus na capital mundial do coronavírus. Como considerar uma "gripezinha" semelhante a uma uma doença que já matou no Brasil mais de 200 mil pessoas? Como pregar a necessidade de documento para habilitar a pessoa para vacinar, exigência nunca reclamada com outras vacinas? Como comparecer em lugares públicos, restaurantes, praias, praças, sem máscara, quando os médicos recomendam seu uso? Como contrariar as orientações médicas e indicar para o povo remédios contra a covid-19, sem ter comprovação de efeitos positivos e sem nenhum conhecimento na área? Como envolver-se em disputa política e atrasar na compra de vacinas, sob fundamento de resistência político-ideológica para adquirir o produto chinês, procurando hoje retirar as aquisições feitas pelo governo de São Paulo? O mundo está vacinando e o Brasil ainda não sabe ao certo quando terá início sua vacinação. Acredita-se que, em São Paulo, a imunização seja iniciada até dia 20 próximo, mas ao nível de Brasil nada se sabe, mesmo porque não há vacinas, porquanto o governo ainda busca comprar na Índia, que já declarou não ter para vendê-las. 

A troca de ministros em plena pandemia é mais uma comprovação da irresponsabilidade e do menosprezo do governo de Jair Bolsonaro no combate ao vírus. Como trocar ministros em plena fase que recomenda cautela e continuidade do trabalho? Mas, como trocar ministros médicos e colocar um militar, que nada sabe da ciência médica, escolhido somente porque prestou juramento de obediência cega ao chefe? Como desautorizar seu ministro a comprar a vacina Coronavac e agora tentar apoderar de reservas promovidas pelo governo de São Paulo para vacinação? Como sair  de alíquota "0" para aumentar o imposto sobre a importação de cilindros de oxigênio, exatamente quando o Brasil precisa do insumo? 

Realmente, não se entende aonde quer chegar o governo de Jair Bolsonaro; insurge-se contra os mais simples princípios de ética e responsabilidade e envolve-se em confusões generalizadas com o Judiciário, com o Congresso e com a imprensa. Acusa a todos de querer impedir sua continuidade no governo em 2022, única meta de seu governo. Na verdade, o Brasil não tolera mais um presidente, exercido por um militar que foi punido pelo Corporação por indisciplina, de um deputado que permaneceu no Congresso por dezesseis anos e não se conhece um só projeto de sua autoria, de um político que mente e infringe os mais simples princípios da autoridade presidencial. A pregação de Bolsonaro é armar o brasileiro, é submeter as policiais estaduais ao comando do Planalto, é jogar o povo contra o STF e contra o Congresso Nacional. E uma coisa é absolutamente certa: assim não pode continuar, pois o povo brasileiro não suporta maior sofrimento e com um governo apático, que se satisfaz em distribuir beijos e abraços para seus admiradores.

Guarajuba/Camaçari, 15 de janeiro de 2021.

Antonio Pessoa Cardoso
  Pessoa Cardoso Advogados.  

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