CORREIO BRAZILIENSE - BRASÍLIA/DF
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sexta-feira, 16 de julho de 2021
MANCHETES DE ALGUNS JORNAIS DE HOJE, 16/07/2021
quinta-feira, 15 de julho de 2021
CORONAVÍRUS NO BRASIL, EM 15/07/2021
BOLSONARO É RACISTA
Defensores, procuradores e promotores remeteram ao Procurador-geral da República, Augusto Aras, representação, acusando o presidente da República de prática do crime de racismo, como narramos aqui, na Coluna da semana do dia 10/07. No encontro com seus apoiadores, o presidente dirigiu-se a um rapaz com cabelo black power e disse-lhe: "Como é que está a criação de barata aí? Olha o criador de barata aqui", após o que deu sorrisos. Ainda prosseguiu: "você não podetomar ivermectina, vai matar todos os seus piolhos".
Na representação, escrevem os signatários: "todo o contexto fático e jurídico acima está a evidenciar um temerário comportamento do Presidente da República de praticar, incitar e/ou induzir a discriminação racial, que tem nitidamente reverberado na propagação de ideais extremistas e supremacistas entre seus apoiadores, com impacto no desenvolvimento das relações sociais internas e externas, ao passo que como chefe de estado tem justamente o dever de comportamento contrário a tais práticas e manifestações".
TRUMP TRAMOU GOLPE, DIZ GENERAL
É a primeira vez que se registra fato semelhante, no qual o principal oficial militar, ao invés de aconselhar o presidente, preparou-se para enfrentá-lo, após a eleição que consagrou Joe Biden. O general conversou com amigos, parlamentares e colegas sobre o intento do e-presidente. Dizia Milley aos seus subordinados: "Eles podem tentar, mas não vão conseguir, p***. Você não consegue fazer isso sem os militares. Não consegue fazer sem a CIA e o FBI. Somos os caras com as armas". No livro consta que Trump estava incitando distúrbios, na expectativa de invocar a Lei de Insurreição, motivando a convocação das Forças Armadas para impor a paz. O sinal evidente da tentativa de Trump situa-se na demissão do secretário de Defesa, Mark Esper, em 9 de novembro, e a renúncia do secretário de Justiça, Bill Barr, no mês seguinte.
JÚRI DE FILHO DE FLORDELIS
O filho da deputada Flordelis, Flávio dos Santos Rodrigues, acusado de ter matado o padrastro Anderson Carmo, deverá responder ao crime de homicídio, no júri popular, de conformidade com decisão da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O pastor foi executado, quando chegava em sua casa, com mais de 30 tiros, em junho/2019. A arma do crime foi encontrada no quarto de Flávio. A juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, sentenciou e houve recurso, decidido pela 8ª Câmara, mantendo a decisão inicial. O júri já está marcado para novembro, quando será julgado Lucas Cézar dos Santos, outro filho adotivo, que participou do crime.
DEPUTADOS PROPÕEM EXTINÇÃO DO TSE
O deputado Marcel Van Hattem do Novo/SP e a deputada Rose de Freitas do MDB/ES propõem a extinção do Tribunal Superior Eleitoral; o deputado alegou que o TSE é "caríssimo", custando R$ 10 bilhões ao ano; completou dizendo que o TSE é "muitas vezes ineficiente". Van Hatten informou que em outros países há "órgãos civis e descentralizados" e funcionam bem.
CARTA DE PREPOSIÇÃO: REVELIA
O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região considerou revel Alsco Toalheiro Brasil Ltda, sob fundamento de não ter apresentada a carta de preposição no prazo legal, determinado pelo juízo de primeiro grau. Trata-se de Recurso de Revista no qual a empresa paranaense questiona revelia decretada pelo juízo de primeiro grau e mantida pelo TRT. A 2ª Turma do TST afastou a revelia e a pena de confissão ficta, sob fundamento de que não há imposição legal para exigir a carta de preposição como prova de outorga de poderes à preposta para atuar em seu nome, na Reclamação. A relatora, ministra Maria Helena Mallmann, afirmou que o documento apresentado fora do prazo concedido pelo juízo não acarreta a revelia e por isso foi determinado o retorno dos autos à vara do trabalho de origem para novo julgamento.
FESTIVAL DE BESTEIRAS QUE ASSOLAM O JUDICIÁRIO, FEBEAJU (LXII)
Somos testemunha visual desse grotesco cenário, porque, na condição de Corregedor, inserimos como meta a visitação em todas as 234 comarcas do interior da Bahia; constatamos, noticiamos e reivindicamos providências não só ao Tribunal da Bahia, mas também ao CNJ, pelo abandono no qual vivem os juizes e servidores dessas unidades judiciárias. Em várias oportunidades, no exercício do cargo de Corregedor das Comarcas do Interior, mostramos que os juizes, principalmente os servidores, trabalham em regime de semi-escravidão, seja porque lhes faltam ambiente digno de trabalho, seja porque cumprem horário extravagante na atividade, descuidando mesmo da saúde, da família e do lazer, ou ainda porque acumulam encargos de três, quatro juizes ou servidores. Os locais de trabalho, os fóruns, em muitas comarcas, deviam ser lacrados tais as condições de abandono; são locados em casas velhas, com o telhado sujeito a desabamento, instalações elétricas precárias, sem segurança, sem higiene, internet em péssimo funcionamento, livros e processos destruídos pelas goteiras, pelos cupins e pelas traças. E a situação de 2013 para cada não mudou, salvo em algumas poucas unidades, que receberam novos fóruns.
Na segunda instância, o desembargador, com dez (10) assessores, bons e espaçosos gabinetes, máquinas e pessoal qualificado, recebe a atribuição para julgar processos em bem menor quantidade, além de vantagens funcionais que não tem o magistrado de primeiro grau. O magistrado de segundo grau não exerce substituição, mas o juiz recebe o encargo de substitui-lo nas férias, licenças, aposentadoria; quando o juiz retorna à Vara encontra processos acumulados, porque seu substituto é também um juiz que já está assoberbado com os feitos na vara onde é titular. As audiências dos juizes nas varas e nas comarcas são diárias e muitas por dia, enquanto os desembargadores julgam coletivamente, em um turno, duas ou três sessões por semana.
Tudo que está dito acima mereceu protestos e ofícios para as autoridades competentes, em 2013, mas nada foi providenciado; assim, o Tribunal de Justiça da Bahia merece, por atividade e vontade próprias, figurar, no FEBEAJU.
Salvador, 14 de julho de 2021.
INSTITUTO CLASSIFICA BOLSONARO E GRUPO DE "SEMENTEIROS DO ÓDIO"
Mais juristas, entre os quais o ex-presidente do STF, Sepúlveda Pertence, manifestam apoio ao ministro Luís Roberto Barroso, atacado violentamente pelo presidente Jair Bolsonaro, com xingamentos nunca vistos, "idiota" e "imbecil". O Instituto Victor Nunes Leal divulgou manifesto, repudiando as baixas agressões ao presidente do TSE e contra a Corte eleitoral, questionando a lisura dos últimos pleitos. O Instituto classifica as agressões de Bolsonaro como "campanha infame"; adiante diz que Bolsonaro seria um porta-voz dos "sementeiros do ódio", fragilizando os "pilares republicanos".
Diz a Nota: "Estes pilares republicanos vêm sendo abusivamente colocados à prova por sementeiros do ódio, que têm como porta-voz o próprio Presidente da República, em ataques obstinados ao Tribunal Superior Eleitoral, côrte judiciária que jamais faltou à nação brasileira, investidas estas agravadas pela inserção de incriminações levianas ao seu Presidente".
SAIU EM "ESTADÃO"
Ninguém errou tanto
O desastroso enfrentamento da pandemia trouxe o derretimento político de Bolsonaro
A CPI da Pandemia deve estar enchendo os olhos dos modernos historiadores, segundo os quais depende sobretudo da ação humana a gravidade das consequências de qualquer desastre de causas naturais (terremoto, erupção vulcânica, pandemia). Catástrofes como a da covid-19 apenas acentuam o que já existia. No caso do governo brasileiro, tal como a CPI vem expondo, a pandemia agravou uma extraordinária inépcia governamental.
“Extraordinária” pois outros governos em outros países também erraram, mas só o brasileiro conseguiu falhar nas cinco categorias de más práticas políticas enumeradas por Niall Ferguson em Doom (Ruína), que acaba de publicar sobre a maneira equivocada como sociedades e países enfrentaram catástrofes, especialmente a atual pandemia. As cinco categorias são: a) incapacidade de aprender da História; b) falta de imaginação; c) tendência de se orientar pela crise mais recente; d) subestimação da ameaça; e) procrastinação à espera de uma “certeza” que nunca se materializa.
Nesse contexto, prevaricação nem é o maior dos crimes, se a palavra “crime” for entendida no significado mais amplo, do mal causado a um país, seus habitantes e seu futuro. Não é consolo algum para quem perdeu entes queridos na tragédia da pandemia no Brasil, mas essa psicologia da incompetência ao lidar com um desastre cobra um preço fatal também do político que dela padece. Outro errático no enfrentamento da doença, Donald Trump tinha economia forte, emprego alto e adversários confusos, e perdeu a eleição.
O vírus derrotou Jair Bolsonaro politicamente. É impossível entender seu assombroso (dado o tamanho da onda disruptiva que o elegeu em 2018) derretimento sem levar em conta o profundo impacto psicológico do fracasso no combate à pandemia. O presidente não tem capacidade intelectual nem o instinto político para entender exatamente o que está acontecendo, o que o impede também de enxergar como suas reações desequilibradas (política e psicologicamente) pioram em vez de atenuar um quadro político-eleitoral que lhe é hoje francamente desfavorável e, com alta probabilidade, também irreversível.
Forma-se em elites dirigentes empresariais envolvidas no jogo político uma curiosa noção segundo a qual Bolsonaro é o único fator que explica o sucesso de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Portanto, para evitar uma vitória de Lula, o caminho evidente seria tirar Bolsonaro do páreo eleitoral, eventualmente através de impeachment. Por enquanto esse caminho parece distante por uma série de motivos, entre os quais predomina a ausência de uma “massa crítica política” no Legislativo.
Mas esses dois fatos – o derretimento político-eleitoral de Bolsonaro e a imprevisibilidade associada a seu desequilíbrio – estão forçando os vários atores políticos a calcular talvez antes do que julgassem necessário o pós-Bolsonaro, seja por um impeachment, seja por uma derrota eleitoral que se antevê acachapante. No atual contexto (admita-se, bastante volátil) parece que só Bolsonaro leva ele mesmo à guilhotina, especialmente se partir para um tudo ou nada golpista.
A antecipação da candidatura de Rodrigo Pacheco é um sintoma dessa mudança de calendário de tomada de decisões. Os operadores políticos cheiraram uma atmosfera que parecia pouco provável dois meses atrás, quando muitos trabalhavam com uma espécie de inevitabilidade do confronto Lula-Bolsonaro – inclusive os próceres do Centrão, para os quais a diminuição de chances eleitorais de Bolsonaro amplia sua força de chantagem, mas é perigosa nas eleições que também terão de enfrentar.
Provavelmente também Lula terá de alterar seus cálculos políticos, até aqui bastante simples: como formar uma aliança de “centro” para derrotar o presidente, algo que surgia tão “natural” quanto “inevitável”. Não existe nem um nem outro em História, ensina Niall Ferguson.
JORNALISTA E APRESENTADOR DO JORNAL DA CNN